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sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

PÃO E CIRCO




Desde a formação do império romano existe a tática de servir ao povo o pão recheado com circo. Lá, o populista Imperador Otavio Augusto concentrava o poder e flertava com meia dúzia de puxa-sacos das elites, a fim de garantir e expandir apoio. E claro que com estes se comprometia, mas e daí? Quem peitasse o imperador seria escalado para um rola-rola sem regras na arena dos leões.

Por aqui, a demonização da família Marinho também é antiga. Vem desde os tempos do companheiro Leonel (ele que também vinha de longe). Mas, puxa vida, eu dei fim a minha teoria da conspiração quando decidi que não haveria de ser a telinha global, com meia dúzia de caras engravatados a fazer com que suas versões, eventualmente contrárias as minhas, redirecionassem meu cérebro. Não, não. Aprendi a pensar certo e errado; e agir por minha conta, certo e errado.

Vem aí mais um BBB, e com ele a pilha de comentários, justos é verdade, mas com o fito de garantir aos comentaristas seu próprio padrão cultural.  Que o BBB é um besteirol não se discute. Compatível a outros tantos de horário nobre, mas daí a transformá-lo no grande vilão dos costumes e da família brasileira, já acho forçação de barra. Aí, penso ser, a sublimação do politicamente correto. Ora, estamos falando de TV aberta. O controle remoto está na nossa casa, e me consta que por mais erma que seja a região; por piores serviços públicos e sociais que tenha, sempre haverá no mínimo dois canais a disposição do povo.

(Sei de lugares, no entanto cara-pálida, onde a TV exibe a programação estatal e no controle remoto (se é que já chegou por lá este artefato) só funciona o on e o off. Que tal assim? Tem um logo ali, acima da linha do Equador).

Ora, eu procuro canelas mais duras para bater. A corrupção descarada e impune, por exemplo; a classe politica “merdificada”; os três poderes da república instalados abaixo do fiofó do cachorro, etc...Também pouco tem adiantado espernear, mas vejo mais ato cidadão nesse grito contra a horda de hunos que nos comandam, do que esse de ficar puteando a TV, só porque ela é uma bosta e coisetal. Temos a opção de nos alienarmos pelas redes sociais, ou assistirmos um filme ou série, ler, ou apenas conversar em família (ops! Mas que coisa mais antiga!).

Por princípio, sou contra qualquer cerceamento de liberdade. O fato de há alguns anos termos começado a fiscalizar a imprensa considero saudável, apenas acho inconveniente a patrulha excessiva. Inconveniente e perigosa.

Enfim, algumas certezas me movem, e uma vem a calhar para o momento: se nos deixarmos escravizar por qualquer tipo de mídia, a culpa nunca será do algoz, e sim da inércia onde deitamos a nossa capacidade de raciocinar.

Como no sistema presidencialista o poder decisório continua na mão do Imperador, digo presidente, que continua flertando (e cooptando) com algumas oligarquias para ganhar apoio, azar o nosso que não sabemos escolher aqueles que irão decidir por nós. Na contrapartida, estes haverão de ficar mais ricos e o governo mais comprometido. Até já conseguiram transformar a inocente militância em torcida organizada! E sabemos que torcida é paixão, e paixão é cega.  

Quanto aos pobres... Dê-lhe bolsa família e dê-lhe BBB. Pão e circo, válido para o Império romano e para o Brasil. É o sistema “quero-quero”, canta longe do ninho para desviar o foco.

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