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sábado, 31 de agosto de 2013

EU...CARISTIA





Eu devo ter concluído meu processo de nascimento depois de adulto. Não faz muito. E logo que terminei de nascer fiz o pacto de vida que consagra as relações de amor.  Prometi me amar e respeitar na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, até que a morte me divida nas duas partes conhecidas, e me dê o destino final: uma ao pó, de onde dizem que eu vim, e outra ao éter, para onde dizem que eu vou. Não, nunca fui dependente químico, é apenas um formato de olhar as Escrituras.  

Então, amado e respeitado por mim mesmo entendi que não haveria de ter problemas de auto-estima. Mas sabe, nesta pista de combate em que nos inseriram sem pedirem nossa opinião não há moleza.  As vezes vacilamos e as vezes duvidamos daquilo que nos ensinaram a acreditar, até chegarmos a pergunta fatal, estimulada pelo Thomé nosso de cada dia, que está sempre ali, arretando nossos vacilos nos momentos de suspicácia: “mas se o Homem deixou que fizessem aquela  barbaridade com o ungido, o que não deixará que façam comigo?”. Bueno, bueno. Já duvidei no mínimo três vezes e o galo nem precisou se manifestar. Continuo cabo eleitoral do Mano, embora fé seja um dom, e eu não fui agraciado com ela. (do livro Anjos e demônios).

Gente como eu não nasce para ser personagem de folhetins apócrifos. Vivemos de contos complexos; amontoados de loucas histórias. Ou pequenos contos em série, por vezes absurdos e como meros coadjuvantes, mas sempre reais. Os meus, por vezes, são espasmos biográficos que vivo ao acaso, e que pouco pretensiosamente registro com o intuito de dizer a mim mesmo, e continuamente, que não ando pelo vale de sentimentos controversos em vão. Esta gente como eu me defino, é partidária de que o pior do baile não é não ter dançado, mas não ter sido percebido.  

Enfim, gosto de estar vivo seja para clicar no “curtir” a todo o momento este milagre, ou para viver e compartilhar as catástrofes da espreita; seja para amar em completa entrega, ou para lembrar-me de ter passado por cima de amargos desamores. Não importa. E Não tenho medo de morrer, tenho uma espécie de remorso prévio do dia em que isso acontecer. Neste caso, que se tenha cumprido naturalmente a volta dos ponteiros do relógio, preferencialmente com atraso, bem lá adiante, quando as pernas buscarem apoio sem encontrar, e a cabeça tenha perdido todas as suas saudades. Não as perceba nem entre tangos e malbecs.

Mas saiba o Criador desde já, que gente como eu só se vai contrariada. Não saberemos morrer de bom humor.