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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

A LIÇÃO DA ACEROLA



Havia um pé de limão alquebrado no nosso quintal. Por vezes produzia, por vezes não. Estava lá, porque estava. Junto dele vivia um pé de acerola, cuja produção eu jamais tinha visto. Tinha uma copa bonita e bem fechada, mas não frutificava. O pé de limão acabou pegando uma peste. Foi definhando, definhando e morreu. Deu pena cortá-lo, mas quando decidimos pelo sacrifício, seu aspecto era lastimável, digno das piores caatingas.

Tempos depois, a outra arvorezinha ficou coberta de vermelho. Vergada pelo peso das frutas, e o chão já pintado das maduras que despencavam. A acerola resolvera dar as caras e mostrar ao mundo a que veio. E frutificou uma vez, duas e vai à terceira produção por temporada. Há anos é assim. 

Pois então. Ambos, acerola e limão são frutas fantásticas. São remédios naturais e dispostas para múltiplos usos. Mas no caso desse casal, limão e acerola, especificamente, parece que houve incompatibilidade de gênios. O limão até produzia, mas não era lá essas coisas, até adoecer e morrer; a acerola jamais produzia, meio que contrariada, talvez sufocada por  vizinhança tão azeda. Ela, acerola, que também não é santa neste quesito. Quem sabe tenha sido isso: o azedume mútuo talvez tenha estragado a convivência.

Pois foi um dos cônjuges morrer para a outra mostrar todo seu viço e potencial. Agora vamos traduzir e eu não falo mais nada, porque afinal, os exemplos andam por ai às mancheias.

Mas é bom pensar a respeito. Vá que não necessite de óbito.