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terça-feira, 18 de maio de 2021

QUO VADIS?


Raciocinamos nós outros, que passamos por algumas gerações, desde a dureza familiar da primeira metade do século 20, depois pela revolução de costumes dos anos 60 e ... Bueno, aí se foi o boi com a corda. Perderam-se os limites e os culpados estão bem aqui, ó: nós, precursores dessa tal liberdade, que não percebemos que a fronteira com a libertinagem nem era assim tão larga. Pois racionamos como há de ser o mundo logo ali, com o saldo de gente que restar (saldo genérico e quantitativo), olhando pelo prisma alarmista que verbera pela grande mídia e faz eco entre os nossos medos.

Haveremos de nos encontrar, mantendo distanciamento social, sem apertar as mãos, sem dois ou três beijos... Sorrisos moderados, quiçá escondidos, já que gargalhadas geram perdigotos; contatos físicos serão arriscados, e logo mais virá uma outra geração que não há de saber o que ou o quanto significa um abraço. Falo de um ABRAÇO, desses que já nos fazem tanta falta. E a juventude nas baladas, que há bem pouco se enfileirava para beijar na boca, contabilizando, e as vezes se perdendo nas contas, de quantas bocas foram beijadas? Nem pensar. Ou haverão de criar camisinhas especiais para bocas e línguas que mantenham a sensação de "pele com pele". Bah!
Por este último prisma, a verdade é que os excessos liberais, a par de nos ter criado como seres extremamente afetivos, também acabou vulgarizando a arte da sedução. Modernamente as coisas se tornaram bem mais fáceis e as três melhores coisas da vida, que antes se dizia ser um uísque antes e um cigarro depois, hoje se basta com um olhar antes e uma pergunta depois, tipo: "qual é mesmo teu nome?". Essa banalização da conquista, não por culpa dela nem das pessoas, claro, haverá de ser agora uma tarefa de alto risco. Que se virem os que vierem! As dificuldades serão outras. 
Sinceramente? Gostei de ter passado a minha vida pela fase um e dois do processo que me delegaram nesse "vale de lágrimas", tendo de driblar as dificuldades que deram gosto às conquistas e amargando dores e frustrações que tanto me ensinaram. Arrependimentos e perdões são inúteis. Fazem parte das tais águas passadas que não movem moinhos. Tudo isso de acordo com o que dizia vó Miroca. E afinal, as penitências físicas já entram a crédito nas minhas remissões.  
Mas ainda assim pedindo perdão pelos maus ensinamentos ou pela falta deles, que dei aos filhos, calço serenamente minhas pantufas, agradecendo ao Velho a oportunidade de ter atingido a condição de grupo de risco, lúcido, e vivendo minuto a minuto fora do modo automático. Não facilito. 
Fiquem bem. Eu... Me viro.