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quarta-feira, 31 de julho de 2013

URUSSAURUS BASKETÓPHILUS

Ao patrono Matheus Saldanha Filho

Explicar o sentimento de amor a terra para um gaúcho é desnecessário. Para alguns outros é impossível. Falar; somente falar, sobre o que ficou num lugar e num tempo para quem esteve lá, no tempo e no lugar é levá-lo de volta, ainda que por instantes.  Se este lugar for Uruguaiana e o tempo, o nosso tempo, a época de cada um, afirmo que uma parte nós permaneceu por lá.

Um pouco sempre fica no partidor. Um pouco de nós ainda assombra a velha casa onde nasceu, arrastando correntes douradas inocentes, do bem, pelo assoalho velho, e traz de lá seus cheiros. Que importância tem se no lugar da casa haja hoje um prédio enorme e moderno? A terra é revirada para que se revigore e cumpra sua missão de transformar, mesmo assim não sai do lugar. Essa parte importante de nós não está nem ai com que o que fizeram sobre as nossas primeiras pegadas. Nada vai tirá-las de lá, por que elas estão tatuadas no universo em seu conjunto, e nas profundezas da memória afetiva.

Uruguaiana é o epicentro de uma geração de apaixonados por uma juventude, que se nega a assumir os efeitos dos seus brancos, caso haja ao menos brancos; suas rugas e modificações de estrutura físicas. Nega sem negar-se.  Voltar a Uruguaiana é ser, por um lapso roubado de tempo, um pouco do que fomos. É como se saíssemos dos álbuns para as calçadas, a fim de corrigirmos as fotos, ai sim com certo lamento, pela brutalidade cronológica do foto shop natural. Afinal, não há paradoxo temporal sem dor.

A nossa "terra santa" é também célula de um grupo de amigos que adotou o basquetebol como início, meio e fim. Por que um dia alguém iniciou lançando a primeira bola; por que depois outro alguém entendeu que este seria um meio de retornar, e por fim, por que neste caso todos os meios o justificam. E o fim será sempre no início para que o ciclo jamais morra. Como o astro rei, que acaba dormindo todas as noites por lá. Não há pretensão nenhuma, portanto, dizer-nos filhos do sol.

Não tentem explicar para quem não nasceu em Uruguaiana em meados do século passado o que significa retornar à base. Para uns é desnecessário, para outros será incompreensível.

Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos... Ou nas quadras...

terça-feira, 30 de julho de 2013

COZINHANDO COM FRANCISCO


Não sou Flamengo, nem tenho uma nega chamada Tereza, mas moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza. (Mas que beleza!).

Chico deve também ter-se agradado de tudo o que viu, e penso eu, as cerimônias ficaram muito bem postas com a moldura da praia de Copacabana.  E assim, o evento que vimos à distância representou adequadamente o maior país católico do mundo, e fez jus ao ilustre visitante. Acho.

De resto, é fácil se apaixonar pelo Brasil e com o Chico não deve ter sido diferente. Somos uma nação multicolorida, clima tropical, gente bonita miscigenada para todos os gostos, sejam mulatófílos ou germanófilos; cristãos e anti, entre outras tantas virtudes default, que inspiraram alguém um dia de nos chamar de florão da América.

O papa encantou a todos.  Tem a cara boa daquilo que nunca poderá ser: avô. Parece ter a firmeza para educar de quem recebeu de Deus uma tarefa divina, de cuja declinou pois abraçou uma causa, para mim anacrônica, que lhe impede: ser pai. Tem a visão social de um líder, mas está restrito as suas jurisdições eclesiásticas, por que em algum momento da nossa história mundial, uns foram para cá, outros para lá. E assim, contrariados e perseguidos resolveram trancar o pé até que a morte os separe. E alguns vão continuar se matando, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 

Espera-se de um líder que ele seja maior que o espaço físico que ocupa. Não me atreveria a medir, por estranho ao ninho, a dimensão do Chico em relação a sua igreja atual. Mas ouso comparar, pelas referências, em relação ao papado. Ele dá mostras de que sobra na função. É um atento cidadão do mundo com olhar periférico e crítico, e de alma social inconformada.   

Além do que veio fazer e que deve ter feito com eficácia, deixou entre nós, inclusive no terreno árido onde a fé agoniza, minifúndio em que me incluo, um rastro de luz, sabedoria, conscientização e humanismo. E fora água a mais no feijão, sal e óleo onde falta, deixou também uma receita para ser feliz. Ingredientes há em abundância, o problema será harmonizá-los, com a enxurrada de diferenças que brotam do nada, por nada, e apenas por que sim. Mas nisto não estamos sós. 

     




segunda-feira, 22 de julho de 2013

ESQUELETOS NO ARMÁRIO



Talvez ainda não tenha se transformado em filme a história do prefeito Celso Daniel, por questões que ficam entre o medo e a cautela, com notas de cumplicidade do meio.
Oliver Stone ou Martin Scorcese não teriam deixado por menos. E talvez, com eles já estivéssemos na sequência, e nela incluída as outras oito mortes que compõe a cena trágica de Santo André. Ou teria virado série. Um House of Cards, versão cabocla do ABC.
Mas caso a ideia surgisse na cabeça de alguns cineastas conhecidos no nosso meio, com apoio da lei Rouanet, teríamos uma obra de ficção, cujo roteiro até já está pronto, basta pegar o inquérito. Na trama, Celso Daniel seria o suspeito número um pelo assassinato dos que morreram depois dele, e ele mesmo teria cometido suicídio com onze tiros, alguns na nuca. Não sem antes ter recorrido ao ritual fundamentalista da autoflagelação. Teria se espancado e retalhado à exaustão.
Dizem que praga de ex-mulher é fogo. Não sei disso, embora seja versado no assunto. E só não sei porque não acredito em praga. Mas se houve, não só foi fogo, como foi bordoada a talhos.
Daniel já estava separado da Mirian Belchior, quando do ato referido. Mas sabe como é, anos e anos juntos e coisa e tal, algum sentimento haveria de ter sobrado. Nada. Mirian consolou-se rapidamente, indo curtir sua pseudo-viuvez, sentada na pasta da Casa Civil, depois no Ministério Planejamento, entre outros mimos de grande projeção e bem  remunerados, com as condolências de seus chefes de partido. Mirian faz o perfil nada-sabe/ nada-viu, capítulo um, versículo único da bíblia petista.
Se foi ou não um cala-te boca e para-te-quieto, penso que nunca saberemos, afinal a “pensão” recebida pela “viúva” não é de se jogar fora e vale como uma delação premiada. Diferentemente de Roseana Moraes Garcia, que estava casada com Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT quando este foi fuzilado, um ano antes do Celso e que nunca descansou em busca da justiça.  Mirian continua “nem aí” para as investigações.
Na sombra desse imbróglio todo está… O “Sombra”, Sergio Gomes da Silva.  Para os mais antigos, “O sombra” era uma figura de ficção, criado por  Walter Brown Gibson, na década de 30 e que sobreviveu por décadas após. Foi programa radiofônico, passou para os quadrinhos, filmes séries e o escambau. Seu personagem mascarado era um justiceiro milionário, e por isso mesmo pode ter sido o  inspirador do Batman.  No programa radiofônico, em resposta à terrível questão “Quem sabe o mal que se esconde nos corações humanos?” vinha a resposta: “O Sombra sabe… Pois ele tem o mal em seu próprio coração!” (Wikipedia)
Pois o nosso Sombra é bem conhecido, estando inclusive, preso por corrupção. Esse parece que sabe o mal que se esconde nos corações humanos, e sabe, por que, pelo que se viu na reconstituição do crime, ele também parece ter o mal no coração. Afinal, ele é o Sombra, e não deve ter ganhado esse apelido por viver às claras.
Apareceram fatos novos e relevantes, que fizeram o ministro Luiz Fux dar curso às investigações. Os fatos hão de vir em “efeito cachoeira”, falo do Carlinhos. Segundo consta, Carlinhos Cachoeira teria repassado uns pilas a um cumpincha do Zé Dirceu e desse, possivelmente para fulano, beltrano e sicrano, CQD (como queremos demonstrar), como é a praxe.
Fux deu a chave do armário ao MP de São Paulo, que a repassou ao Grupo de Atuação Especial Regional para Repressão ao Crime Organizado (Gaerco/ABC). Com isso, os ossos começam a se juntar e a fazer barulho; correntes arrastam-se nas madrugadas petistas; os dedos poderão ficar trêmulos e nervosos; os gatilhos mais sensíveis. O verbo periga ficar incontrolável e, nesse caso, é bem capaz de haver mais suicídios. Desses, induzidos.