Pouco tinha ouvido falar do cidadão Yigal Palmor. Com a desqualificada de ontem,
chamando-nos de “anão diplomático”, tive por ele, num primeiro momento,
uma espécie de sentimento robertojeffersiano,
uma vez que "despertou em mim os instintos mais primitivos". Depois,
pensando melhor, perguntei se ultimamente andamos mesmo lendo as cartilhas do
Instituto Rio Branco, instituição responsável pela formação de nossos
diplomatas.
Temo que o nosso Itamaraty tenha se ideologizado; não esteja
olhando mais as questões internacionais com distanciamento crítico saudável.
Temo que tenha avermelhado os olhos. Sempre há uma opção de lado, quando o que
se recomenda é a equidistância.
Por aqui defendemos a ditadura cubana como se fosse a melhor e
mais pura das democracias, e não só isso, ajudamos a sustenta-la. Aplaudimos
Zelaya, Chaves e Maduro; gostamos de quem Putin nos manda gostar, como se a
velha “cortina de ferro”, finalmente, cobrisse o sol da liberdade em raios
fúlgidos, que já brilhou no céu da pátria em algum instante.
Ora, os povos do deserto estão em guerra. Faz tempo isso. Algo em
torno de sempre, e até que pingue a última gota de sangue deverão estar. Digo
isso com um lamento tão grande; tão consternado, porque tenho amigos queridos
dos dois lados, e porque sei o quanto rezam para que por lá se encontre a paz.
Mas e então, vamos permitir que um porta-voz boquirroto nos
coloque no nosso devido lugar, dizendo que o time do Itamaraty é tão vexatório
quanto foi time que nos representou na última Copa? Dona Dilma já havia dito
algo parecido com “nosso governo tem padrão Felipão”. Deve ser isso.
O tal Ygal conseguiu me convencer que sou mesmo um anão
diplomático, mas o Itamaraty deles também não é lá grande coisa. Talvez por
isso não consigam conquistar (ou será que não querem) a paz.
E o nosso embaixador deveria ter lembrado àquele cidadão, o quanto
nossa terra tem sido acolhedora para com seus patrícios, e lembrar-lhe que por
aqui vivem em paz e em perfeita harmonia com os coirmãos que por lá estão
sempre na linha de tiro.
Também não
consigo ver como uma guerra poderia ser “proporcional”. Guerras não são justas.
Não é um jogo, ou uma luta de boxe, onde se digladiam adversários de categorias
iguais. É uma ação onde o que tem mais poder de fogo usa em busca da vitória. E
sempre, em qualquer situação, morrem apenas os inocentes.
Mas isso fica para o campo de batalha, não para o campo das ideias, onde definitivamente, e com pesar devo admitir, o nanismo grassa em metástase.