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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

LUTAR, AINDA QUE SEJA COM O TOCO DA ADAGA



Há uma brisa de esperança soprando pelos lados do Humaitá. Um clima de anos 90, lá, bem no início, quando o gringo birrento e antissocial reassumia uma nau à deriva.  Foi um duro recomeço, coalhado de desconfianças e pedidos de “fora” ou “burro”.

A nau, como é cíclico no mar de angústias que cerca o futebol, voltou à deriva. Mas também em busca de uma tábua andava o velho comandante, arrasado por uma batalha que dizimou tropa e moral a golpes mortais.

Ao se reencontrarem devem ter entendido ser um a salvação do outro, e se entregaram em busca de águas mais calmas.

Mas o perfil de ambos não conhece águas calmas. Não são nadadores de piscina. Precisam da energia das tempestades para dar fôlego à vida.

Luiz Felipe, o Felipão, e o Grêmio são um do outro. Realimentam-se nos fracassos. Tropeçam e caem no decorrer de suas jornadas; lutam até o último segundo para encontrar o mínimo, que às vezes foge, mas que daqui a pouco vem com sobras.

Não sei até onde poderá ir este atual time do Grêmio. Há muitas carências. Percebo, porém, que na mudança de casa, algo que havia sido esquecido no Olímpico, finalmente chegou à Arena: a garra gremista, que no longo de sua história quase sempre esteve acima dos aspectos técnicos.  E nisso se nota o indefectível estilo Felipão. Do velho e quixotesco Felipão e seu indefectível Murtosa, que faltou à seleção brasileira.

O trabalho é novo, não há muito ainda a ser cobrado, mas a renovação, ao estilo do que havia sido feito nos anos 90, tem sido importante para isso.


Aguardemos, esperando que a torcida gremista tome tento; que se comporte em campo porque o prejuízo deste ano já foi grande. E quem quiser cobrar resultados agora, que assista outro esporte.  Futebol precisa de tempo, mesmo que não haja.         

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Versos satânicos 102 - VERDE QUE TEMIA VER-TE



VERDE QUE TEMIA VER-TE

Se eu fosse deputado
Estaria preocupado com os ares do quartel.
Os milicos da antiga andam com cara de briga,
E o povo até que se liga, quando enxerga um coronel.

Se eu fosse deputado,
Que o AI-5 tivesse cassado,
E se me tivessem encarcerado,
Colocaria as barbas de molho.

Me lembraria do exílio, longe da mulher e do filho,
Sem poder sair dos trilhos, tendo na nuca um ferrolho.  
Quem viveu a ditadura,
Sabe que não é frescura andar sob a linha dura,
Dormindo com um só olho.

Se eu fosse deputado
Estaria muito bem alinhado no direito e na justiça,
Pois o Partido Verde de agora, não é igual ao de outrora,
Que há muito foi embora, deixando cheiro de carniça.

Aquele era o verde-oliva-cassetete,
Que tinha como premissa
Choque em testículos, torniquete,
E colocava alfinete no furinho da linguiça.

Se eu fosse deputado,
Que da liberdade tivesse abusado,
Ou que tivesse feito vista grossa,
Com quem nos colocou na fossa,

De pronto apelaria ao Exu,
Porque se sair o Urutu,
Vai esquentar pra chuchu.
Que até o belzebu se cagará de medo.

E desde agora me antecedo:
Milico não é brinquedo,
Onde quer que enfie o dedo,
Não escapa nem tatu

O soldado não tem nada a ver com política.
É duro e treinado pra guerra,
Portanto, aqui deixo uma dica:
Bom cabrito não berra!

Sem general não se faz revolução.
Hoje, já andam pedindo continência;
E cuidado: pois por mera coincidência;
Tem um da família Mourão. 

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O QUE ME NUTRE, ME DESTROI



Sou contra as torcidas organizadas. São verdadeiras milícias urbanas subsidiadas pelos clubes. Têm pouco de torcida e nada, absolutamente nada de organização. São fachadas sociais que abrigam o pior da marginalidade sob o guarda-chuva covarde e interesseiro de dirigentes, que se tornam tão criminosos quanto, pois além da cobertura oferecem subsídios à baderna. Criminosos por responsabilidade.

Oponho-me a elas, mas desgraçadamente, a instituição da democracia nos clubes dá às “organizadas” poder de voto e a sacanagem assim se retroalimenta.

O Grêmio vai pagar caro, e defendo que pague, pela grosseria da sua torcida. E uma pena digna seria jogar o restante do campeonato com estádio vazio. Pode ser que aprendam. Não acho que uma pena técnica (eliminação ou perda de pontos) seja justa. Digo isso mais por coerência que por saber jurídico, pois também achei absurda a decisão do STJD de 2005.  

As evacuações verbais de ontem (31/08) na Arena do Grêmio, não tinham, entretanto, um alvo no campo. Foram manifestações políticas de sócios e conselheiros, adversários da atual direção, que torcem não pelo time, mas pelo quanto pior melhor nesta gestão, que lhes tirou alguns privilégios. Mas isso não será compreendido, e é entendível que não seja por quem não conhece a intimidade tricolor. O que ocorreu ontem haverá de ser somatizado aos lamentáveis acontecimentos do jogo contra o Santos.

E quanto aos profissionais de imprensa engajados. Estes, indiferentes aos canhões de mídia que têm a disposição; que são ouvidos, aceitos e seguidos pelos seus leitores e ouvintes, vivem de criar animosidades, comprimir mandíbulas e fomentar violência entre adversários. Que me poupem de seus arroubos histriônicos.

Como nas revoluções ou guerras, só as inocentes massas de manobras sangram o chão.