Do livro “Assim como era no princípio!
O Criador estava em
alfa (ou haveria de ter andado fumando coisas e “viajado”) lá pelo sexto dia,
momento em que sublimou a espécie. Produziu linhas e tonalidades de formas a
consagrar sua mania de perfeição, e simplesmente descartou a fórmula. Por
certo que naquelas horas de fastio e soberba, consolidada a magnífica obra,
garganteou seu bordão à eternidade sobre imagem e semelhança.
Da obra minimizada
restaram céu e mar, em dias de incompreensível tom de azul encravados em lousa
de alabastro, a fomentar e inquietar sonhos juvenis. Serenos, sombreados de
cílios foram ter comigo, certa vez, durante três horas e meia. Flutuei à deriva
sobre aquelas águas translúcidas, que simploriamente os mortais chamavam de
olhos violeta. A época e a idade propiciavam navegar ao limite (que limite?) da
fantasia e produzir roteiros imundos no sono adolescente.
Sonhava com ela, e eu
pergunto: quem não sonhava com Elizabeth Taylor? Ok. Tem gente que
sonhava com o Rock Hudson, como a própria Liz, que soube depois e para sua
decepção, tratar-se de alguém da “irmandade”. Pobre Rock, que anjos varões o
tenham (*)
Giant é o titulo original do longa metragem Assim Caminha a
Humanidade. Sem redundância, gigantesca produção dos anos cinquenta
estrelada pelos dois bonitões acima, e a terceira e última aparição em tela do
meteórico James Dean, que nem chegou a ver o filme concluído. Morreu antes.
(Sobre este, teria dito o feioso Humphrey Bogart, dolorido com o sucesso post
morten do colega: ‘’a melhor coisa que aconteceu a ele foi ter
morrido cedo’’).
A história gira em
torno de uma família texana tradicional comandada pelo Bick (Hudson),
de um humilde empregado Jett (Dean), e uma esposa Leslie (Taylor)
que foi ‘’achada’’ pelo futuro marido após uma viagem de negócios. Foi comprar
cavalos, imaginem. A história é fantástica, recheada de sentimentos adversos:
amor, ódio, preconceitos, com fotografia, figurino e música maravilhosos, tendo
recebido dez indicações ao Oscar (levou um, secundário). Jett, além
de mim e todos os homens que apreciam cerveja, apaixonou-se pela Leslie,
mas não levou, e por isso foi para a porrada com o marido afortunado. O
Inconformado Jett, entretanto, enriqueceu quando tratou de
subverter a ordem da terra, vigente até então, (terra que estranhamente herdara
da invejosa irmã do Bick,
morta a coices de cavalo) passando a explorar petróleo. E em se tornando
rico, houve por bem novamente tentar furar os nossos olhos, e tomar na “mão
grande” a nossa mulher - minha e do Bick. De novo não levou. Ele,
que já “bebia todas”, com o novo fracasso foi domiciliar-se em
definitivo na garrafa.
Nesse filme o olhar
da Liz estava uma estupidez. Talvez porque o início da produção tenha ocorrido
pouco depois dela ter se tornado mãe pela primeira vez e a maternidade tenha
conseguido dar ainda mais luminosidade à luz; o céu tenha perdido para sempre
as nuvens, e Atlântico e Pacífico tenham se dessalinizado. E que me perdoe a finada pelas
modestíssimas comparações.
Elizabeth Taylor é
dona de vários suspiros que todos demos. Não era, entretanto, de namorar no
banheiro, lugar cativo da senhorita Brigitte Anne-Marie Bardot, além de outras
trinta e cinco menos votadas. Liz não deveria ter as pernas da Marlene
Dietrich; o corpo da Sophia Loren; certamente não tinha os seios da Uschi
Digard (Ah, não sabe quem é Uschi Digard. Melhor, mais me sobra); E nem era
cachorra como a senhorita Margarita Carmen Cansino, que quando se apresentou a
nós já fumava muito e se chamava Rita Hayworth; Não era o "mais belo animal do mundo",
como disse certa vez da piriguete-retrô Ava Gardner, o poeta Jean Cocteau,
aquele animal. Não. Liz era um
raio de luz, sequer deveria pertencer a este mundo. E duvido que alguém, além
de seus vários maridos tenha contemplado seu corpo. Não deveria ser lá essas
coisas, mas isso não importa.
Liz gostava
mesmo era de casar e isso fez bastante. “A felicidade está em colecionar
amores”, repetia (mas também colecionava brilhantes). Com Richard Burton,
no entanto, foi reincidente específica.
Também casei
bastante, nenhuma vez com ela. Mas sabe-se lá o que haveria de ter acontecido
conosco caso ela frequentasse os bailes da Reitoria.
(*) Rock Hudson e Liz Taylor tornaram-se muito
amigos, depois da descoberta por ela da homossexualidade do galã, que morreu em
decorrência de complicações com a Aids, em 1985. A partir de então, a musa
mostrou que não basta ser bela nem boa atriz para ser musa. Passou a auxiliar a
(American Foundation for AIDS Research). Mais tarde criou a sua própria
fundação para o mesmo fim, a ETAF
(Elizabeth Taylor Aids Foundation), a quem doou um anel de diamantes e esmeraldas. A
joia, com uma pedra de sete quilates e 12 diamantes lapidados em formato de
pera, fazia parte da coleção particular da atriz.
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