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terça-feira, 14 de abril de 2015

ODE AO SACO DE GATOS





O grande PMDB é uma enorme colcha de retalhos.
Digna de um palavrão logo no cabeçalho.
Figuras como o Barbalho e outros fora do baralho,
Recolhidos a prudente inércia.
Ou compulsória, como o Quércia,
E ainda outros que ouvimos desde o jornal da manhã,
Como por exemplo: o Renan, grande galo alagoano,
Que uma vez entrou pelo cano.
Pensou que o mundo era uma racha e foi riscar fora da caixa.
Mas cabotino, se abaixa, rebaixa, e sempre se encaixa.
Se descuidarem, ainda vai acabar vestindo a faixa.
(A propósito, onde andará a Mônica,
Aquela que trocou um pau de quando em vez,
Por uma pensãozinha de doze paus por mês?)

Quem, afinal, é o senhor dessa sigla lendária,
Que na nossa democracia precária
Ainda posa de fiel da balança?
Na impensada dança de posições contraditórias,
A cúpula peemedebista torra sua história,
No momento, pendurada no saco petista.
Quércia era nacionalista,
Foi chamado pelo PT de nazista,
E este chamou o Lula de fascista.
Como ambos tinham cacife
Seria justo que se dissesse então,
Para simplificar a controversa questão,
Que juntos reeditariam o nacional-socialismo,
Ideologia que levou a Europa ao abismo,
Na época do cabo austríaco atrevido.
Improvável, mas só duvido,
Porque um dos dois foi abduzido.

Que partido!
Partido e repartido, esse PMDB!
Melhor horário na TV e nenhuma ideologia.
Algo que mantenha entre os quadros nacionais a mínima sintonia.
A forte herança da frente ampla,
Que um dia botou banca, enfrentando a milicada,
Ao invés de ser depurada, virou desaguadouro cloacal,
Onde gente que assume honrada logo, logo perde a moral.
Não, não! Não há quem entenda,
Que alguns próceres da legenda,
Mesmo largados à míngua por discursarem em boa língua,
Permaneçam firmes, convictos, leais,
Alheios a suposta rejeição, sem tirar nem por,
Empunhando o multifacetado pavilhão furta-cor.
Resta saber a quem devem lealdade:
Se a quem conhecem as verdades,
Que num regime sério os levariam às grades,
Ou aos votantes de cruel passividade,
Que na ilusão quaternária,
Oferecem-lhes a própria glândula mamária.

Mesmo que sempre rompam os elos,
Como o Jarbas Vasconcellos,
Que acabou saindo dos chinelos,
Metendo com força o martelo nos confrades,
Pedindo um “se enquadre!” ao maior partido verde-amarelo,
Não passa nunca de um mero libelo.
Jarbas teve um gesto belo, mas nem arretou o castelo.
Pregou no nada até ficar rouco,
Enquanto a parceria mantinha ouvidos moucos.
O Simon, na época, deu maior apoio.
Este, porém, é um dos que vive no meio do joio,
Nunca, entretanto, tomou atitude.
Desde a minha juventude só me ilude.
Conhece, por velho, as nossas vicissitudes,
Mas de bom, só mostra básicas e obrigatórias virtudes.
Ah, sim, e vagos discursos gritados amiúde.
Está sempre a favor do vento, deixando passar históricos momentos, 
Não por sujo, mas pelo inabalável perfil caramujo.

Ouso dizer que não sei quem é o chefe da matilha,
Que a partir de Brasília faz sua bastilha,
Privilegiando a camarilha.
Amigos, a mulher, o filho e a filha,
Desde que continuem rezando na velha cartilha.
Uns dizem que cumpriram sua trilha,
Que encheram a vasilha e já fecharam a braguilha.
Aqui, ó! É armadilha. Dão as cartas e jogam de mão.
E não adianta gritar truco com a manilha,
Eles sempre retrucam com o espadão.  

Nem precisa dizer. Sei que é gritar em vão 
No entanto continuo botando pilha.
De resto, quem é de média leitura,
Tem de ajudar a não entregar a rapadura,
Pois vejo com amargura,
O que se faz com a população de baixa cultura.
Gente de vida dura, que não identifica a postura obscura,
Das mais variadas criaturas,
Abrigadas nas nomenclaturas 
Que concorrem às diversas legislaturas.
São santinhos de candura,
Campeões de fazer mesuras,
Que mostram a dentadura até a investidura.
Depois...  Só aparecem na moldura.

Não custa um pequeno alerta,
Dirigido ao nosso povinho boca-aberta:
Já tivemos coronel de esquerda com pinta de feitor,
Ali, um pouco adiante da linha do Equador!
Apesar de ser na Venezuela é bom ficar de sentinela
E não abafar o grito na goela,
Pois como diria o velho Portella,
Depois de arrombada a porta, pra que serve a tramela?

Um comentário:

Anônimo disse...

Grande Jair, não és o PMDB, porém mostras ai mais uma faceta, a de poeta, que dizem de poeta e louco todos temos um pouco, mas tem gente que tem este puco bem para o lado do mais, o amigo é um destes casos, sempre nos entretém com belos contos, nos transporta a época mais linda que foi nossa infância e juventude, e nos mantém atento agora já caminhando para o ocaso(ainda bem longe, mas lembro que moro na Argentina e um pouco de tragédia já faço um tango). Digam o que disserem, de novo, de novo e de novo, culpado não é o PMDB, o PDT, o PSOL, o PSDB, o PT, ou outra sigla qualquer, culpado mesmo é o povo, que vota mal, de novo, de novo e de novo. E aqui não sou inteligente nem crítico, apenas afirmo o sabido, para ser ladrão, safado, enganador, é só fazer carreira de político. Prego então uma proposta de reforma, votar em desconhecidos, lógico e necessário, tenham currículo, sejam inteligentes, tenham estudo, origem do patrimônio inicial antes de entrar na politica registrado em cartório, e botem o "cú" na reta, pois estou para ver nestes escolados algum que seja homem para dizer que não se prevaleceu de benesses em algum momento. Tenho vergonha da nossa classe politica e não escondo minha decepção com os candidatos que hei escolhido no decorrer da minha vida de eleitor. Obrigado pelos versos, uma bela constatação galhofeira e poética da vergonha que está instalada em nosso país. forte e carinhoso abraço, Nilo.