Alan Mathison Turing foi um matemático, cientista da computação, lógico, criptoanalista, filósofo e biólogo teórico britânico. Um currículo acadêmico e tanto. Mas quem de fato é Turing na fila da vacina?
quinta-feira, 10 de outubro de 2024
𝐎 𝐉𝐎𝐆𝐎 𝐃𝐀 𝐈𝐌𝐈𝐓𝐀ÇÃ𝐎"
AUSTRALIA
É um filme que divide opiniões do público. Longo, cansativo, por vezes sonolento, mas com ingredientes suficientes para preencher 2:30 de projeção. É o cuidado que têm que ter esses longas metragens que se propõe a contar uma saga humana completa. Aventura, ação, amor, ódio, jogos de interesses, com tempero de guerra, e um passeio consistente sobre os aspectos culturais da locação. Porém, como foi o meu caso, para quem consegue se integrar à trama e ao roteiro, é maravilhoso.
Também foi visto com reservas pela crítica que, apesar de ser bem premiado, deveria ter sido mais. Nicole e Jackman não foram lembrados para as estatuetas. Tudo bem, tinha outros pesos-pesados no Oscar de 2009, mas deixar a trilha sonora de fora é quase uma aberração. Ora, um filme com som de Elton John (The drover's ballad) e a saudosa "Over the rainbow", do "Mágico de Oz" não estar entre os indicados foi uma falha. Trilhas parecem ser uma fixação de Baz Luhrmann, o australiano que produziu e dirigiu a trama. Ele não tem uma filmografia longa, mas tinha feito o musical "Moulin Rouge", tempos atrás, com a também australiana por opção, já que nasceu no Havai, Nicole. Quase um nepotismo.O filme conta a história de uma emplumada inglesa, milionária, proprietária de uma fazenda na Austrália, que com os sufocos da Segunda Guerra afligindo o Reino Unido, resolve ir ver como estavam as coisas, lá, longe da fumaça das bombas. Chegando lá, se vê segura no pincel. Viúva, o marido fora assassinado, e sem entender patavinas de castração de touro. Então conhece o vaqueiro Hugh. A química entre os protagonistas, apesar das reações refratárias iniciais, é extraordinária. Algo como uma versão de estética perfeita de a bela e a fera. Wolverine se deu bem, e Keith Urban, marido da Nicole, deve ter tremido na base.
𝗔𝗗𝗘𝗨𝗦 À𝗦 𝗜𝗟𝗨𝗦Õ𝗘𝗦.
CONTA COMIGO
Dizem que juntos, não conseguimos formar um grupo maior do que quatro amigos. Eu falo de amigos, aqueles assim como bem definidos por Franklin, cuja frase me apropriei e repito à exaustão.
"Conta comigo" é sobre isso. Um filme simples, sem luxo, sem musa, sem beijos ou cenas eróticas, e de baixo custo, que venceu todas barreiras com o mais poderoso dos argumentos: a amizade. Na trama, fruto do companheirismo, da pureza e do irresponsável espírito adolescente de quatro meninos: Gordie, Chris, Vernie e Teddy.Gordie Lachance, o narrador e alter ego de Stephen é escritor, e lembra de uma aventura vivida no verão de 1959, junto com os amigos quando tinham 12 anos. Viviam numa pequena cidade do interior dos EUA e um dia saem em busca do corpo de um jovem sumido na mata.
Tudo é inesquecível nesse filme. A trilha ""𝐒𝐭𝐚𝐧𝐝 𝐛𝐲 𝐌𝐞" pela voz única de Ben E. King comove ainda mais o cenário, e ajuda a buscar um pouco de nós em cada um daqueles moleques.
Revejo a cada 20 de julho por motivos óbvios, mateando e sentindo saudades dos amigos que estão por aí, que vejo quando Deus permite, e dos que já se foram e que verei quando Deus resolver nos reunir. Pero... Despacito, Viejo
𝐀 𝐂𝐀𝐒𝐀 𝐃𝐀 𝐑𝐔𝐒𝐒𝐈𝐀
O filme dá meio que um nó no expectador. Nó Górdio! O nosso eterno 007, Sir Sean Connery, no entanto, torna palatável qualquer filme de enredo confuso, em especial se for tipo aqueles que o consagraram: a espionagem. Já sua partner, basta que apareça em cena e, vez por outra, olhe em direção a tela onde estaremos de olhos fixos e pálidos de espanto. Michelle me faz ver o quanto a beleza dói. Dói à proporção de não podermos enclausurá-la. Enfim...
CARTAS PARA JULIETA
Um filme pode ter maus atores, enredo atrapalhado e outros pecadilhos. Mas se deixar uma mensagem legal se salva. E há aqueles que deixam um "queromais" , porque a temática instiga e sobra espaço para desenvolver. Como "Beleza oculta", por exemplo. Lindo e frustrante.
BELEZA OCULTA
É um filme que me provocou sentimentos variados. Um baita tema, um bom elenco, uma história sensível, mas... acabei ficando no vácuo. Achei frustrante, em função da expectativa que se cria durante a narrativa. Há tanta coisa para falar sobre o Amor, o Tempo e a Morte... Imagine então vê-las personificadas, agindo como velhas conhecidas! Ora... Cobrar do Amor o seu real significado, mais que aprisionar-se a ele; questionar o tempo e sua inexorabilidade; sua infatigável corrida, às vezes ao nada; e brigar com a morte ou negociar com ela sobre prorrogação e pênaltis... Bah! Há muito pano para manga. Enfim... Mas é aqui que se esconde a beleza colateral que propõe o filme: no imponderável.
O SEGREDO DOS SEUS OLHOS
Às vezes, no entanto, olhos são mudos e ilegíveis. E aí voltamos às nossas impossibilidades, o quando mais conformados melhor.
Então... Alguns anos atrás dei de cara com "O segredo dos seus olhos"! Um filme argentino baseado no livro de Eduardo Sacheri (El secreto de sus ojos - o título em espanhol é de cortar os pulsos), protagonizado pelo grande Ricardo Darin e pela linda, carismática e gran cantante Soledad Villamil.
O filme trata de duas coisas. Fala de um romance escrito com o intuito de desvendar um crime acontecido um quarto de século atrás, e é também a tentativa de resgate de um romance não vivido na mesma época. Ambos são reais e se desvendam. Um com uma descoberta e o outro quando alguém diz: "...Cierra la puerta". Lindo!
A trama recebeu Oscar de melhor filme estrangeiro e Soledad também recebeu loas . No entanto, fosse rodado em Hollywood, dirigido por qualquer um dos estrelado hollywoodianos, por certo estaria entre um dos indicados para a estatueta principal. E o portenho Darín, há muito já deveria estar recebendo outros brilhos. Bastaria não torcer para o River. O cara é um monstro.
Anotem. É imperdível
O LADO BOM DA VIDA
O filme chama a atenção por vários motivos. O título "O lado bom da vida" é um clamor diário quase obrigatório, depois da primeira espreguiçada, para que possamos perceber que nem tudo é política suja, nem tudo é Putin... Nem tudo passa pelos cascos dos quatro matungos de são João Evangelista que galopam pelo mundo. Tudo na vida tem dois lados. Mas como uma moeda, é feita do mesmo material.
O casal protagonista está no topo da nova geração da indústria: o ótimo Bradley Cooper e a maravilhosa Jennifer Lawrence, cuja atuação neste filme faz com que, aos 22 aninhos, após tropeçar no vestido e cair na escada, leve para a prateleira de casa o seu primeiro Oscar. Ambos são amadrinhados pelo decano Robert De Niro.
"O lado bom da vida" é um filme de 2012, que trata de pessoas psicologicamente doentes, com uma visão humana, real e sensível. Gira em torno da jovem viúva Tiffany (Jennifer), que lida com a depressão passando o rodo geral, e um cara de sucesso, Pat Jr (Bradley), que entra em parafuso, faz escolhas erradas e perde tudo: emprego, casa e esposa, e acaba internado em uma clínica. Pat volta para a casa dos pais mediante algumas condições, e com a ideia fixa de reconquistar o que perdeu, em especial a mulher.
E por fim a terapia, onde dois despirocados se encontram no link mais simples e antigo à disposição dos mortais: o amor.
A trilha sonora é especialíssima e para gostos variados. Mas se é para escolher, fico com "My cherie amour", do Stevie Wonder, que mexe comigo, e no filme desperta em Pat Jr os instintos mais primitivos.
Quem não viu, está perdendo. Eu assisto ao menos uma vez por ano, desde que foi lançado.
𝘼𝙇𝙄𝘼𝘿𝙊𝙎
O filme conta a história de dois espiões de países aliados, que recebem a incumbência de matar um diplomata nazista no Marrocos, durante a Segunda Guerra. Os agentes devem cumprir alguns protocolos, como simularem ser um casal, e se entrosarem à sociedade marroquina.
Mas a gente sabe, desde a escalação dos protagonistas, de como acaba a tal simulação. E isso ajuda na humanização da crueldade de suas profissões.
Todas as vezes que assisti a "Aliados", sinto os pés na areia, lembrando de "Casablanca". Mesma locação, ambientação na segunda guerra e dois protagonistas charmosos. Não tem como não viajar no clássico dos inesquecíveis Rick Blaine e Ilza Lund Laszlo (Bogart e Bergman) e do velho Dooley Wilson sentado ao piano tocando "As time goes by".
Entretanto, "Aliados", me faz lembrar de outro filme que teve protagonistas de luxo, cenário mágico e uma música maravilhosa, mas que deixa certa frustração, porque o roteiro varia entre o exagero e a falta. "Adeus as ilusões", com Burton e Liz. Aliados cria interrogações desnecessárias, deixa alguns vazios na trama, contando que o elenco poderoso, Brad Pitt e 𝐌𝐚𝐫𝐢𝐨𝐧 𝐂𝐨𝐭𝐢𝐥𝐥𝐚𝐫𝐝 (𝐪𝐮𝐞 𝐚𝐭𝐫𝐢𝐳 𝐞𝐬𝐩𝐞𝐭𝐚𝐜𝐮𝐥𝐚𝐫!), a musa de "Piaff, um hino ao amor", resolva no talento.
Mas é um filme bom de assistir (sou repetente). Bonito, tenso e com um final apoteótico, que praticamente paga a obra. Marion , mostrando um figurino premiado, sobra em atuação. ofuscando o bonitão ex da Angelina. Ótima e integrada trilha sonora.
terça-feira, 31 de agosto de 2021
TRINTA E UM DE AGOSTO
Marilia, a namorada, e eu, saíamos do teatro debatendo o que acabávamos de assistir. Mas não me lembro se foi "A ópera do malandro" ou "Gota d'água", que o antigo Leopoldina levava. Era 1980, portanto, tempo bom para andar a pé por Porto Alegre, a qualquer hora das 24 disponíveis. E andamos bastante, falando cada vez com mais entusiasmo sobre o que vimos. Eis que, em 1980, já não era mais tempo bom para andar a pé por Porto Alegre em determinadas horas. Dez da noite, por exemplo.
Passando sob um viaduto, três malandros, de posse de bons argumentos para o crime, ou seja, revólver, faca e raiva, nos abordaram. Com o primeiro “argumento” colado na testa e ou outro na garganta, entreguei meu relógio e a carteira. Enquanto fazia a entrega, vi um dos malandros arrastando a namorada para um cantinho mais reservado... Gelei. Tirei minha jaqueta e couro novinha e meus sapatos, peguei a namorada de volta e fui embora andando devagar, degustando cada passo com um tiro na nuca. Ora, Marilia era um quindim e, a despeito do papo empolgado sobre teatro, no fundo, no fundo, eu tinha planos para dali a bem pouco tempo. Mas não rolou. Não naquela noite porque a flacidez tomou conta de todo minifúndio, no momento, improdutivo.
Em outro 31/08, eu estava em uma indústria, acompanhando um funcionário que tinha reunião com o diretor financeiro. Era dia de pagamento por lá. Portanto...
A porta de entrada eram duas folhas enormes de
vidro, meu colega estava de costas, e eu em frente ao balcão, apenas com o
casaco jogado sobre os ombros. Detalhe: eu tinha sacado uma boa importância que
deveria ser paga cash aos vendedores, e que estava distribuída nos bolsos.
Súbito o meu acompanhante entra em processo de voo, mas não decola, ao
contrário, se estatela no chão, dez passos além de onde estava. Virei para
olhar, enxerguei um cano de pistola e a primeira sentença "chão!" e
ouvi a segunda sentença, essa para o pessoal de dentro do balcão: "se
alguém tocar no telefone, eu apago ele!". Ok. Com um dos pés do sem
vergonha nas minhas costas e o cano do revólver brincando de vai-e-vem na minha
nuca, entrei em stand by. Sabia o que estava ocorrendo, mas era como num sonho.
Até que, não sei quanto tempo depois, alguém tocou no meu ombro. Como estava de
cara no chão, olhei de viés e vi um crachá. Ora, ladrões não usam crachás...
Então levantei, tateei os bolsos, tenso... tudo lá.
Eu estava leve como uma pluma, sorridente, de bom humor, afinal, acabara de sair do estado alfa. E por óbvio que não havia mais clima para reunião alguma, então, nos despedimos do pessoal e fomos embora. Entrei no Passat do colega, sentei, respirei fundo... Ao expirar, desceu o inferno contido. Tremi tanto que sacudia o carro. Então disse ao colega "me deixa e casa e vai descansar. Por hoje chega".
Bueno, às três horas da tarde eu fui encontrado sorridente e estabilizado, sentado no sofá da minha sala, tendo ingerido meia garrafa de estabilizador envelhecido em barril de carvalho.
Desafio a quem me conhece bem, que diga se eu marco alguma coisa para esse dia. Aqui, ó!
terça-feira, 20 de julho de 2021
VLADS REPUBLICANOS
Me fazem lembrar, de novo, de um antigo confrade.
Lembram do Vlad? O Vlad Tepes, velho de guerra,
Sanguinário cavaleiro das estepes.
Lembro nem tanto pelo seu nome,
mas pelo mito que ele encerra.
Saiu da vida para entrar na história,
Porém, com escusa glória,
E desta para a fábula
por gostar de pescoços,
Mais precisamente das jugulares,
Além de outros prazeres sádicos singulares.
O moço cuja alcunha sagrou-se em mácula:
Drácula (filho do demônio ou do dragão),
Assim apelidado pelo povo cagão,
E por inimigos cultivados em todos os lugares.
Manjar duro e insosso,
Gostava mesmo era de alvoroço
e de fazer mágica com estaca,
O que aqui não se destaca
E o que se diz não se chancela.
Não é higiênico nem pudico
dizer o que gostava de fazer com ela,
No popular, porém, eu simplifico,
Já que para nos empalar
Quem nos comanda nem se acautela,
Muito menos engambela.
Vão no seco, enquanto o povo cochila,
Sem óleo ou vaselina,
Enfiando o artefato de bambu
Onde a espinha troca de nome.
É prática comum daquela quadrilha,
Que enviamos e reenviamos a Brasília,
Para mexer no erário como se fosse bem de família,
.
Lembro do Vlad a cada quatro anos,
quando se descortinam novos planos,
De velhos e novos vilões palacianos
e seus pensamentos cartesianos.
Ungimos quem nos faz enfia pelo cano
e ajudamos a concretizar os danos
aos cofres republicanos.
São sugadores, chupadores,
vampiros e outros extrativos vetustos,
Como supunham ser o velho príncipe augusto,
Que acabou se consagrando pelo susto,
Que nos assombra feito alma penada,
Não quer saber de mais nada.
Importa pouco vê-la dilapidada.
E assim se vão, de enrabada em enrabada,
De dia ou de madrugada,
Fazendo o que fazia o príncipe hostil:
A cada emboscada, uma empalada!
Essa é a síntese, empalados deste Brasil,
Que um dia se orgulhou de ser varonil.
A esperança se foi à camada pré-sal.
Fundiram o caixa do nosso arraial.
Só faltava mesmo esse nexo causal,
Não originado em mau ciclo menstrual,
Nem por excessos de pó via nasal.
Em um tempo em que o mundo passa mal,
E exigem sacrifícios da sociedade civil,
Para cruzarmos por essa pandemia abissal,
Surge a corja nefasta, por nós tornada casta
do republicano covil,
E triplica o seu fundo eleitoral!
Impossível ficar impassível.
Precisamos mudar de nível
Sairmos já desse estado depressivo.
Ou voltarmos de vez ao estágio primitivo,
a fim de tirarmos o nosso da estaca.
E que, enfim, a urna que tem sido a cloaca,
Com ou sem recibo, seja o pau para matar a jararaca.
Eu, em nenhum deles me agarro,
Porque priorizam sempre a própria guaiaca.
E nós aqui, feito babacas,
Aceitando de boa as reeleições!
Sou contra quem se abstém,
Voto sempre, mas não reelejo ninguém,
Muito menos nos gatos de armazém
Que fazem leis para nos tornarem reféns.