Eventos que
fogem a nossa rotina têm a possibilidade de gerar fatos pitorescos. Para os mortais, não é uma atividade corriqueira lançar um livro, como também não é ir
ao lançamento de livro de um amigo.
Dirce viajou
300 km para participar de uma festa, onde se reuniriam diversos ex-colegas do
tempo de colégio. O mote era o aniversário do antigo e centenário educandário,
de tão lindas lembranças. Quando chegou à festa, soube que um amigo, também
ex-aluno, havia lançado um livro e adquiriu seu exemplar.
O evento
proporcionou muitos reencontros, trouxe de volta muitas lembranças e cobriu a
todos de emoção.
Finda a
festa, hora de voltar para o hotel, onde Dirce ficaria até o dia seguinte.
Emocionada, retirou-se, indo até um ponto de taxi perto do local. Sentou-se no
veículo e começou a folhar o exemplar,
curiosa. Mas as
imagens da festa estavam muito presentes. Não havia concentração. Nesses
momentos, a gente sabe que os sentimentos que acabamos de dividir sobressaem, e
tomam conta do cérebro. É humano. E assim, o livro descansou no banco, enquanto
Dirce rebobinava e reprisava seu dia.
Chegando ao
hotel, já no quarto, foi buscar o livro para enfim, satisfazer suas
curiosidades. Cadê o livro? CADÊ O LIVRO? Havia deixado no táxi.
Inconformada,
enviou mensagem ao autor, contando a história e procurando saber onde
conseguiria outro exemplar.
Dia
seguinte, ainda muito chateada, chamou um táxi de um ponto próximo ao hotel
para rumar à rodoviária e voltar para casa. Porém, antes que seguisse o seu
destino, pediu ao motorista que passasse pelo ponto, onde no dia anterior havia
apanhado o outro veículo e esquecido o livro.
Ela não conhecia o motorista, tampouco gravara sua fisionomia, mas ao chegar no ponto, no mesmo
lugar do dia anterior, identificou o homem pelo motivo singular que este
estava lendo o livro. O exemplar foi
devolvido sem constrangimentos, e com uma observação também singular do motorista:
não tinha devolvido antes, porque no livro não tinha o celular dela!
Porto Alegre
tem centenas de motoristas de táxi, em pontos fixos e rotativos, mas Dirce
sempre acha as coisas que perde.