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quinta-feira, 15 de outubro de 2015

OPS!




Tenho cinco anos. Não existe nada mais fofo que um pai e um filho da minha idade irem ao estádio.  Está bem, existe, mas não vem ao caso.
  
Meu pai gosta do Grêmio e eu também acabei gostando. Eu gosto de ir ao estádio com ele, embora não saiba muito bem do que se trata. Acho zoado demais aquele monte de tiozinhos brincando de pega-pega.

Ah, mas lá tem pipoca, picolé, refrigerante à vontade; um monte de gente gritando, coisa que meu pai não faz, mas lá ele faz. E sabe porque tem todas essas delícias à vontade? Meu pai se concentra no jogo, e cada vez que eu falo, ele me compra uma coisinha para que minha boca fique ocupada.   Mimoso! Ele sabe que meu silêncio não é barato.

Às vezes tanto mimo me dá problema. Por isso, prudentemente, a gente sempre senta perto de um banheiro. Vez por outra, quase nem dá tempo de ir até lá.  E hoje não deu. Foi tanta pipoca, amendoim, picolé, refrigerante (o jogo deveria estar encrencado) que as comportas se abriram, digo, a comporta.

Meu pai olhava o jogo concentrado e eu comecei a sentir qualquer coisa. Essa qualquer coisa foi apertando, apertando... Mas eu não queria tirar o meu pai da concentração. Apenas olhava para ele. Então, despercebido, ele me olhou.  Primeiro carinhosamente, depois ficou sério. Nos olhamos por mais alguns segundos, ele cada vez mais sério e eu cada vez mais vermelho, acho.  Senti que ele ficou muito apreensivo (porra! Apreensivo? E eu?). Finalmente ele me disse uma única palavra:

- Não!

Eu não disse nada, mas arregalei os olhos. Ele repetiu:

- Nããããão! Fazendo uma careta estranha, meio medo, meio raiva. Tipo dia de vacina.

Ai passei a fazer olhar de cachorro (eu sei a força que tem o meu olhar de cachorro). Então, na terceira vez que ele disse não, imediatamente me pegou no colo, baixou o meu calção e pegou no ar (como um gato!) o resultado de tanta comilança. Ufa, que alívio! Acho que isso é o que querem dizer com paz interior.

A cena seguinte foi ir ao banheiro, pendurado no braço direito do meu pai, fedendo. Na mão esquerda dele... Bem, ele não iria deixar na arquibancada aquela nojeira toda. Por sorte (dele) eu era um homenzinho, cocô durinho e tal. Enquanto subia os degraus, sem efeito solo, ouvi gargalhadas da galera que estava por perto. Teria sido gol do Grêmio?  

Ah, minha cuequinha do Grêmio. Ela ficou por lá, mas não deve ter dado para aproveitar. 

Um comentário:

Unknown disse...

Amei.Ri bastante.