Agora, José? A festa iniciou, a luz acendeu, a noite
esquentou, o povo reuniu!...
Mas agora, José? Você que tem nome, assina coluna, que teve
tempo de sobra para protestar e nada fez. Se você gritasse; se você gemesse; se
você tocasse quando dava tempo, vá lá. Mas agora, José? Agora já era.
Gritar contra a Copa do Mundo agora é tarde. O dinheiro já foi
gasto, e o que não foi, está comprometido.
Não tem control Z. A grana dos estádios não reverterá para hospitais ou
escolas. Já não está mais nas mãos do governo. E o que fazer com o que já foi
gasto? E os contratos?
Leio e ouço a posição de setores da imprensa contra o
evento. Justo é. Apenas tardio. E por que não dizer, oportunista. Reverberam a
gritaria da massa, com o mesmo objetivo dos partidos políticos que
desfraldam suas bandeiras nas manifestações
de rua. E não leio nem ouço dessas partes, alternativas do que fazer para
ressarcir o dinheiro investido.
A hora de gritar contra era lá, em 2007, quando o Brasil
lutou pelo direito de sediar a Copa de 2014. A gritaria que me lembro da época
era de festa; de vivas ao Brasil e ao magnânimo e arrojado presidente de então
pela conquista histórica (... quase nunca na história deste país...”). Ou que os
contrários continuassem esperneando quando das licitações; ou ainda no início
das obras. Saíssem às ruas, pintassem a cara, levassem bandeiras, invadissem o
Planalto.
Mas agora, José? Sem cavalo preto que fuja a galope, você
marcha, José!
José, para onde?
(Perdão, Carlos Drummond de
Andrade!)