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sábado, 27 de fevereiro de 2021

TEMPO DE COLÉGIO


 Ela não me via. Nem precisava,

Bastava eu vê-la.

E todas as vezes que a vi, sem ser visto,

Guardei um pouco dela.

 

Por não me ver, perdeu quase nada.

Partiu pra longe, onde foi viver seus dias.

Como levou pouco mais que nada,

Não percebeu o que meu olhar dizia.

 Misturado à paisagem da pracinha,

Eu a via do outro lado da calçada,

Cabelo ao meio, franja, Maria Chiquinha,

Blusa branca, tope, saia plissada,

 

E vivo de buscar essa imagem fixada,

No álbum da memória em desalinho.

Sempre a mesma, nunca desgastada,

Na estante dos sentimentos bem guardados.

 

Andamos vivendo em tempos paralelos.

Ela sem meu foco atônito e sem trilho,

Procurando um elo onde seus verdes viam.

Vivia no brilho que eu quisera aprisionado.

 

Nas calçadas ficaram meus passos;

No cosmo o de mais puro eu sentia.

E no peito ainda procuro a emoção incrível,

Do sorriso incerto que eu juro ter ganho um dia.


12/76

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