Lendas “sharpeanas” (1)
A Sharp foi pioneira em muitas coisas. Sistema de vendas,
remuneração diferenciada, vanguarda tecnológica. Seus comerciais de TV estavam
sempre na frente do tempo em produção e beleza. Sem considerar o ambiente de
trabalho dinâmico e apaixonante.
Em 1983 lançou o primeiro vídeo-cassete no Brasil. Não era
lá grande coisa em termos de tecnologia, mas enfim, era um produto
nacionalizado e pronto para revolucionar o nosso mercado, numa época tão
carente de novidades.
Na onda deste aparelho, o consumidor se entusiasmava com a possibilidade de poder
escolher o que assistir em casa, muito em
especial o “macherio”, que salivava
com as fitas pornográficas. Assisti-las era tarefa muito espinhosa para homens que
queriam manter o status de seriedade, já que as salas de cinema que as exibiam ficavam
na nossa “boca do lixo”. Então, ante a possibilidade de assistir um filme tipo Garganta profunda em casa deixava em
cãibras cabeça, tronco e membros, um em especial.
A primeira operação de venda feita na filial Porto Alegre,
lembrando que a venda era feita direta ao consumidor final, foi realizada para um
militar de alta patente. Nosso vendedor foi ao destacamento com visita
pré-agendada. O futuro cliente estava fascinado com a idéia de possuir o
aparelho, mas abismado com o preço (foi lançado a U$3.000). Após longa
negociação, habilmente então o vendedor deu o golpe de misericórdia: “meu
comandante, assine o pedido e eu lhe mando uma fita pornô, de brinde”. Pedido assinado e entrada na mão, o colega retornou à filial como o
pioneiro na venda de vídeo cassete no estado.
A entrega demorava cerca de 30 dias e nesse meio tempo era
uma ligação atrás da outra, do cliente para o nosso colega. O aparelho chegou
perto de um final de semana, não lembro o dia. Soube depois que, ato contínuo,
o comandante mandou mulher e filhos para a praia, com a justificativa de que
teria uma operação de alto envolvimento durante todo o final de semana, e não
poderia dar a devida atenção para a família. Contou que
preparou a imersão logo na sexta. Poltrona a um metro da TV, uísque e
salgadinho. Uma vez instalado o aparelho,
sala a media luz e já em ebulição,
colocou a fita (o aparelho, em função da novidade era entregue com uma fita VHS
demonstrando todo o processo operacional, passo a passo).
“Play!” O
apresentador contratado pela Sharp começou a demonstração... Passo a passo... Passo
a passo... E a tensão aumentando... O telespectador passou então a pressionar o fw para que começasse logo o fudunço... E pressionava cada vez com
mais força e a tensão aumentando... E o apresentador passo a passo,
didaticamente. E... Terminou a fita. Foi ao lixo para ver se tinha colocado fora a
tal fita pornô prometida... E nada. Nada
além de muita raiva e uma imagem fixa: a jugular do colega.
Segunda-feira, oito horas da manhã, toca o telefone do
departamento. Atendo, era o comandante. “Cadê o + &@@%#$ X*§-?". Passei o telefone ao “+ &@@%#$ X*§-”, que
ouviu, ouviu, ouviu... E no final disse candidamente: “Mas meu comandante, eu
lhe prometi uma fita para por no vídeo-cassete, não foi? Pois então, deve ter
ido a fita para pornô vídeo cassete. ..”
Nenhum comentário:
Postar um comentário