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quarta-feira, 12 de março de 2025

IRREVERSÍVEL




Monica Bellucci, mesmo estática, transpira sensualidade. Linda, curriculada, poliglota; foi capa de várias revistas e emprestou sua plástica irretocável para grandes grifes de moda e perfume.

É uma mulher de mídia, que morou um tempo no Rio de Janeiro com o ex-marido Vincent Cassel (separaram-se em 2013) e hoje enfeita Portugal. Monica é outra que se queixa que a beleza acabou atrapalhando sua carreira cinematográfica. Mas não. Acho que o seu entrave é justamente uma de suas virtudes: ela posa mais do que interpreta. Nasceu para ser fotografada.

"𝐈𝐑𝐑𝐄𝐕𝐄𝐑𝐒𝐈𝐕𝐄𝐋", de 2002, com roteiro e direção do argentino Gaspar Noé é um filme em flashback (começa pelo fim), em que ela contracena com o ex Vincent. O ponto de partida é uma cena crua de estupro, sem os cuidados daquela que ficou gravada na nossa memória de "O último tango em Paris", se a palavra "cuidados" cabe em situações assim. Tensa, cruel e revoltante. É uma obra que vai saindo aos poucos da cabeça. Não se consegue apagar tão rápido imagens tão chocantes, o que significa que foi bem realizada e atinge seu objetivo. Mas só recomendo para quem em estômago forte. O filme é tão chocante, que no dia em que foi lançado, cerca de 250 pessoas abandonaram a sala de projeção.

É um filme que há vinte anos provoca reações controversas e recebeu uma nova versão, esta na ordem cronológica natural, e que ainda não vi. O único esteio a nos mostrar que a vida não é tão horrorosa quanto é o submundo habitado por sub-raças noturnas mostrado no filme, é a imagem de Monica. Assisti a esse filme com nojo e só não tive engulhos também por causa dela.

Quanto ao tempo, ele não destrói tudo; não tudo. Não é de todo irreversível.

HAIR



Não sou muito fã de musicais porque acho (apenas acho) que o gênero só cabe em teatro. E a maioria é oriunda dos palcos mesmo, como Moulin Rouge, Cabaret e outros menos votados.

Mas Hair tem muitos significados. Uma época de sonhos, saldo de uma juventude transformadora; uma causa humana chancelada pelo lema de Woodstock "make love not war", e um hino. Um hino lúdico de paz e amor, bicho: "Aquarius/Let the Sunshine In".
Quem assiste a esse filme, pouco vai se preocupar com detalhes técnicos da obra. As manobras juvenis e a levada quase artesanal da obra. A temática é sensível demais, tocada pelo clima tenso da guerra. Eram garotos que viviam sob o véu sinistro do Vietnam. O filme toma de assalto o coração do espectador.
Um dos protagonistas, a liderança do grupo, o carismático Treat Williams, aos 71 anos nos deixou faz pouco, há dois anos, e de uma forma sugestiva: acidente de moto.
Recentemente revi Hair. Como o futuro é bem mais curto, resolvi dar uma voltinha no largo tempo dos cabelos longos e calças boca-de-sino.



quinta-feira, 6 de março de 2025

ARGYLLE, O SUPER ESPIÃO

 


Alguém o convida para jantar e você arrisca perguntar "qual o cardápio?", e a pessoa responde prontamente: "lagosta". Aí começa a expectativa de um inesquecível regabofes, certo? Ãrrã! Quando todos sentam à mesa, o anfitrião oferece pastel de lagosta. Bueno, deve ficar bom, mas bem abaixo da expectativa, disso não temos dúvidas.
Você se prepara para ver um filme que tem a linda Bryce Dallas como figura central, tendo como guarnição Henry Cavill, Dua Lipa e Samuel Jackson, entre outros menos votados, mas de naipe para truco. Nem lê a crítica anteriormente aliás, não leio quase nunca, a fim de não me contaminar.
E o filme começa com uma trilha de arrepiar. Barry White e o melhor dele: You Are The First,the Last,my Everything. E lá pelas tantas sampam um Beatles com a baladinha Now and Then, fora o aipo. Mas até chegar aos Quatro cavaleiros do Apocalipse pop você já está se decepcionando com o desperdício.
"Argylle, o super espião" tinha tudo para estourar a banca. Um elenco de respeito, um tema de gosto popular, já que é apresentado como filme de espionagem, no entanto, se perde na sátira, descamba para a comédia e acaba sendo apenas isso. Você só está proibido de sair frustrado, em função da trilha sonora bárbara e da Dua Lipa dançando com Henry Cavill, fazendo uma performance com o impensado passinho helicóptero.
É um filme divertido, mas... poderia ser bem melhor. No entanto, quem escreve e vive de criar personagens em mundos particulares sabe muito bem o que acontece entre o cérebro e os dedos. As vezes, de tanto entrarmos no clima, confundimos as dimensões. A escritora
Elly Conway
(Bryce) mostra muito disso.