Ela não me via. Nem precisava,
Bastava eu vê-la.
E todas as vezes
que a vi, sem ser visto,
Guardei um pouco
dela.
Por não me ver,
perdeu quase nada.
Partiu pra longe,
onde foi viver seus dias.
Como levou pouco
mais que nada,
Não percebeu o
que meu olhar dizia.
Misturado à paisagem da pracinha,
Eu a via do outro
lado da calçada,
Cabelo ao meio, franja, Maria Chiquinha,
Blusa branca,
tope, saia plissada,
E vivo de buscar essa
imagem fixada,
No álbum da
memória em desalinho.
Sempre a mesma,
nunca desgastada,
Na estante dos
sentimentos bem guardados.
Andamos vivendo em
tempos paralelos.
Ela sem meu foco
atônito e sem trilho,
Procurando um elo
onde seus verdes viam.
Vivia no brilho
que eu quisera aprisionado.
Nas calçadas
ficaram meus passos;
No cosmo o de
mais puro eu sentia.
E no peito ainda
procuro a emoção incrível,
Do sorriso incerto
que eu juro ter ganho um dia.
12/76
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