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terça-feira, 9 de setembro de 2014

Versos satânicos 102 - VERDE QUE TEMIA VER-TE



VERDE QUE TEMIA VER-TE

Se eu fosse deputado
Estaria preocupado com os ares do quartel.
Os milicos da antiga andam com cara de briga,
E o povo até que se liga, quando enxerga um coronel.

Se eu fosse deputado,
Que o AI-5 tivesse cassado,
E se me tivessem encarcerado,
Colocaria as barbas de molho.

Me lembraria do exílio, longe da mulher e do filho,
Sem poder sair dos trilhos, tendo na nuca um ferrolho.  
Quem viveu a ditadura,
Sabe que não é frescura andar sob a linha dura,
Dormindo com um só olho.

Se eu fosse deputado
Estaria muito bem alinhado no direito e na justiça,
Pois o Partido Verde de agora, não é igual ao de outrora,
Que há muito foi embora, deixando cheiro de carniça.

Aquele era o verde-oliva-cassetete,
Que tinha como premissa
Choque em testículos, torniquete,
E colocava alfinete no furinho da linguiça.

Se eu fosse deputado,
Que da liberdade tivesse abusado,
Ou que tivesse feito vista grossa,
Com quem nos colocou na fossa,

De pronto apelaria ao Exu,
Porque se sair o Urutu,
Vai esquentar pra chuchu.
Que até o belzebu se cagará de medo.

E desde agora me antecedo:
Milico não é brinquedo,
Onde quer que enfie o dedo,
Não escapa nem tatu

O soldado não tem nada a ver com política.
É duro e treinado pra guerra,
Portanto, aqui deixo uma dica:
Bom cabrito não berra!

Sem general não se faz revolução.
Hoje, já andam pedindo continência;
E cuidado: pois por mera coincidência;
Tem um da família Mourão. 

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