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domingo, 14 de setembro de 2025

GRACE KELLY

 



"Alcancei grande sucesso no exterior devido não somente aos meus recursos como futebolista nato, mas também por outras circunstâncias, oriundas quem sabe da minha personalidade original, de minha maneira fidalga dentro e fora do gramado e talvez, segundo a opinião das mulheres, pela minha postura de atleta galã. Aliás, dizem que o público feminino começou a frequentar estádios para admirar minhas belas pernas.” Yeso Amalfi. Brasileiro, jogador do São Paulo da década de 40, que fez grande sucesso na Europa, em especial na França, onde ficou conhecido como "Deus do estádio". 

Para saber com quem estão lidando, vô Yeso "deu uns pegas" em nada menos que Brigitte Bardot e Sophia Loren, entre várias outras, a época das categorias de base, mas que depois subiram aos céus Hollywoodianos. Yeso teve uma vida encantadora (morreu em 2014) e é uma personalidade que vale a pena ser pesquisada. Mas por que estou fazendo referência a ele hoje? Simples: foi ele quem tornou Rainier II, de Mônaco, um príncipe consorte (bota sorte nisso!). E hoje, 14/09, em 1982, a estrela foi juntar-se às Três Marias lá em cima, viuvando Rainier. A nós, já tinha viuvado em 1956.


Vô Yeso apresentou sua amiga Grace Kelly ao Rainier, e o resto da história todos sabem. Grace deixou as telas com apenas 26 anos para ser princesa, e um acervo de 11 filmes, os maiores e mais bem votados do gordinho Hitchcock, que vez por outra dou uma visitada. Viveu nas telas o suficiente para se tornar mito. 

Linda Grace! Modelo de elegância e classe, e inspiração de uma ou duas gerações de moçoilas suspirantes. Ave!

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

CURTINDO A VIDA ADOIDADO


 

'Life moves pretty fast. If you don't stop and look around once in a while, you could miss it.' ('A vida se move muito rápido. Se você não parar e olhar ao redor de vez em quando, pode perder). - Ferris Bueller.

Ferris Bueller é o hoje sexagenário Matthew Broderick, e a frase do personagem é do filme "Curtindo a vida adoidado". É o melhor filme do gênero adolescente, sem dúvida alguma.
Não sei quantas vezes o assisti, no caso como envelhescente. E quase sempre sábado à tarde, quando quero dar uma viajada ao universo paralelo que carrego no cérebro. Um paradoxo temporal sem a necessidade de mudar nada. Só pela viagem mesmo. E pipoca, mate ou cerveja.
É impossível não se comover, porque aquela gurizada são os os veteranos de hoje. Foi gravado em 1986, ambientado na própria época, mas se tivesse sido rodado vinte anos anos antes, estaria no tempo adequado. É daqueles filmes que vamos morrer aguardando uma sequência.
E mais: "Twist and shout", para quem é Beatlemaníaco quer dizer isso mesmo. É a vontade pela tradução literal "Agitamos e gritamos". A música é de Phil Medley e Bert Russell, gravada originalmente por The Top Notes, em 1960, mas explodiu com os guris de Liverpool, em 67. Tem cenas absolutamente marcantes, como a da gurizada nacionalista cantando e dançando na rua, festejando a vida ao som dos ícones da "invasão britânica".

"O envelhecimento afeta a percepção e representação neural subcortical, da harmonia musical, e assim deixamos de gostar de novas músicas". Quem disse isso foi a doutora Cristiane Rocha, que não conheço, mas voto na íntegra com a eminente relatora. Faz parte do conjunto das nossas paixões que, embora continuem vivas, são afetadas pela idade. O que era incandescente vai ficando morno, o que era preto vai branqueando e caindo e, bueno...
Quando estiver por aí, al pedo, abichornado, atravancado ou atravancando, assista. Volte lá na origem de tudo. É um filme para assistir de pé, ensaiando os passinhos de ontem, com moderação. Faz um bem enorme.


02/11




No dia 02/11 eu olhava para trás, buscando vestígios partidos. O que via, nada mais era que um vácuo carregado de nuvens de dor. Com o tempo essa nebulosidade foi esmaecendo, suavizando, e os focos de lembrança partidas adormeceram no cinza da memória. Estão lá, como fotos de cabeceira que guardam, além de imagens, carinho.

No retrovisor não havia mais nada, e por uma razão óbvia: estava tudo dentro de mim. Bastava um passeio por dentro para visitar a saudade que, também com o tempo, teve aparadas suas bordas doloridas. E de saudades, ah, disso eu entendo. Em determinado momento percebi que saudade é coisa boa e a gente não mata, apenas realimenta.
Afetos não morrem. Eles são como os livros, somente a parte que escreve se vai, a outra se eterniza na estante para ser sempre vista e cultuada. Pais, mães, irmãos e demais familiares únicos e imprescindíveis estarão sempre na primeira prateleira. E também por dentro estão outros entes queridos, também insubstituíveis, e partes das vidas que eu perdi, cuja matéria se desfez, mas a alma está lá, na mesma estante, na prateleira da linha dos olhos.

É um dia duro, de lembranças e saudades. E também de inconformidades por algum mal que se fez ou por um bem que se deixou de fazer. Se fez, desfaça, se não fez, a hora é agora. Acredite: sentir saudades, ainda que desperdiçadas, é melhor do que matar lembranças doloridas. E agradeça a Deus por ainda ter tempo de fazer isso.

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

SUITE FRANCESA



O título é extremamente atraente e, embora choque com o tema, se insere bem na contexto criado para a obra, e no clima entre os personagens principais. O pano de fundo é a segunda guerra mundial, ano 1940.

Uma família francesa rica é obrigada a hospedar o oficial alemão, Bruno (Matthias Schoenaerts), um sujeito refinado, romântico, que demonstra desconforto com a farda, mas é ciente do dever. Lucille, a mocinha, mora com a sogra controladora, enquanto o marido está no front e a gente não sabe de quem se trata, uma vez que não dá as caras no filme.
Demora um segundo para Bruno sentir-se atraído por Michelle. A recíproca demora um pouco mais, mas é inevitável. E vivem por alguns meses uma discreta, mas intensa, história de amor. Na guerra, porém, há pouco espaço para o amor, e nada de espaço para amor entre antagonistas. Mas amor é amor. Rompe fronteiras, quebra convicções e gera sacrifícios, nem sempre compensados.
Michelle Willians, a Lucille, é uma atriz que parece ter um talento especial para o sofrimento. Sustenta muito bem a carga dramática, e é o expoente do filme, com uma atuação tão boa que a gente não se dá conta de que a sogra é a maravilhosa Kristin Scott Thomas, e muito mais maravilhosa ainda, fazendo apenas um biquinho pra lá de desnecessário, está a usina geradora de suspiros Margot Robbie.
Um bom filme, que Lucille nos conta em playback, vivendo longe do foco trágico dos acontecimentos, e depois que a França retomou a posse do território.