(click na imagem para ampliá-la, mas cuidado para não cair)
Foz é uma
cidade orgulhosa. Tem uma situação geográfica possível apenas na Europa, um
povo bonito, miscigenado, de múltiplas etnias. Tem a paz que se espera de
uma cidade de pequeno porte e alguma turbulência para que nunca nos esqueçamos
de onde viemos. É quente, muito quente. No inverno deixa-se o chuveiro
ligado alguns minutos até a água aquecer. No verão o processo é o mesmo para a
água esfriar, mas quem diz que esfria? Tem belezas naturais incomparáveis,
cabíveis em quase todas as letras do alfabeto e na minha visão, uma
inacreditável falta de vocação para aquilo que recebeu de mão beijada: o
turismo.
Tem problemas,
por certo, como todas. E igualmente administrações públicas atentas basicamente
em momentos estratégicos. No mais, consagram-se pelo descaso, como em qualquer
lugar da pátria amada. Como curioso e neófito iguaçuense ando por ai à
toa, corcoveando em suas ruas, tropeçando em suas calçadas e, vez por outra me
arrisco a visitar os co-irmãos do outro lado da ponte. Na verdade nada pode ser
feito daqui pelo lado de lá, mas deixar que a partir da primeira passarela seja
invadida e controlada por “gerentes de trânsito” de todas as idades é, no
mínimo, insalubre. Aos amigos que se queixam do fluxo absurdo e congestionado
de veículos em São Paulo e Porto Alegre, dois ícones do engarrafamento,
convido: vamos a Ciudad de Leste, sábado pela manhã!
Mas há um lugar
especial em Foz do Iguaçu, no seu perímetro urbano. O local está ali desde que
vim pela primeira vez, e já faz algum tempo. Em dias de sol pode-se admirar as
profundezas e o lixo que se acumula; em noites sem lua tem
servido de motel, ou ejaculódromo para os menos aquinhoados, e que precisam,
uns pagar pouco e outros receber o mínimo, e todos saírem satisfeitos. Em dias
de chuva forte a convergência de água para a fossa é tanta que não deixa você
esquecer em que cidade vive e por que é mundialmente conhecida. E quando a
chuva passa... Assistii um alcaide de plantão protagonizar um institucional de
saúde pública com vistas a combater o aedes aegypt . Ora, mas
se um dos maiores criatórios da cidade está lá para que todos vejam, e há muito
tempo, por que não começar por ele? .
A cratera fica
no Jardim Alice I, perto do ginásio Costa Cavalcanti, no início da avenida Por
do Sol (deve ser lá que o sol se esconde. Caber, cabe), região de grande fluxo,
seja pelas práticas multi-esportivas oferecidas pelo ginásio, ou exercícios de
alcova, dado o grande número de motéis. Portanto, não é na periferia erma, o
que significa que a prefeitura não está nem ai, mesmo.
Um dia algum
outro desavisado (por que já houve) irá errar o caminho e despencar ladeira
abaixo em busca da vida eterna. Ou quem sabe um ônibus, dos tantos que se
amontoam pelos canteiros próximos e que
atrapalham a visão dos condutores (atenção Guarda Municipal) seja convidado por alguma enxurrada a visitar o buraco. Ou dois, ou três, cheios de turistas.
Caber, cabe.
Enfim,
aguardam-se as tragédias úteis para a solução do problema, ou que algum
urbanista local o transforme numa réplica das Cataratas do Iguaçu, aproveitando
o nosso status atual no mundo das maravilhas.