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domingo, 19 de agosto de 2012

SASHENKA




Acabei de ler Sashenka, de Simon Montefiore, um romance de fôlego, inspirado na história soviética. Conta a vida de uma jovem idealista de origem judia que aos 16 anos, nos dias turbulentos do início do século passado, rompe com sua família, rica e de grande influência no czarado, comensais da Casa Romanov, e se lança na grande utopia revolucionári
a bolchevique. A revolução social mais importante da História da humanidade.

Quando menina, Sashenka viveu a fartura e o glamour imperial dos Romanov; depois conspirou para sua derrocada, ajudando erguer a fantástica dinastia proletária. Mesmo convicta e juramentada na causa, morreu sob o terror de Stalin, o monstro social que ajudara a criar. Uma história comovente que conta a luta pela fé no ideal socialista, a supressão da identidade pela causa; o obscurantismo do pensamento padrão, o culto a personalidade totalitária e o massacre das contrariedades, por ínfimas que pudessem ter sido.

Os vários personagens reais são retratados com a fidelidade de quem viu a luz, e seus comportamentos, o que os arquivos secretos que Kremlin nos permitiram. Mas penso, como muitos, que o pior virou cinzas nevadas, indo morar no substrato junto dos milhares que ousaram desviar-se da linha mestra moral e política estabelecida pela burocracia do Politiburo. Regras duras e casos omissos decididos pela Punição Maior dos inimigos do povo, sem contemplação, dor ou remorsos.

Sashenka é um personagem fictício, segundo o próprio autor, mas sua história bem pode ter sido a de milhares de pessoas, atores da revolução de 1917, que tornou a União soviética centro do que ficou conhecido na Guerra Fria como Cortina de Ferro. Uma história que também pode ter sido nossa; Que também pode estar sendo a nossa, pois não aprendemos nada com o passado político. Pior: uma parte de nós continua venerando ditaduras tenham elas a cor que tiverem. Vermelha ou verde, tanto faz.

Enfim, é uma leitura intensa, dramática desenvolvida com maestria, pois prender o leitor numa trajetória de 90 anos contados em mais de 400 páginas é dom dos ungidos.