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quarta-feira, 30 de julho de 2025

FACES DA VERDADE




É um filme sobre ética jornalística, onde valores pessoais sobrepõem aos profissionais. Gostei. Bem desenvolvido, com atuações marcantes de Elizabeth Beckinsale, Matt Damon, Vera Farmiga e do veterano Alan Alda, célebre e premiadíssimo, protagonista da maravilhosa série M*A*S*H, dos anos 70. Esse quarteto faz o filme.


Cai no colo de Rachel Armstrong (Kate), uma repórter que escreve sobre política,
por uma graça divina ou diabólica, e de uma fonte inocente, uma informação bombástica, capaz de mexer com a estrutura da inteligência americana. Também de uma forma ocasional, consegue confirmar a informação por outra fonte. É o sonho de qualquer jornalista. Um furo que alavanca a carreira e no caso americano, a inevitável e cobiçada inscrição ao Prêmio Pulitzer. Mas há os riscos de uma informação grave, e a partir dela, Kate começa a cavar o seu futuro.

A ética jornalística dá ao profissional o direito de preservar a fonte, conforme a constituição. Mas ela, a constituição, tanto lá como cá, deixa brechas para empoderar o autoritarismo, e a pressão governamental se vai ao absurdo. Kate é instada a revelar a fonte, por uma questão de segurança nacional, mas não cede e tem seu destino amargado pela lealdade. Essa lealdade é coroada com a frase de seu advogado (Alda) que diz em júri "eu vim defender uma pessoa, não um princípio, mas para pessoas grandiosas não há diferença entre a pessoa e os princípios". Uma frase que sai do filme para a vida. A fonte original, a pessoa que inocentemente deu a informação a Kate, a gente só descobre no último ato, e é o que mais engrandece o personagem, uma vez que abre mão de sua liberdade e parte de sua vida por princípios.

Um filme que prende do início ao fim vai para a prateleira dos imperdíveis.

terça-feira, 22 de julho de 2025

ARRITMIA

 




terça-feira, 15 de julho de 2025

MILAN KUNDERA


 

A juventude dos anos 70/80 vinha da ressaca transformadora da década anterior. Passou a uma fase a viagens introspectivas e a fincar bandeira, se não em gurus, em referenciais filosóficos. De Khalil Gibran a Vinicius de Moraes; de Michel Foucault, talvez para o entendimento de pensamentos mais rígidos e prevenir-se deles, a Manuel Jacinto Coelho e seu interminável Universo em desencanto.

Mas houve um que preencheu todas os espaços, e que nos deixou em 2023, aos 94 anos: Milan Kundera.

Dizem que Milan foi um transformador com a sua arte de escrever. Não sei avaliar isso. Sei que foi um ícone de pódium para quem gosta de leituras criativas e viagens profundas, algumas sem volta, bem como orienta sua influência literária que foi de Nietzsche a Kafka, entre vários outros pesos pesados das artes e da literaturaDele me busquei e me encontrei nos contos de "Risíveis amores", não pela temática sexual, ou não só por ela, mas pela robustez do que se insere nas entrelinhas da sexualidade.

Dias desses revi o filme "A insustentável leveza do ser", com Daniel Day Lewis e Julliete Binoche, baseado na obra homônima de Milan que, comparada ao livro deixa muitas frustrações, o que é normal. Ninguém adapta roteiros melhor do que nós mesmos introjetados nas histórias. 

Decolou rumo ao infinito como Aznavour, aos 94 anos e com isso, desconfio que essa seja a idade em que as estrelas daqui vão brilhar lá em cima.

segunda-feira, 14 de julho de 2025

UMA VEZ

 


sexta-feira, 11 de julho de 2025

TEMPO

 


quarta-feira, 9 de julho de 2025

O TROCO


 

terça-feira, 8 de julho de 2025

DESIDERATO

 






segunda-feira, 7 de julho de 2025

O Conselheiro do Crime

The Counselor | Amazon.com.br

Você está autorizado a classificar como imperdível um filme que tenha a direção de Riddley Scott e no elenco de Michael Fassbender, Penélope Cruz, Cameron Diaz, Javier Barden e Brad Pitt. Uma quase certeza  de que estará sentado no sofá degustando uma obra de duas horas. 

O filme The Counselor  é vendido como sendo de ação e crime, que se propõe a vasculhar intimidades dos cartéis mexicanos. O início, no entanto, nos deixa em dúvida. Você tem a sensação de que está prestes a assistir a um filme pornográfico, longe dos propósito lidos na sinopse. E seguem-se diálogos de rendez-vous, para enfim, depois de 15 minutos, encontrar o eixo prometido. Então concluímos pela descontextualização dos arrulhos iniciais, colocados no início, talvez para impactar. Mero apelo. 

Mas não é só isso que não agrada no filme. Há muito não via, nem sei se vi,  um cast tão poderoso, participar de um enredo tão atrapalhado. Cortes mal feitos,  história mal encaixada e personagens esvaziados.  E dirigido por  Riddley Scott! 

Filmes sobre máfia, em especial as famílias mexicanas, são caracterizados pela brutalidade e pela quase ausência  de personagens do bem. Isso The Counselor entrega em boa dose. Não há mocinhos. E vemos Brad, Barden e Penélope submetendo-se a uma coadjuvância chusma.  

Não costumo falar de filmes que não gosto, mas  The Counselor, ou O conselheiro do crime, me pareceu tão absurdo, talvez pela expectativa criada, que resolvi escrever a respeito. Uma bosta

domingo, 6 de julho de 2025

EXPIRAÇÃO

 


TEMPORIZANDO

 



Você vai perceber quanto do metro do tempo já se foi olhando  suas fotos; as fotos dos seus filhos e dos filhos deles; e talvez ou daqui a pouco, as dos filhos dos filhos deles. Você pensa que já passou, que morreu para o mundo que passa do outro lado da rua, mas não, apenas envelheceu. 

E tudo passou num zás! Parece que foi ontem que você dava piques escada abaixo, com pouco efeito solo, calçando um tênis, com uma bola embaixo do braço e com um fôlego inesgotável. E depois, mais e mais atividades, até que aquele fôlego prepotente arregasse, e lhe  mostrasse a fragilidade de estar de posse da carcaça emprestada em comodato pelo Criador. Ah, saudades daquelas juntas, daqueles joelhos sadios de cartilagens risonhas, daqueles ombros irresponsáveis e da musculatura que, acontecesse o que acontecesse, parecia que não tinha acontecido nada. Você usava e abusava da sua musculatura rija. De todas elas.

Se ainda tem dúvidas de que o tempo voa, basta lembrar se ontem mesmo você tomava algum analgésico ou anti-inflamatório ao menor sinal de desconforto. Quantas vezes por ano sentia necessidade de ir ao médico, enfrentar uma bateria de exames, alguns constrangedoramente invasivos? Você não vai lembrar. Hoje, as recomendações  dos operadores de saúde  começam com a obrigação de você fazer ao menos 10% do que fazia anteontem, apenas para se manter minimamente saudável. O que não exclui a investigação  rotineira de procurar algo que certamente será achado. Afinal, para que servem as manutenções médicas, não é mesmo? 

O tempo não para. Nem preciso ser Cazuza para dizer isso, e nem oferecer a essa sentença um  ar reflexivo. Nós já desistimos de olhar a vida passar, muito porque ela não deixa. Ela passa e pronto, e você que trate de se inserir entre datas comemorativas, preferencialmente lúcido. Mesmo que incomodado por essa sensação de ser folha seca soprada no redemoinho do tempo, atordoado e de pouco chão. Aonde o vento pretende nos levar? Sabemos, claro, nascemos com prazo de validade. Só não sabemos quando, mas mesmo sabendo que falta menos do que faltava há pouco, estamos sempre desconfiados, e torcendo, que vá demorar.  Portanto, pisque  e já será daqui a pouco; durma e você acordará um ano mais velho.  E quando a luz definitiva se apagar, que seja como em uma noite de porre. Apenas um sono pesado e sem sonho para não haver esperanças de acordar.  A gente sabe que a esperança é mais pé no chão do que a fé.  

O que ganhamos ao nascer é o presente, e a vida sempre será isso: o  presente. Então que possamos fazer dele o melhor presente e aproveitá-lo como verbo e substantivo. Mas passa, como os parágrafos anteriores também passaram. 

O poeta cubano José Martí sentenciou: “Plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro: três coisas que toda pessoa deve fazer durante a vida”. Agora você sabe porque.  São as formas físicas que você tem de se eternizar, seja na natureza, seja no coração dos seus, ou em alguma estante. 

Ao fim, é o que importa.  Gracias a la vida y a mis hermanos, tantos, que no los puedo contar

quinta-feira, 3 de julho de 2025

AS ESPIÃS DE CHURCHILL

 



O título brasileiro nada tem a ver com o original, que é A Call to Spy (Uma chamada para espionar). Mesmo porque, o gordinho do V da vitória transformado em paz e amor pela turminha do make love not war, Churchill, não aparece nunca, e só recebe uma ou duas referências muito de longe.

E não se trata de explorar profundamente a história, ou não ter grandes expectativas sobre revelações guardadas, porque ela, a história do front, também não é tão explorada no filme. Traz à luz, no entanto, a vida de três mulheres grandiosas e justamente reconhecidas em sua luta contra o nazismo: 𝐕𝐄𝐑𝐀 𝐀𝐓𝐊𝐈𝐍𝐒, 𝐕𝐈𝐑𝐆𝐈𝐍𝐈𝐀 𝐇𝐀𝐋𝐋 e a indo-britânica 𝐍𝐎𝐎𝐑 𝐈𝐍𝐀𝐘𝐀𝐓 𝐊𝐇𝐀𝐍.
A beleza do filme, além da linda Stana Katic, que dá luz à poderosa Vera Atkins está no objetivo, que me parece ser a valorização do trabalho dessas heroínas contra os malvadinhos da suástica. Isso se preenche razoavelmente, apesar de que na trama, a meu ver, faltou detalhamentos de suas ações, em especial as de campo. Talvez porque não seja um filme de guerra. É sobre o tema, e de suspense, baseada em fatos reais, vividos naquele período negro da Segunda Guerra, dos mais trágicos da nossa saga humana.
Para quem cresceu lendo muito sobre Mata Hari, sobre a Agente 27 e muito em especial (mas bota especial nisso) as gurias da família Montfort, a saber, Giselle e sua filhota Brigite, o filme da Sarah Megan Thomas, que faz o papel de Virginia Hall, esta que, por seus esforços de guerra, mesmo usando uma prótese de madeira na perna, ganhou a Cruz de Serviço Distinto, em setembro de 1945, o único oferecido a uma mulher civil durante a Segunda Guerra Mundial, é imperdível.

quarta-feira, 2 de julho de 2025

GUERRA E PAZ


 

Não sei se vim do pó que virou barro.
Subestimo a matéria que me envolve.
Por mim sou éter, passageiro do tempo, 
Apenas isso, ou nem isso, ou pouco mais que isso.
Não importa. 
Meu espírito dança as músicas que eu gosto.
Quer saber quem sou? Ouça-as, dance junto.
Para saber o que penso é fácil: leia-me.
Não sou nada além do que escrevo.
Pouca adianta investigar meus olhos. para saber de mim;
Falo pouco com eles, bem mais com as mãos, 
E as minhas janelas de alma são como são: abstratas.
Ou faça melhor: pergunte-me!

Dialogo com a vida através dos cinco... seis sentidos.
E desconfio haver outros por onde ainda não interagi.
Trago a essência perceptiva, resquício de alma ressabiada.
Quando arrefecem as luzes, salva-me a intuição, 
E a conexão permanente com o irmão cosmo,
Vigilante e coalhado de almas minhas caridosas.

Escavo verdades sem medo de ver nelas crueldade.
Verdades são tochas que iluminam bretes morais.   
Quando ardem incomodam, no entanto curam.
Tal qual o sol que cega ao saímos das trevas,
Que, absorvendo a luz, tudo limpa. Abstrai sofismas.

Os caminhos que trilho terminam nos dedos;
Impaciente, raciocino também por eles, porém,
Busco ver além dos quatro mostrados pelo artista.
Perguntas devem respostas; atormento-me por buscá-las.
Não quero chegar ao Último Juízo julgado por dúvidas.
É certo que serei sepultado por equações resolvidas.
Se soluções por vezes não vi é porque perdi. É o jogo.
Desse coquetel de erros e acertos não há de restar saldos.
 
Meus sentidos se encontram e justificam nos extremos,
Da doação irrestrita,  à busca de recíprocas.
Nunca soube sentir pouco; entregar pouco...
Fui o idiota feliz que flertava com o ridículo;
O louco, que viu seu coração arrebentar no muro da desolação, 
Mas nunca, nunca terceirizando culpas.
Tudo foi superlativo. Dos perdões que não pedi,
Aos eventuais cinismos constrangidos de arrependimentos.
Tudo do todo me pareceu pouco ou me bastou. 
E o nada, se houve, perdeu-se no vazio inconsistente.
O resto, apenas não vivi. 
Assim, vivo sem pena de me consumir num zás por escolhas boas;
E vivo sem pena as minhas penas, por mais que possam doer