Powered By Blogger

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

AVE, ENNIO.



Hora de permanecer nos bastidores e prestar reverência ao mago dos sons; àquele que fazia a voz das cenas sem texto.

Ennio Morricone, o gigantesco compositor e arranjador italiano de mais de 500 trilhas sonoras entre cinema e TV, deu hoje seu último acorde por aqui, aos produtivos 91 anos. Há quatro anos (2016) conquistou seu último Oscar pela trilha de "Os oito odiados", do Tarantino.
Tendo associado seu nome no início a Sergio Leone e seu estilo western spaghetti, que a Academia olhava de viés, talvez não tenha sido percebido logo de cara. Com o tempo e algumas obras incontestáveis depois, junto com Clint Eastwood, que em 2007 lhe entregou um Oscar honorário por suas múltiplas e magníficas contribuições ao cinema, ultrapassaram os conceitos clássicos dos gabaritos hollywoodianos e não pararam mais de conquistar prêmios.
Há dois sentimentos quando parte uma estrela desse porte, no tempo em que se foi. Primeiro um lamento pela finitude da vida e segundo outro lamento pela finitude da vida. Só não percebo perda, uma vez que a sua obra, florida de partituras por mais de 60 anos de carreira o manterá vivo.

Ennio partiu em novembro de 2022, mas deixou sons eternos. Ave, Ennio!

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

MULHERES ADIANTE DO TEMPO



Alguém, não sei quem, pela primeira vez disse a frase/sentença: "essa é uma mulher muito à frente do seu tempo". E uma vitrine dourada para isso, quando o mundo ameaçava a se globalizar foi Hollywood. Uma dessas mulheres, Hedy Lamarr, atriz e inventora austríaca, cheia de virtudes físicas e intelectuais, que conquistou Hollywood, o mundo e retirava suspiros do velho Portella. Linda, talentosa e dona de um QI extraordinário.

Mas Mae West (08/1893 - 11/1980) é mais antiga e vivia de traduzir em palavras claras, sentimentos e desejos latentes, e alguns inconfessáveis para a pudica/hipócrita sociedade americana. Divirtam-se com os pensamentos dela:
“Quando sou boa, sou muito boa, mas quando sou má, sou melhor ainda”
“Uma mulher só precisa de quarto animais na vida: uma raposa no armário (estola), um tigre na cama, um Jaguar na garagem e um burro para pagar tudo isso.”
"Querido você está com uma lanterna no bolso ou isso é uma declaração de amor?"
“O amor vence tudo exceto pobreza e dor de dente”.
“Eu mesma escrevi a história. É sobre uma menina que perdeu a reputação e jamais sentiu falta dela”.
“Entre dois pecados, eu escolho um que eu ainda não cometi”
“O que conta não são os homens em minha vida, mas a vida em meus homens”
“Claro que meu amante pode confiar em mim. Eu disse a ele que centenas já confiaram.”
“Subtração aritmética é deixar com 2 dólares um homem que tem uma nota de 100.”
“O casamento é uma grande instituição, mas eu não estou preparada para as instituições”.
“Entre dois males, escolho sempre aquele que nunca experimentei”.
“Quando as mulheres erram, os homens vão atrás”.
“Errar é humano, mas faz você se sentir divino”.
“Você nunca será muito velho para ficar mais novo”.
“Garotas boas vão para o céu, as más vão para todo lugar”
“Nunca amei ninguém do jeito que amo a mim mesma.”


quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

SOMBRAS DO PASSADO



É uma história e tanto! Laços familiares intrincados, mal resolvidos em tons cinza-chumbo. Iris é uma advogada competente, com um filho autista, que exige muito zelo e sua total prioridade.

Circunstancialmente na casa de sua mãe, o chão ameaça se abrir sob seus pés, ao descobrir, também circunstancialmente, a existência de um suposto irmão. Ray, o suposto irmão escondido pela mãe, também é autista e está em prisão perpétua em uma clínica, condenado por duplo assassinato. Mas a história toda não é bem assim. Ao conhecer o suposto irmão, Iris desenvolve a certeza de que ele é inocente e então vai fundo na trama que é muito mais complexa e feia do que se anuncia. A intrigante cicatriz de queimadura que a mocinha tem na região lombar ajuda a desvendar um dos mistérios.

Desempenho espetaculares da protagonista (Angela Schijf) e do suposto irmão Ray (Fedja van Huêt) que empresta uma autenticidade magnífica ao personagem autista. É importante ligar-se nos atores, uma vez que há outros filmes com esse título. Os países baixos andam produzindo obras maravilhosas.

Gostei muito do filme. Pequenos pecadílhos no roteiro não deslustram o desempenho dos personagens, nem a história de desfecho comovente, que foca aspectos importantes do TEA e da resiliência de quem convive com ela. O do sofá fica ligado de créditos a créditos.