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quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

TER ESPERANÇAS, COMO O'HARA


O calendário me informa que hoje é o dia da Graça de 11.12.13, e gisa o fato de que esta data nunca mais acontecerá. Não nesta sequência. Óbvio, uma vez que não repetiremos mais 2013, e eu emendo: Graças a Deus!.

Pois vá, 2013. Vá que outros tantos já foram e a estas alturas da vida não sei quantos outros ainda poderão vir para irem-se. Logo ali você será uma lembrança vaga que não rodará no VT do melhor das minhas saudades. Vou lhe colocar as culpas dos meus atropelos. Um pouco por humano, outro pouco por covarde. Não posso assumir tudo sozinho. Paciência. Alguém que não me cobre depois deve ser sacrificado.

Vá, 2013. Vá que o outro está mordendo o freio de ansiedade, e se bobear lhe atropela, e eu estarei batendo palmas para isso, um pouco por sádico; um pouco por redimido. Bom pensar que 2014 interfira por mim. Você, 2013 haverá de perceber no espocar dos fogos e vivas ao novo rebento, um pouco das minhas vaias. Assim, sepulto contigo os dissabores sem riscos. Tempo não ressuscita, portanto, sem essa de pagar depois em nova vida que começa, dizem, três dias depois. Você não terá esta chance.

Há uma camada de fel que deve ser removida e estou fazendo agora. Vivo com tanta ansiedade e pressa, justamente por me saber além do meio da quadra para a última esquina, que escorraço as mazelas do jeito e forma que sei, e faço isso no final do ano, quando este, em espasmos, bate em retirada já sem munição. Mas não dá para facilitar.

Bom de lembrar Scarlett O"Hara no auge da depressão: “apesar de tudo, amanhã é um novo dia” (...E o vento levou). Pois então, quando uma paleta de neonato Texel estiver choramingando lágrimas de gordura nas brasas do purgatório caprichadamente produzido, pendurada lá no alto, até que descole os ossos, estarei brindando a chegado do novo. Nunca mais 2013! E nem que chova, vou sair e olhar o céu. Lá estará, por certo, a mesa posta pelo Altíssimo Confrade: uma toalha azul-marinho salpicada de diamantes, um prato branco da mais fina porcelana, com relevos discretos (ouvi dizer quando criança que se tratava de uma foto do amigo Jorge dando um pau no dragão). E nesse único prato servido para todos os comensais de fé, descansará o cordeiro por brevíssimos momentos, depois virão outros bichos inocentes do presépio que não escavem para trás, e que não matam nada além da nossa gula. E a lentilha! Ah, essa mentirosa.   


Que nos seja leve o 2014. Que revitalize as esperanças, aproxime as gentes e multiplique os afetos. Que continuemos produzindo coisas que nos tornem inesquecíveis para alguns, e que haja muitos momentos bons de serem guardados. Que a nossa usina de vontades continue juvenil, superando as contrariedades das pernas, dos braços e dos ai-ai-ais do resto da estrutura. E que, por fim, não haja vazios.  

FAZENDA TARA. CENÁRIO DE ...E O VENTO LEVOU


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