Assista a esse filme desarmado de grandes expectativas. Não é uma obra de pauta, dessas que a gente abre um vinho e fica reflexionando a respeito. É um açucarado de 1996, ambientado em 1964, que só os veteranos ou os cultuadores da história musical pop, e em especial os Beatlemaníacos poderão degustar.
Antes de alcançarem o objetivo e posterior sucesso, o baterista, que era uma figura obscura no grupo foi trocado, ainda que por acidente, por outro que tinha luz própria. Se prestarmos bem a atenção nos demais componentes da banda americana, vamos perceber o guitarra base e vocalista, moreno, alto, de costeletas, e compenetrado, dividindo o vocal com o baixista, clarinho, mais baixo e expansivo, tendo o guitarra solo, esperto, mas introspectivo, são cópias dos guris de Liverpool.
Por fim, a banda The Wonders é fictícia, só existiu no filme. A música That Thing You Do, entretanto, composta por Adam Schlesinger especialmente para o filme, partiu para o mundo real, tendo alçado voo nas paradas americanas dos anos 90. Não é música de ouvir quieto, sentado no sofá. É som de viagem no tempo e o tempo era dançante.
O filme é dirigido por Tom Hanks, que também atua como empresário e catapulta a carreira do grupo, apresenta a estonteante Charlize Theron (estonteante fica bom?), com 21 aninhos, e Liv Tyler, com 19, que acabara de filmar "A beleza roubada", e que resultou na sua indicação ao Oscar, com participação de destaque. Aqui mais uma curiosidade na origem da atriz, do meio musical: a mãe da Liv, Bebe Buell, ex-coelhinha da Playboy era Maria-guitarra. Fez coleção de roqueiros, alguns ao mesmo tempo, mas coube a Steven Tyler, líder do Aerosmith a fecundação. Descobrir sobre a história deles é um grande barato. Liv tem dois pais.
O cinema, a fraude mais bonita do mundo, segundo Godard, contando a história de uma grande e maravilhosa mentira contrariada pela música. Um filmezinho leve que traz também uma adocicada história de amor com final feliz.
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