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domingo, 28 de janeiro de 2018

CRUCIFICASHOW



Lula vive comparando-se ao Mano. Bueno, eu já me achei parecido com o Richard Gere, até que diminui a ingestão de álcool.

Tenho algumas fotos do Mano e não me parece que fisicamente, haja similaridade. O Mano era magro, quase subnutrido, em face da dieta rigorosa, de baixa caloria. Pão com peixe não alimenta ninguém, muito em especial para quem é dado a longas caminhadas, um pouco descansando sentado a beira do caminho, outro pouco montando  um ainda mais subnutrido burro.  Ok, vez por outra um pilequinho de vinho para desestressar, mas nada que o alcunhasse de cachaceiro vagabundo.  Depois, o Mano era firme em seus propósitos. Era pobre convicto, não ganhava nada e o que tinha dividia com todos. Talvez fosse socialista. Por outro lado, maledicentes dizem que pegava uma aqui, outra ali, mas não provam, e não consta que tenha  dado uns "pegas" em alguém, em troca de cargo na sua caravana de miséria.

Já Luiz Inacio não. É gordo e são de lombo, foi pobre, mas não se lembra, também não se lembra do quanto ganha, nem de onde vem o que ganha (ele não lembra porque não é obrigado a gerar provas contra si), e é socialista familiar, ou seja, divide tudo com a família. Vez por outra aparece pescando, mas de iate. Também bebe vinho, bacudo, mas não aquele que foi pisado por pés com frieira, fermentado no porão do barracão, gerando um garrafão tosco. O dele, se nem português fala, imagina hebraico. Romaneé-Conti tá bom pra vocês?  Viajar ele viaja. Percorre longos caminhos, mas de jatinho. Até lembra o que é um jegue. Quando criança tinha um, cujo nome era Militante. Ah o Militante... Como era bom de monta o Militante! E não “emburrava”.   

Mas Lula quer ser igual ao Mano. Ô se quer! Mesmo não sendo dado a sacrifícios. Invejosos dizem que o único sacrifício que fez  foi arrancar o mingo da mão esquerda, afinal é destro, e o mingo da canhota só faz falta para coçar o ouvido. No entanto, à época, isso dava lucro, e com o tempo virou marca.

Do lado de cá, como sempre fui beliscado pelo mercado, penso no acontecimento que seria o ápice da “Paixão do Lula”, quando por fim seria sua consagração. Um evento digno de Planeta Atlântida, Woodstock, sermão do Chico na Basílica, GreNal... Essas coisas.

A chamada: CRUCIFICASHOW, LULA É O MANO! Ou Je suis, que tá na moda. (Vai ver foi aí que se deu a confusão: Lula deve ter visto algum cartaz no ABC com essas palavras “JE SUIS LULA”. Je suis... Jesuis, manja?... Enfim).

Faço questão de cuidar do cenário. A coroa de espinhos poderia ser espinilho trançado com tuna, ou uma coisa mais clean, ou mais arrojada, como arame farpado inox da Concertina. O martelo Tramontina; pregos em aço inox da Gerdau (atenção patrocinadores!!). E as vestes, naturalmente vermelhas, essas sim poderiam ser de panos simples, mas que de certa forma lincassem o protagonista às suas origens. Um tafetá infestado das Casas Pernambucanas já estaria de bom tamanho (lembrando que Lula é pernambucano e tal).  A cruz, entretanto, seria de mogno. Um mimo confeccionado com carinho pela equipe de José Stédile, que não só fabricaria o monumento, como a carregaria com seu líder, abanando e molhando seus lábios com água Perrier, durante o percurso da São Silvestre. Depois eu passo o roteiro para eles discordarem.

Imagino a abertura com Pablo Vittar e Anitta cantando o hino do Corinthians, e no gran finale, uma miada chorosa com a dupla sertaneja Poncio & Pilatos, tendo ao fundo um telão mostrando flashes do filme “Squid the son of Brazil” (Lula o filho do Brasil). O local? Ah, sim. Poderia ser na Paulista, frente a Fiesp.


Mas o protagonista deveria estar só para que proferisse suas últimas palavras: “Pai, eles não fabem o favem...” Mesmo porque, no meio de dois ladrões seria formação de quadrilha. 

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

PÃO E CIRCO




Desde a formação do império romano existe a tática de servir ao povo o pão recheado com circo. Lá, o populista Imperador Otavio Augusto concentrava o poder e flertava com meia dúzia de puxa-sacos das elites, a fim de garantir e expandir apoio. E claro que com estes se comprometia, mas e daí? Quem peitasse o imperador seria escalado para um rola-rola sem regras na arena dos leões.

Por aqui, a demonização da família Marinho também é antiga. Vem desde os tempos do companheiro Leonel (ele que também vinha de longe). Mas, puxa vida, eu dei fim a minha teoria da conspiração quando decidi que não haveria de ser a telinha global, com meia dúzia de caras engravatados a fazer com que suas versões, eventualmente contrárias as minhas, redirecionassem meu cérebro. Não, não. Aprendi a pensar certo e errado; e agir por minha conta, certo e errado.

Vem aí mais um BBB, e com ele a pilha de comentários, justos é verdade, mas com o fito de garantir aos comentaristas seu próprio padrão cultural.  Que o BBB é um besteirol não se discute. Compatível a outros tantos de horário nobre, mas daí a transformá-lo no grande vilão dos costumes e da família brasileira, já acho forçação de barra. Aí, penso ser, a sublimação do politicamente correto. Ora, estamos falando de TV aberta. O controle remoto está na nossa casa, e me consta que por mais erma que seja a região; por piores serviços públicos e sociais que tenha, sempre haverá no mínimo dois canais a disposição do povo.

(Sei de lugares, no entanto cara-pálida, onde a TV exibe a programação estatal e no controle remoto (se é que já chegou por lá este artefato) só funciona o on e o off. Que tal assim? Tem um logo ali, acima da linha do Equador).

Ora, eu procuro canelas mais duras para bater. A corrupção descarada e impune, por exemplo; a classe politica “merdificada”; os três poderes da república instalados abaixo do fiofó do cachorro, etc...Também pouco tem adiantado espernear, mas vejo mais ato cidadão nesse grito contra a horda de hunos que nos comandam, do que esse de ficar puteando a TV, só porque ela é uma bosta e coisetal. Temos a opção de nos alienarmos pelas redes sociais, ou assistirmos um filme ou série, ler, ou apenas conversar em família (ops! Mas que coisa mais antiga!).

Por princípio, sou contra qualquer cerceamento de liberdade. O fato de há alguns anos termos começado a fiscalizar a imprensa considero saudável, apenas acho inconveniente a patrulha excessiva. Inconveniente e perigosa.

Enfim, algumas certezas me movem, e uma vem a calhar para o momento: se nos deixarmos escravizar por qualquer tipo de mídia, a culpa nunca será do algoz, e sim da inércia onde deitamos a nossa capacidade de raciocinar.

Como no sistema presidencialista o poder decisório continua na mão do Imperador, digo presidente, que continua flertando (e cooptando) com algumas oligarquias para ganhar apoio, azar o nosso que não sabemos escolher aqueles que irão decidir por nós. Na contrapartida, estes haverão de ficar mais ricos e o governo mais comprometido. Até já conseguiram transformar a inocente militância em torcida organizada! E sabemos que torcida é paixão, e paixão é cega.  

Quanto aos pobres... Dê-lhe bolsa família e dê-lhe BBB. Pão e circo, válido para o Império romano e para o Brasil. É o sistema “quero-quero”, canta longe do ninho para desviar o foco.