Há uma brisa de esperança soprando pelos lados do Humaitá.
Um clima de anos 90, lá, bem no início, quando o gringo birrento e antissocial
reassumia uma nau à deriva. Foi um duro
recomeço, coalhado de desconfianças e pedidos de “fora” ou “burro”.
A nau, como é cíclico no mar de angústias que cerca o
futebol, voltou à deriva. Mas também em busca de uma tábua andava o velho
comandante, arrasado por uma batalha que dizimou tropa e moral a golpes
mortais.
Ao se reencontrarem devem ter entendido ser um a salvação do
outro, e se entregaram em busca de águas mais calmas.
Mas o perfil de ambos não conhece águas calmas. Não são nadadores
de piscina. Precisam da energia das tempestades para dar fôlego à vida.
Luiz Felipe, o Felipão, e o Grêmio são um do outro. Realimentam-se
nos fracassos. Tropeçam e caem no decorrer de suas jornadas; lutam até o último
segundo para encontrar o mínimo, que às vezes foge, mas que daqui a pouco vem
com sobras.
Não sei até onde poderá ir este atual time do Grêmio. Há muitas carências. Percebo, porém, que na mudança de casa,
algo que havia sido esquecido no Olímpico, finalmente chegou à Arena: a garra
gremista, que no longo de sua história quase sempre esteve acima dos aspectos
técnicos. E nisso se nota o indefectível
estilo Felipão. Do velho e quixotesco Felipão e seu indefectível Murtosa, que faltou à seleção brasileira.
O trabalho é novo, não há muito ainda a ser cobrado, mas a
renovação, ao estilo do que havia sido feito nos anos 90, tem sido importante
para isso.
Aguardemos, esperando que a torcida gremista tome tento; que
se comporte em campo porque o prejuízo deste ano já foi grande. E quem quiser
cobrar resultados agora, que assista outro esporte. Futebol precisa de tempo, mesmo que não haja.