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terça-feira, 29 de outubro de 2013

OJO POR OJO (TALIÃO)



Um dia alguns trabalhadores rurais resolveram tolher nosso direito de ir e vir. E aceitamos. Outro dia resolveram invadir órgãos públicos, contando com a assessoria de cidadãos urbanos, ideologicamente identificados. E aceitamos. Depois houveram por bem ocupar propriedades privadas, seguindo seu próprio julgamento de direitos. E então passaram a exercer todas as formas de vilipêndio ao patrimônio alheio. De que adiantaria não aceitarmos?

Para que um dia nossas ruas fossem tomadas pela anarquia era uma questão de tempo. Do estopim legítimo à barbárie atual foi "num tapa”. E se não desentortaram o pau quando pequeno, agora só quebrando. Mas quem irá quebrá-lo? Não estes governos covardes que temem as próximas eleições. Que não usaram ações preventivas por medo que fossem vistas como politicamente incorretas, e agora se borram por la pierna na hora das ações corretivas por que, inevitavelmente serão vistas como impopulares. Afinal, daqui a pouco haverá novas eleições e todos os nichos de voto são importantes.

Há muito o anarquismo nos “mete a língua”, e nós fazemos de conta que não vemos. É que um dia fomos jovens; como jovens revolucionários e revolucionário é de esquerda, e esta sempre flertou com a anarquia. Por algum motivo vil não queremos desmerecer nosso passado. Mas até quando vamos pagar pelo pecado juvenil de termos sonhado com liberdade? Passou a hora de acordar.
   
Há muito estamos perdendo para o crime organizado. Passamos agora a perder também para o crime desorganizado. São criminosos que reúnem de ocasião, infiltrados em proposituras legítimas, mas que se tornam coniventes por se permitirem usar como escudo. Ao darem guarida aos infiltrados, muito mais do que se tornarem cúmplices, prejudicam a eficácia das policias e se expõe ao risco. E quando eventualmente feridas, jogam a sociedade contra o Estado, reclamando do uso excessivo de força, na velha ladainha anti-repressiva.

Chega! Que caiam as máscaras! Todas as máscaras, inclusive a nossa que usamos por medo de ouvir alguém nos chamando de filhotes da ditadura, reacionário ou direitista. Que se exploda o anarquismo fomentado por uma ex-esquerda, hoje em adiantado estado de putrefação. Que se desnudem também os black blocks oficiais que acobertam por deliberação ou medo os vandalismos. Estou convicto de que o sonho da sociedade é ver a força policial ganhando a batalha das ruas, trancafiando baderneiros, tratando bandidos como bandidos devem ser tratados. Por fim, é minha convicção de quem joga coquetel Molotov deve receber algo mais do que simples balas de borracha.

O desequilíbrio da teoria física deve estar a favor da sociedade e não de quem quer destruir patrimônios e direitos conquistados.   

      

sábado, 26 de outubro de 2013

A DIVA



Recebi um mail de uma pessoa desconhecida. No mínimo singular e estranha a vida, em um dia destes sem muito trabalho, cansado do borbulhar de sons do escritório, resolvi escutar o que me parece a voz mais próxima do divino em um ser humano. Sim, Nana Mouskouri. Me perguntei, será que já veio ao Brasil? Digito a pergunta no Google ele me responde com uma narração sua, sobre esta voz celestial... Continuo lendo, gargalho quando leio padaria Modelo, Libres, Calle Colón. Sim, também moro em Uruguaiana. Bem, é o seguinte Sr Jair Portela, pela ordem não tão natural da vida, pois é nas situações menos esperadas que as vezes a vida nos presenteia com o que há de melhor. Sim, Nana Mouskouri irá se apresentar em Porto Alegre no teatro do SESI no próximo dia 17 de Novembro às 20 h. Ingressos pelo site... Abraços....Gelson Rodrigues

As sensações que experimento quando ocorre algo semelhante são formidáveis. E uso este termo por sua abrangência bipolar, uma vez que me maravilho e me estarreço. E me estarreço por ontem. Como conseguimos nós, jovens dos anos sessenta sobreviver sem a internet? Como desenvolvemos nosso conhecimento; testamos nossas habilidades? Onde buscamos respostas? A solução desta equação, acho, está na velocidade das exigências. O mundo de antes era um gigantesco barco a vela, que se movimentava ao sabor do vento, logo nossas respostas não necessitariam ser imediatas, o que nos dava tempo para armazenarmos conhecimento, buscados a conta-gotas. Hoje, entretanto, devemos estar treinados para darmos cavalo-de-pau em submarino. E os recursos estão bem aqui, disponíveis. Se não usarmos, nem emergimos.

Fiquei muito feliz com a mensagem e os motivos são vários. Alguém que não conheço, que mora a quase mil quilômetros de onde eu moro, que tem uma paixão igual a minha, que já é singular, aleatoriamente busca informações na rede, que corresponde a uma volta ao mundo, sobre este objeto de paixão. Encontra mais do que ousara querer, e também um parceiro de mesmo sonho e desalento, uma vez que a esta altura da vida, ver Nana Moskouri cantando ao vivo, só por milagre. E eis o milagre descrito em sua mensagem: ela estará entre nós. Bem ali, à nossa frente, incomparável como sempre e palpável como nunca.

Por fim, este novo amigo, de paixão igual a minha vive na cidade onde nasci e me criei, berço dos meus afetos mais inocentes e permanentes: Uruguaiana.


Não há o que não haja! Pena para a Nana, Gelson, que não saberá de nós. 

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O INFERNO SÃO OS OUTROS



Nossa estrada eletrônica tem muitas bifurcações. O computador tem sido o nosso amigo mais permanente, porque está sempre a disposição e serve de interface para amplos e múltiplos bate-papos. Para alguns, um e outro desabafo, e para outros o prazer meio mórbido de dizer a anônimos o que só deveria interessar a si mesmos.

Entretanto, e percebemos pouco isto, trazemos para cá o que somos  na forma mais pura e primitiva, afinal, estamos sozinhos. No meio de uma multidão de pessoas que nos olha pelo que escrevemos, mas sozinhos. Ninguém haverá de se interpor no nosso ritual onanista. Somos o que escrevemos, mas nos vêem da forma que a nossa falta de cuidado de dizer, ou de direcionamento, faz com que sejamos percebidos. E, claro, incrementado pelos humores aleatórios de quem nos lê.

Tenho visto amigos deixarem de sê-lo por terem ideologias políticas diferentes, ou por torcerem por times rivais. Desconsideram a lei da física, onde cada ação pede uma reação contrária, num espaço onde ela é mais cruel: onde ninguém quer  que a sua reação seja apenas igual. Cada um reage de acordo com o tamanho do seu verbo, argumento, criatividade, revolta, deboche, educação ou falta dela.  

E por vezes as amizades estão sendo relegadas a um plano inferior quando se trata de medir a consistência de verdades. Haja elas ou não.  Não importa a educação recebida ou o nivelamento social, o que vale é a “bateção de boca virtual”, desconsiderando o desconforto que causam aos circundantes.

A linha de tempo é democrática. Ampla, geral e irrestrita entre os amigos, entretanto os mais incomodados, via de regra, são os despercebidos que se atingem por contaminações virtuais cruzadas. São catalisadores de indiretas. “A gente xinga uma quenga e o Bataclã inteiro se ofende!”  E quando se trata de emitir juizo de valor, somos imbatíveis, vestais virtuais que somos. E chatos, muito chatos. Nem precisamos mais mandar nossos pares estudarem história ou literatura para equipararem-se a nós. Basta-nos dar a entender o quanto conhecemos do tema em pauta, e eles que se mordam. 

A hora é de reflexão para quem quer refletir, e isto há de exigir recolhimento e esforço concentrado. Como ainda não há um aplicativo chamado “terapia”, ou #Dr. Freud” ou  “#Dr.Jung”, estamos nas mãos do software que desenvolvemos, com muito trabalho ao longo dos anos, que é personalizado e cuja fonte está conosco. Um software muito exposto a vírus, mas indispensável nas relações sociais: o bom senso. Sem ele os sistemas podem não ficar amigáveis.  

Ou será apenas um caso de antropologia social, sobre a qual, por ser muito jovem, os grandes mestres formadores e inspiradores de teses ainda não puderam se debruçar?  

Por fim, temos de decidir o que queremos do Face book: lazer ou ferramenta, lembrando que se o objetivo for ambos, há que termos cuidado redobrado e mantermos sempre a última versão do software acima. Este software traz um aplicativo básico que recomenda que para conteúdos fortes a forma seja suave, já que o oposto é trágico. No entanto, penso que tarda o auto dedo na moleira: não somos a baliza; o modelo assertivo ou Delfos. Nossos amigos não precisam espelhar-se em nós para serem aceitos

Ando meio desencantado com esta rede enfeitiçada, que pra mim que vivo longe de afetos ancestrais é uma catarse. Ando em dúvidas sobre o que quero dela, mas já decidi o que não leio nela.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O DIA DA BESTA


Texto de 09/10/2013 - com capa editada e atualizada no dia 07/11/2014

Como se dizia antigamente, “sob os auspícios” do governo, conivente e frouxo.

O MST é uma quadrilha organizada. Invade, quebra, queima; os invasores dão-se ao luxo de filmar e comemorar seus feitos a revelia do direito e da ordem, remasterizando ações dos exércitos bárbaros. E dos campos chegaram às cidades.

Voltamos aos tempos dos hunos, onde se toma tudo na mão grande e nada acontece aos responsáveis. Nada pode acontecer, porque onde mora o direito de legislar, mora também o constrangimento por seus próprios delitos. A casa da lei está suja. 

Dia desses recolhi uma frase tão antiga que me assombra por moderna, dita por alguém que entendia muito de tragédia e comédia, Dante: "Lasciate ogna speranza voi che entrate!"  Traduzindo: “Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno. Ainda não me sinto lá, mas as altas temperaturas das ruas têm me feito desconfiar que não é tão somente o desequilíbrio ambiental que produz o calor, e que ele não é espontâneo.

O embrutecimento do homem não deveria fazer parte do ciclo de vida. Por um dia termos acreditado que o Criador nos fez a sua imagem e semelhança, também seria crível que apenas evoluíssemos espiritualmente, e tanto quanto nos permitisse o talento, também materialmente. E aqui me refiro a nações que permitem aos indivíduos progredirem e desfrutarem de seus próprios talentos. Mas há lugares onde o estado confisca também isso e ainda hoje são exaltados. Pelos de longe, claro.

O que vimos recentemente, entretanto, e o que se arma sem o menor pudor, é o retorno ao nosso estágio empírico. Seja pela brutalidade com que estamos matando nossos semelhantes, banalizando a vida e a morte, como pelo total desinteresse aos direitos mínimos de propriedade, e bens sociais. Morremos um pouco enquanto sociedade, sendo assistidos medrosamente pelos poderes constituídos. Nem primatas erectus podemos nos considerar,
    
O povo reaprendeu o caminho das ruas, e retomou sua capacidade de indignação. Este é um direito inalienável. Dizem. Ponto. O que não compreendo é porque se deixam invadir por entidades do mal, bandidos mascarados, que agem pelo mote único da destruição. Estes não consideram sequer a matemática social, cuja equação nos diz que um palácio se reconstrói mais rapidamente que um casebre. Eles colocam tudo na mesma linha de tiro, da foice e do coquetel.

Coibir esta baderna é papel do governo. Existe a Lei de Segurança Nacional para conter essas guerrilhas urbanas. O Estado, porém está quase acéfalo e unicamente preocupado com seus índices de aceitação, e com o que fará nos próximos quatro anos em função disso. Tristemente amparado por inocentes úteis.

Tanto farão; tanto deixarão fazer; tanto haverão de destruir e queimar, que a população silenciosa vai acabar rezando pelo retorno dos cavalos e dos urutus. Depois ouviremos queixas, pedidos de indenização e mais briga pela vontade de ser livre. Ser livre ou vandalizar com a liberdade.


Te cuida, te cuida, te cuida, imperialista! A América Latina vai ser toda socialista