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terça-feira, 7 de novembro de 2017

TRÁGICA BINÁRIA



Em principio não vou me deprimir. Não que esteja imune a essa doença que é grave e cujos resultados são sempre imprevisíveis. Penso que tenho boas forças para resistir, face às ricas reservas de afeto que ainda me restam, vitaminadas pelo que recebo.
Mas nunca se sabe. É desanimador estar vivo para ver o quanto e como evoluímos. Evoluímos sim. O rabo do cavalo também evolui.
Termos crescido em inteligências e seus recursos acessórios, aperfeiçoamos nossos monstros latentes, mas parece que o que dá mais prazer mesmo é a produção da morte no sentido bárbaro. Ver pessoas explodindo, vitimas de artefatos empíricos; pessoas metralhadas nos paredões livres das ruas, ou esmagadas sob as rodas de um prosaico veículo utilitário.
O terrorismo que assusta a Europa e o EUA, não ficará somente por lá. É um mal que se espalha em metástase pelo mundo.  Breve estará entre nós, e aqui encontrará campo fértil para suas ações: um país à deriva, fronteiras franqueadas, Forças Armadas deliberadamente esgualepadas, e uma carência sem precedentes de comandantes. Virão para coadjuvar com as guerras civis urbanas nossas de cada dia. Mas que tomem tento. No método de massacres com caminhões, nossos números são incomparáveis.
O terror tem a sua rotina binária: matar e morrer. De nossa parte, entretanto, o politicamente correto, baseado nos preceitos e princípios dos direitos humanos, precisamos prendê-los, e com cuidados porque antes da prisão tem o exame do corpo de delito; julgá-los e se condenados, trancafiá-los. Mas há chicanas, como sursis, habeas, e se tudo der errado tem o benefício da progressão. Como a maioria é jovem, quando voltarem às ruas terão muita saúde e raiva para aniquilar ainda algumas centenas, antes de explodirem-se.
Por tudo isso, penso que terrorista não deveria ser preso, mas executado no flagrante. É um ser cuja matéria é treinada para a binária trágica citada, e sua alma já foi encaminhada ao inferno no processo de iniciação fundamentalista.  Preso, ele não serve para nada, a não ser realimentar-se de ódio, às custas de suas prováveis vítimas.
Por aqui estamos levando um vareio da turma do joio, que muitas vezes pode viver ao nosso lado, que sabemos quem é, mas nem desconfiamos de seu potencial ofensivo; que vem e vai às prisões aperfeiçoar-se, até que esteja pronto e nas ruas ostentando a máscara do verdugo.
Aqui não precisamos dos outros, mas eles virão.
Não podemos dar-lhes o remédio social adequado, portanto, porque estamos subjugados pelas barreiras inocentes que nós mesmos criamos. Contra a guerra suja, sem escrúpulos ou limites proposta por eles, a nossa deve ser ética. Afinal, somos civilizados.  Mal comparando, continuamos acreditando que David derrubou Golias a “pombaço”.
Não vou me deprimir, acho que não, mas o que o mundo deprime é uma verdade insofismável. Sempre fomos bárbaros, e a nossa trágica história humana está ai para quem quiser comparar seus tempos e seus métodos de extermínio.
Isso tudo, entretanto, o terror e as guerras, é somente a ponta-de-lança do sistema. A origem de tudo; quem espicha o estopim; o cérebro da catastrófica indústria de mortes não suja as mãos, não embarra os pés e não respira pólvora. Apenas conversa, faz acordos e assina papéis.

E alguns ainda rezam e mandam matar, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

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