Desde a formação do império romano existe a
tática de servir ao povo o pão recheado com circo. Lá, o populista Imperador
Otavio Augusto concentrava o poder e flertava com meia dúzia de puxa-sacos das
elites, a fim de garantir e expandir apoio. E claro que com estes se comprometia,
mas e daí? Quem peitasse o imperador seria escalado para um rola-rola sem
regras na arena dos leões.
Por aqui, a
demonização da família Marinho também é antiga. Vem desde os tempos do
companheiro Leonel (ele que também vinha de longe). Mas, puxa vida, eu dei fim
a minha teoria da conspiração quando decidi que não haveria de ser a telinha
global, com meia dúzia de caras engravatados a fazer com que suas versões,
eventualmente contrárias as minhas, redirecionassem meu cérebro. Não, não. Aprendi
a pensar certo e errado; e agir por minha conta, certo e errado.
Vem aí mais um
BBB, e com ele a pilha de comentários, justos é verdade, mas com o fito de
garantir aos comentaristas seu próprio padrão cultural. Que o BBB é um besteirol não se discute. Compatível
a outros tantos de horário nobre, mas daí a transformá-lo no grande vilão dos
costumes e da família brasileira, já acho forçação de barra. Aí, penso ser, a sublimação
do politicamente correto. Ora, estamos falando de TV aberta. O controle remoto
está na nossa casa, e me consta que por mais erma que seja a região; por piores
serviços públicos e sociais que tenha, sempre haverá no mínimo dois canais a
disposição do povo.
(Sei de
lugares, no entanto cara-pálida, onde a TV exibe a programação estatal e no
controle remoto (se é que já chegou por lá este artefato) só funciona o on e o
off. Que tal assim? Tem um logo ali, acima da linha do Equador).
Ora, eu
procuro canelas mais duras para bater. A corrupção descarada e impune, por
exemplo; a classe politica “merdificada”; os três poderes da república
instalados abaixo do fiofó do cachorro, etc...Também pouco tem adiantado
espernear, mas vejo mais ato cidadão nesse grito contra a horda de hunos que
nos comandam, do que esse de ficar puteando a TV, só porque ela é uma bosta e
coisetal. Temos a opção de nos alienarmos pelas redes sociais, ou assistirmos
um filme ou série, ler, ou apenas conversar em família (ops! Mas que coisa mais
antiga!).
Por princípio, sou contra qualquer cerceamento de liberdade. O fato de há alguns anos termos começado a fiscalizar a imprensa considero saudável, apenas acho inconveniente a patrulha excessiva. Inconveniente e perigosa.
Enfim, algumas
certezas me movem, e uma vem a calhar para o momento: se nos deixarmos
escravizar por qualquer tipo de mídia, a culpa nunca será do algoz, e sim da inércia
onde deitamos a nossa capacidade de raciocinar.
Como no
sistema presidencialista o poder decisório continua na mão do Imperador, digo
presidente, que continua flertando (e cooptando) com algumas oligarquias para
ganhar apoio, azar o nosso que não sabemos escolher aqueles que irão decidir
por nós. Na contrapartida, estes haverão de ficar mais ricos e o governo mais
comprometido. Até já conseguiram transformar a inocente militância em torcida
organizada! E sabemos que torcida é paixão, e paixão é cega.
Quanto aos
pobres... Dê-lhe bolsa família e dê-lhe BBB. Pão e circo, válido para o Império
romano e para o Brasil. É o sistema “quero-quero”,
canta longe do ninho para desviar o foco.
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