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terça-feira, 26 de agosto de 2025

YESTERDAY - UMA TRILHA DE SUCESSO

 


"Rebecca, a mulher inesquecível", de 2020, uma releitura de mesmo nome do rodado em 1940, um filme de Hitchcock, me fez gravar um nome: Lily James. E quando gosto de algum artista novo, saio a cata de filmes em que estejam presentes. Esbarrei em um: "Yesterday - uma trilha de sucesso". Ora, ao menor sinal da palavra Beatles, peço que parem as rotativas para que eu encontre uma chamada forte para a realidade.

Esse filme (Netflix e Prime video) é a cara dos filmes rodados pelos quatro cavaleiros do apocalipse pop. Dinâmico, juvenil, um humorzinho duas quadras pra lá de sem graça, mas uma trilha sonora... Bueno, quando se trata de Beatles a gente não assisti, ouve.

A trama se desenvolve a partir de um bug; um apagão global, onde um músico inexpressivo descobre que só ele lembra da existência dos Beatles. Quando começa a desfilar o aquele repertório inesquecível como se fosse seu, por óbvio, vira pop star. Até que a consciência e uma dentucinha charmosa e inocentemente sensual o façam repensar e recompor a verdade. Ajudado também por um casal de veteranos, que como ele também escapou do bug e conhecem a verdade.

O imaginário da direção cria um John Lennon, então com 78 anos, aposentado e vivendo na praia. Um apêndice desnecessário, que incrivelmente consegue ficar fora de contexto. Lennon fora de contexto em um filme dos Beatles!

Ao humor sem graça junte-se a falta de carisma do personagem principal e a inexistência de química entre o casal protagonista. Lily é areia demais para a caçambinha do Patel. Ela é bem isso, embora nesse filme só pareça a metade: uma carinha de anjos, um deles caído.

Fora isso, gostei do que ouvi.

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

AMOR E OUTRAS DROGAS




É um filme que dança entre a comédia romântica e dramas pessoais, que envolvem uma doença importante e sem cura, o Parkinson.

No contexto, entra um malandro, de boa família e desgarrado, que trocou a faculdade de medicina pela várzea, acostumado a passar o rodo no time feminino do lugar. Até que encontra uma parceria à altura. Um morena linda, viciada em sexo casual, cujo objetivo único é fazer o tempo passar, da melhor maneira possível e sem compromissos, enquanto as sequelas da doença não a chamam para o terço final.
Anne Hathaway é fabulosa. Linda, charmosa, que empresta aos seus papéis total autenticidade. Faz par com Jake Gyllenhaal, que é bom, mas de algumas prateleiras abaixo. No entanto se encaixam muito bem na trama, com boa química e valorizam o filme. Há várias cenas picantes, porém, de muito bom gosto e devidamente contextualizadas. Sem apelos.
Jamie (Jack) tornar-se vendedor de laboratório, depois de ser demitido de uma loja de eletrônicos, ao ser flagrado transando com uma colega de trabalho. Em uma visita médica conhece Maggie (Anne), rainha das comorbidades, usuária de coquetéis pesados como Prozac, Zoloft e Xanax, entre outros.
E assim começa a saga de um malandro que, ao fim, amadurece com o amor, e se dispõe a viver pelo presente.
Há no filme um enfoque histórico da indústria farmacêutica, que é o lançamento do Viagra, que faz o sucesso profissional do personagem.
Um filme de 2010, muito bom de assistir, que está o Netflix.

terça-feira, 19 de agosto de 2025

A FILHA DO GENERAL

 

A gurizada que amava os Beatles e os Rolling Stones abriu uma brecha no final dos anos 70 para os embalos de sábado a noite, com os Bee Gees e uma série de cantores e bandas fantásticas do disc music. E dançou com Travolta e Olivia Newton-John! Mas Travolta foi adiante. Mostrou que também é bom fora das pistas e faz uma consistente carreira cinematográfica.
"A filha do general" é um exemplo. Um thriller psicológico de 1999, que tem na parceria o poço de sensualidade chamado Madeleine Stowe. Madeleine sozinha enfeita a tela, é perturbadora! Na trama, o agente Paul Brenner (Travolta) disfarçado, tenta desvendar uma operação de tráfico de armas dentro da unidade militar. No entanto, o cenário criminoso amplia seu espectro, quando a capitã Campbell, filha de um general, é encontrada supostamente estuprada, provavelmente estupro coletivo, e morta na base que é de alta segurança, e exposta de forma desumana. Nem o estilo de vida secreto da capitã justificaria tanta violência.

O código de ética criminoso faz com que o agente Paul encontre intransponíveis barreiras de silêncio. Então entra em cena Sara (Stowe), uma agente especializada em crimes sexuais, com quem havia tido um "rolo" antigo. E o que era para ser apenas um crime brutal e revoltante, era bem mais do que isso. Os fatos mergulham em segredos varridos para os cantos, chantagens, vendetas e traições, que comprometem muita gente, inclusive altas patentes do exército.

É um filme tenso, de cenas fortes e muito bem desenvolvido e de desenlace surpreendente, apesar da crítica especializada não ter achado tudo isso. E eu com eles! A trilha sonora, múltipla e variada, ambienta muito bem o cenário

Aproveitem enquanto o Netflix não arquiva.

domingo, 17 de agosto de 2025

A MEIA CALÇA



Não acho que descobrir o nome da pessoa que inventou a meia-calça de nylon vá mudar o preço da gasolina, baixar o dólar, assustar o Putin ou simplesmente mudar o humor de alguém. Mas talvez seja legal saber o porque a gente chama de "gata" uma mulher linda.

Pois a origem vem da gastíssima Julie Newmar, a primeira mulher-gato que, com um rosto lindo e uma carcaça escultural distribuída em 1,80m, que o Criador deve ter largado entre nós, a fim de propagandear "a imagem e semelhança", faria inveja às meninas trabalhadas em procedimentos e filtros de hoje. Julie habitou nossos sonhos juvenis nos anos 60, especificamente enquanto arranhava o Batman. Apesar da plástica privilegiada e algum talento, sua grande participação nas telas foi na telinha, como mulher-gato. 

Julie ainda anda entre nós. Vive em Fort Worth, Texas, já tendo assoprado mais de 90 velinhas. Lida com comorbidades sérias e, apesar do sobrenome de quase craque, dá para ver que não é fácil de ser derrubada.

Ela é a inventora da meia-calça Nudemar,  projetada para dar aos glúteos uma aparência mais arredondada. Julie patenteou no anos 70 e a descreveu como tendo "alívio atrevido no traseiro". 

Essa Julinha...

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

AMORES MATERIALISTAS




Dakota Johnsonf foi elevada à condição de sex symbol da modernidade, a partir de sua escalada de submissões em "50 tons de cinza" e sequências. É linda, charmosa, tem sex appeal e talento, provavelmente vindo do sangue, já que é filha e neta de artistas. Isso faz com que qualquer filme com ela seja atrativo.

Em "Amores materialistas", ela é o centro do filme. Abusa da voz monocórdica e sussurrante, o que contrapõe um pouco a ausência de sexualidade da trama. Não é do que se trata. Não há nem uma química mais apurada entre ela e os personagens masculinos, Chris Evans e Pedro Pascal, o primeiro seu amor pobre, de boas e muito más lembranças, e o outro a realização do sonho de ser rica e riscar para sempre a vida passada.
Lucy (Dakota), é uma casamenteira de sucesso que, ao ver frustrado um dos seus processos, deixa fluir sua própria frustração na vida amorosa, que quer negar. É o momento em que o enredo tenta levar o espectador a reflexões mais profundas sobre o relacionamentos e não consegue. A água é rasa e a superficialidade inevitável. Deixa, no entanto, boas mensagens sobre valores sociais e humanos.
É um filme bonito, com uma trilha sonora de muito respeito (destaco Sweet caroline- Neil Diamond), levemente romântico, muito longe de ser uma comédia e morno. A propaganda, fortemente alicerçada no elenco, é bem mais do que a obra entrega.

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

TERRA SANTA

 

Por longo que tenha sido o caminho percorrido;
Que incontáveis aventuras que eu tenha vivido;
E nem por trinta e três de envido,
Minhas lembranças se perdem dos faróis.

Não troco o lambuzo dos primeiros lençóis,
Na formação dos pubianos caracóis.
Não esqueço o samba na quadra dos Rouxinóis,
Dos surdos, tamborins e atabaques.

Não troco lembrar as gurias de eslaques,
O charme soberbo da Dora Jacques;
Das luzinhas vermelhas de poucos watts;
Dos mistérios da Pata Moura e outras tantas.

Em Uruguaiana o processo vital se decanta.
Uma energia nova sempre me imanta,
Por isso apelidei de Terra Santa,
Onde o gelo junto nos tempos se derrete.

Lá deixei meu jeito de fazer esquete
Brinquei, namorei, dancei, joguei confete
Aprendi o pouco que sei sobre basquete
E o quanto o esporte produz parceiros.

Dê-lhe boca, basqueteiros!
A gente sonha um ano inteiro
Por esse encontro que passa tão ligeiro,
Do grupo que me orgulho de ser membro.

Aqui reviro baús do que me lembro.
São sempre os mesmos contos que desmembro,
Que de novo serão novas em setembro.
E que começo a contar em maio.

Amigos queridos deste velho lacaio:
Com uma espora sem roseta, outra sem papagaio
Saibam que estou pronto, deste solo quase paraguaio.
Vou, mas por enquanto me aquieto. Canto flor... E saio.

SOB O MESMO CÉU




Não tenho grandes expectativas com filmes desse tema, mas se me proponho a assistir dou a atenção devida. E assisti mais pelo elenco, que é composto pela carinha doce de Rachel McAdams, a oscarizada Emma Stone com sua cabeleira vermelha e os dois fuzis verdes que carrega entre os cílios, e um dos queridinhos atuais da academia Bradley Cooper, e mais alguns pesos pesados da velha guarda.

É um filme levezinho, uma quase comédia quase romântica, que conta a história de um piloto talentoso e aposentado jogado na sarjeta, busca recuperar sua vida no Havaí, onde deixou marcas sentimentais profundas. Um ex-amor, ora casada com um colega, que formam uma linda família, tem mágoas de abandono passado e uma revelação capaz de transformar a vida de qualquer um.

E no meio do turbilhão, surge uma colega de armas, linda e desafiadora, que muda o curso da história. Não estranhe se Ng, a colega de armas, é uma havaiana ruiva e de olhos verdes. Mas talvez isso explique a baixa desenvoltura de Emma no papel. Um pouco caricato.

O pano de fundo do romance mostra algumas movimentações políticas na ilha, possessão americana, a ganância extremada dos donos do capital, e a insatisfação dos nativos sobre um novo projeto, mais criminoso do que parece e do qual o mocinho está na linha de frente. Parte da doçura do filme está com Danielle Rose, a filha da família linda.

Quer terminar uma semana com afagos no coração e sorrindo? Assista, mas sem grandes expectativas. Está no Netflix.


quarta-feira, 13 de agosto de 2025

BORBOLETA NEGRA




O sonho de qualquer escritor é adormecer e acordar com uma obra pronta na cabeça. Borboleta negra diz um pouco disso, trazendo um tema intrigante e um roteiro perfeitamente adequado. Entretanto, é um filme em que se faz necessário, depois do final, voltar e rever os primeiros momentos. Sem isso, vai restar uma dúvida enorme e insolúvel. Ou adote Allan Poe: "Não acredite em nada do que você ouve e em metade do que você vê", preste muita atenção e só sirva o vinho depois de cinco minutos.
De acordo com a segunda teoria freudiana, o ID tem um lado inconsciente, primitivo e atávico, e outro lado mais consciente adquirido pela rudeza da vivência. Nesse filme, lotado de simbolismo (a borboleta negra, segundo mitologia japonesa, tem o viés de interface com a eternidade), tudo acontece como em um sonho. Um sonho onde o ID se revolta contra um ego frustrado, bate tanto (literalmente!) que acorda o personagem central daquele estágio mórbido que muitos de nós, metidos a escriba, temos: o bloqueio criativo. Ele começa o filme admitindo, tanto que escreve, que está preso. E o sonho o liberta.
As cenas iniciais parecem desconexas. Procuram-se pessoas assassinadas que provavelmente jamais serão encontradas; um criminoso desconhecido que pode ser fulano ou beltrano; ou nenhum deles, e situações de violência bizarras e incompreensíveis, bem como acontece nos sonhos no modo pesadelo. Até que, enfim, o escritor desperta com a obra pronta.
Gostei do filme, mas assisti uma vez e meia para entender. Antonio Bandeiras é a grife, mas a aula fica por conta de Jonathan Rhys

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

REGRAS DA VIDA




Assisti a esse filme, muito em função do elenco, e porque nesse dia, Charlize estava de aniversário. Não tinha muita mídia e a crítica ficava ente os 170km que separam San Juan e Mendoza. Meio lá, meio cá. E tive uma bela surpresa! Um filme de muitas emoções, boas lições e uma bela fotografia noir em tempos de guerra. Aliás, em determinado momento do filme, há uma fotografia espetacular protagonizada pela aniversariante. Charlize é uma esfinge sul-africana, construída por blocos de diamante.
"Regras da Vida" ou "The cider house rules", de 1999, tem alguma pieguice, muita crueza em situações cruciais da vida, como incesto e aborto, inocência e solidariedade. Tobey Maguire, é Homer, um menino criado em orfanato, como se fosse filho do seu mentor, dr. Wilbur (Michael Caine), que a ele ensina tudo relativo a profissão de médico, com uma especialidade sinistra: aborto. Mas Homer quer conhecer o mundo, e o mundo chega a ele trazido pela mão do anjo caído: Candy (Charlize). E o inocente Homer se vai ao mundo levando na bagagem toda pureza e honestidade que aprendeu. Mas deveria ter levado também consigo a frase do seu homônimo Simpson: "Qual é o propósito de sair? Nós vamos voltar para cá de qualquer jeito".
O filme cumpre muito bem o papel de entreter do início ao fim. Apesar de focar em uma época mais lerda do tempo, tem uma levada dinâmica, reserva também alguma tensão, um pouco de humor, uma aula de Michael Caine e a tradicional atuação morna de Maguire. Dizem que aquela carinha de abostado foi fundamente para sua indicação ao papel de Homem-aranha. Há uma lição quase subjetiva, mas que vale uma grande atenção: quem faz as regras é quem vive no lugar.

quarta-feira, 30 de julho de 2025

FACES DA VERDADE




É um filme sobre ética jornalística, onde valores pessoais sobrepõem aos profissionais. Gostei. Bem desenvolvido, com atuações marcantes de Elizabeth Beckinsale, Matt Damon, Vera Farmiga e do veterano Alan Alda, célebre e premiadíssimo, protagonista da maravilhosa série M*A*S*H, dos anos 70. Esse quarteto faz o filme.


Cai no colo de Rachel Armstrong (Kate), uma repórter que escreve sobre política,
por uma graça divina ou diabólica, e de uma fonte inocente, uma informação bombástica, capaz de mexer com a estrutura da inteligência americana. Também de uma forma ocasional, consegue confirmar a informação por outra fonte. É o sonho de qualquer jornalista. Um furo que alavanca a carreira e no caso americano, a inevitável e cobiçada inscrição ao Prêmio Pulitzer. Mas há os riscos de uma informação grave, e a partir dela, Kate começa a cavar o seu futuro.

A ética jornalística dá ao profissional o direito de preservar a fonte, conforme a constituição. Mas ela, a constituição, tanto lá como cá, deixa brechas para empoderar o autoritarismo, e a pressão governamental se vai ao absurdo. Kate é instada a revelar a fonte, por uma questão de segurança nacional, mas não cede e tem seu destino amargado pela lealdade. Essa lealdade é coroada com a frase de seu advogado (Alda) que diz em júri "eu vim defender uma pessoa, não um princípio, mas para pessoas grandiosas não há diferença entre a pessoa e os princípios". Uma frase que sai do filme para a vida. A fonte original, a pessoa que inocentemente deu a informação a Kate, a gente só descobre no último ato, e é o que mais engrandece o personagem, uma vez que abre mão de sua liberdade e parte de sua vida por princípios.

Um filme que prende do início ao fim vai para a prateleira dos imperdíveis.

terça-feira, 22 de julho de 2025

ARRITMIA

 




terça-feira, 15 de julho de 2025

MILAN KUNDERA


 

A juventude dos anos 70/80 vinha da ressaca transformadora da década anterior. Passou a uma fase a viagens introspectivas e a fincar bandeira, se não em gurus, em referenciais filosóficos. De Khalil Gibran a Vinicius de Moraes; de Michel Foucault, talvez para o entendimento de pensamentos mais rígidos e prevenir-se deles, a Manuel Jacinto Coelho e seu interminável Universo em desencanto.

Mas houve um que preencheu todas os espaços, e que nos deixou em 2023, aos 94 anos: Milan Kundera.

Dizem que Milan foi um transformador com a sua arte de escrever. Não sei avaliar isso. Sei que foi um ícone de pódium para quem gosta de leituras criativas e viagens profundas, algumas sem volta, bem como orienta sua influência literária que foi de Nietzsche a Kafka, entre vários outros pesos pesados das artes e da literaturaDele me busquei e me encontrei nos contos de "Risíveis amores", não pela temática sexual, ou não só por ela, mas pela robustez do que se insere nas entrelinhas da sexualidade.

Dias desses revi o filme "A insustentável leveza do ser", com Daniel Day Lewis e Julliete Binoche, baseado na obra homônima de Milan que, comparada ao livro deixa muitas frustrações, o que é normal. Ninguém adapta roteiros melhor do que nós mesmos introjetados nas histórias. 

Decolou rumo ao infinito como Aznavour, aos 94 anos e com isso, desconfio que essa seja a idade em que as estrelas daqui vão brilhar lá em cima.

segunda-feira, 14 de julho de 2025

UMA VEZ

 


sexta-feira, 11 de julho de 2025

TEMPO

 


quarta-feira, 9 de julho de 2025

O TROCO


 

terça-feira, 8 de julho de 2025

DESIDERATO

 






segunda-feira, 7 de julho de 2025

O Conselheiro do Crime

The Counselor | Amazon.com.br

Você está autorizado a classificar como imperdível um filme que tenha a direção de Riddley Scott e no elenco de Michael Fassbender, Penélope Cruz, Cameron Diaz, Javier Barden e Brad Pitt. Uma quase certeza  de que estará sentado no sofá degustando uma obra de duas horas. 

O filme The Counselor  é vendido como sendo de ação e crime, que se propõe a vasculhar intimidades dos cartéis mexicanos. O início, no entanto, nos deixa em dúvida. Você tem a sensação de que está prestes a assistir a um filme pornográfico, longe dos propósito lidos na sinopse. E seguem-se diálogos de rendez-vous, para enfim, depois de 15 minutos, encontrar o eixo prometido. Então concluímos pela descontextualização dos arrulhos iniciais, colocados no início, talvez para impactar. Mero apelo. 

Mas não é só isso que não agrada no filme. Há muito não via, nem sei se vi,  um cast tão poderoso, participar de um enredo tão atrapalhado. Cortes mal feitos,  história mal encaixada e personagens esvaziados.  E dirigido por  Riddley Scott! 

Filmes sobre máfia, em especial as famílias mexicanas, são caracterizados pela brutalidade e pela quase ausência  de personagens do bem. Isso The Counselor entrega em boa dose. Não há mocinhos. E vemos Brad, Barden e Penélope submetendo-se a uma coadjuvância chusma.  

Não costumo falar de filmes que não gosto, mas  The Counselor, ou O conselheiro do crime, me pareceu tão absurdo, talvez pela expectativa criada, que resolvi escrever a respeito. Uma bosta

domingo, 6 de julho de 2025

EXPIRAÇÃO

 


TEMPORIZANDO

 



Você vai perceber quanto do metro do tempo já se foi olhando  suas fotos; as fotos dos seus filhos e dos filhos deles; e talvez ou daqui a pouco, as dos filhos dos filhos deles. Você pensa que já passou, que morreu para o mundo que passa do outro lado da rua, mas não, apenas envelheceu. 

E tudo passou num zás! Parece que foi ontem que você dava piques escada abaixo, com pouco efeito solo, calçando um tênis, com uma bola embaixo do braço e com um fôlego inesgotável. E depois, mais e mais atividades, até que aquele fôlego prepotente arregasse, e lhe  mostrasse a fragilidade de estar de posse da carcaça emprestada em comodato pelo Criador. Ah, saudades daquelas juntas, daqueles joelhos sadios de cartilagens risonhas, daqueles ombros irresponsáveis e da musculatura que, acontecesse o que acontecesse, parecia que não tinha acontecido nada. Você usava e abusava da sua musculatura rija. De todas elas.

Se ainda tem dúvidas de que o tempo voa, basta lembrar se ontem mesmo você tomava algum analgésico ou anti-inflamatório ao menor sinal de desconforto. Quantas vezes por ano sentia necessidade de ir ao médico, enfrentar uma bateria de exames, alguns constrangedoramente invasivos? Você não vai lembrar. Hoje, as recomendações  dos operadores de saúde  começam com a obrigação de você fazer ao menos 10% do que fazia anteontem, apenas para se manter minimamente saudável. O que não exclui a investigação  rotineira de procurar algo que certamente será achado. Afinal, para que servem as manutenções médicas, não é mesmo? 

O tempo não para. Nem preciso ser Cazuza para dizer isso, e nem oferecer a essa sentença um  ar reflexivo. Nós já desistimos de olhar a vida passar, muito porque ela não deixa. Ela passa e pronto, e você que trate de se inserir entre datas comemorativas, preferencialmente lúcido. Mesmo que incomodado por essa sensação de ser folha seca soprada no redemoinho do tempo, atordoado e de pouco chão. Aonde o vento pretende nos levar? Sabemos, claro, nascemos com prazo de validade. Só não sabemos quando, mas mesmo sabendo que falta menos do que faltava há pouco, estamos sempre desconfiados, e torcendo, que vá demorar.  Portanto, pisque  e já será daqui a pouco; durma e você acordará um ano mais velho.  E quando a luz definitiva se apagar, que seja como em uma noite de porre. Apenas um sono pesado e sem sonho para não haver esperanças de acordar.  A gente sabe que a esperança é mais pé no chão do que a fé.  

O que ganhamos ao nascer é o presente, e a vida sempre será isso: o  presente. Então que possamos fazer dele o melhor presente e aproveitá-lo como verbo e substantivo. Mas passa, como os parágrafos anteriores também passaram. 

O poeta cubano José Martí sentenciou: “Plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro: três coisas que toda pessoa deve fazer durante a vida”. Agora você sabe porque.  São as formas físicas que você tem de se eternizar, seja na natureza, seja no coração dos seus, ou em alguma estante. 

Ao fim, é o que importa.  Gracias a la vida y a mis hermanos, tantos, que no los puedo contar

quinta-feira, 3 de julho de 2025

AS ESPIÃS DE CHURCHILL

 



O título brasileiro nada tem a ver com o original, que é A Call to Spy (Uma chamada para espionar). Mesmo porque, o gordinho do V da vitória transformado em paz e amor pela turminha do make love not war, Churchill, não aparece nunca, e só recebe uma ou duas referências muito de longe.

E não se trata de explorar profundamente a história, ou não ter grandes expectativas sobre revelações guardadas, porque ela, a história do front, também não é tão explorada no filme. Traz à luz, no entanto, a vida de três mulheres grandiosas e justamente reconhecidas em sua luta contra o nazismo: 𝐕𝐄𝐑𝐀 𝐀𝐓𝐊𝐈𝐍𝐒, 𝐕𝐈𝐑𝐆𝐈𝐍𝐈𝐀 𝐇𝐀𝐋𝐋 e a indo-britânica 𝐍𝐎𝐎𝐑 𝐈𝐍𝐀𝐘𝐀𝐓 𝐊𝐇𝐀𝐍.
A beleza do filme, além da linda Stana Katic, que dá luz à poderosa Vera Atkins está no objetivo, que me parece ser a valorização do trabalho dessas heroínas contra os malvadinhos da suástica. Isso se preenche razoavelmente, apesar de que na trama, a meu ver, faltou detalhamentos de suas ações, em especial as de campo. Talvez porque não seja um filme de guerra. É sobre o tema, e de suspense, baseada em fatos reais, vividos naquele período negro da Segunda Guerra, dos mais trágicos da nossa saga humana.
Para quem cresceu lendo muito sobre Mata Hari, sobre a Agente 27 e muito em especial (mas bota especial nisso) as gurias da família Montfort, a saber, Giselle e sua filhota Brigite, o filme da Sarah Megan Thomas, que faz o papel de Virginia Hall, esta que, por seus esforços de guerra, mesmo usando uma prótese de madeira na perna, ganhou a Cruz de Serviço Distinto, em setembro de 1945, o único oferecido a uma mulher civil durante a Segunda Guerra Mundial, é imperdível.

quarta-feira, 2 de julho de 2025

GUERRA E PAZ


 

Não sei se vim do pó que virou barro.
Subestimo a matéria que me envolve.
Por mim sou éter, passageiro do tempo, 
Apenas isso, ou nem isso, ou pouco mais que isso.
Não importa. 
Meu espírito dança as músicas que eu gosto.
Quer saber quem sou? Ouça-as, dance junto.
Para saber o que penso é fácil: leia-me.
Não sou nada além do que escrevo.
Pouca adianta investigar meus olhos. para saber de mim;
Falo pouco com eles, bem mais com as mãos, 
E as minhas janelas de alma são como são: abstratas.
Ou faça melhor: pergunte-me!

Dialogo com a vida através dos cinco... seis sentidos.
E desconfio haver outros por onde ainda não interagi.
Trago a essência perceptiva, resquício de alma ressabiada.
Quando arrefecem as luzes, salva-me a intuição, 
E a conexão permanente com o irmão cosmo,
Vigilante e coalhado de almas minhas caridosas.

Escavo verdades sem medo de ver nelas crueldade.
Verdades são tochas que iluminam bretes morais.   
Quando ardem incomodam, no entanto curam.
Tal qual o sol que cega ao saímos das trevas,
Que, absorvendo a luz, tudo limpa. Abstrai sofismas.

Os caminhos que trilho terminam nos dedos;
Impaciente, raciocino também por eles, porém,
Busco ver além dos quatro mostrados pelo artista.
Perguntas devem respostas; atormento-me por buscá-las.
Não quero chegar ao Último Juízo julgado por dúvidas.
É certo que serei sepultado por equações resolvidas.
Se soluções por vezes não vi é porque perdi. É o jogo.
Desse coquetel de erros e acertos não há de restar saldos.
 
Meus sentidos se encontram e justificam nos extremos,
Da doação irrestrita,  à busca de recíprocas.
Nunca soube sentir pouco; entregar pouco...
Fui o idiota feliz que flertava com o ridículo;
O louco, que viu seu coração arrebentar no muro da desolação, 
Mas nunca, nunca terceirizando culpas.
Tudo foi superlativo. Dos perdões que não pedi,
Aos eventuais cinismos constrangidos de arrependimentos.
Tudo do todo me pareceu pouco ou me bastou. 
E o nada, se houve, perdeu-se no vazio inconsistente.
O resto, apenas não vivi. 
Assim, vivo sem pena de me consumir num zás por escolhas boas;
E vivo sem pena as minhas penas, por mais que possam doer

segunda-feira, 30 de junho de 2025

ELE NÃO É PESADO; ELE É MEU IRMÃO





"He ain’t heavy, he is my brother ” (Ele não é pesado; ele é meu irmão) é uma balada escrita por Bobby Scott e Russell Bob, gravada por Kelly Gordon, tendo ao piano o "recruta" Elton John. Mas bombou mesmo quando "The Hollies" a catapultaram ao cenário mundial, ainda em 1969. Sou muito fã dessa banda, que é parte integrante da grande "Invasão Britânica" dos anos 60, e que forneceu várias versões para a nossa Jovem Guarda.

Segundo o Wikipédia trata-se de uma história real, narrada no livro de 1884, "As Parábolas de Jesus" , de James Wells, moderador da Igreja Livre Unida da Escócia. O livro conta a história de uma garotinha carregando um menino grande. Ao vê-la se esforçando, alguém perguntou se ela não estava cansada. Com surpresa, ela respondeu: "Não, ele não é pesado; ele é meu irmão." Há outras versões, como a do padre que abriu a porta durante uma nevasca para receber um menino carregando o outro, e que teria proferido as mesmas palavras. História ou lenda, a narrativa é inspiradora e resultou em música maravilhosas, que foi gravada por diversos cantores. Com The Hollies é incomparável.

Essa música, a história, ou fábula, por trás dela, o seu tema, tem estado presente na minha consciência ao ver tanta destruição nos campos de guerra pelo mundo. Gente carregando restos de gente. E por último e na contramão de tanta maldade, ao assistir a ação humanitária e desprendida do montanhista indonésio Agam, que viajou quilômetros e arriscou-se para tentar salvar alguém que não conhecia.

Posso não ter mais fé na humanidade, mas Agam me dá esperanças.




domingo, 22 de junho de 2025

GHOSTED: SEM RESPOSTA


Ana de Armas, antes de Varadero, do rum e do charuto, é das únicas coisas boas produzidas em Cuba. Aninha faz parte daqueles momentos em que a gente pega a Carta Magna sagrada, ou seja, a Constituição de Moisés, e pisoteia convictamente sobre o artigo 9. Mas isso em outros tempos, mais irresponsáveis, sonhadores e naturalmente mais viris.

Arrisquei quase duas horas em uma tarde vadia para ver o Ghosted, onde a mimosa contracena com o bonitão capitão América, Chris Evans, neste filme na qualidade de apaixonado, abostado e doente. É para ser uma comédia romântica, de espionagem e ação, onde a gente se prepara para ver tiro, porrada e bomba, e vê. Nem tanto na condição de comédia, onde os risos são suaves, tempo em que parece que o diretor renega a classificação do filme, porque o elenco poderoso pediria bem mais. É um combo delicado que, embora deslizes de roteiro, não fica no vácuo como obra. Resultou em um filme bom de assistir, desde que com espírito leve e sem exigência.
Na trama, Aninha é Sadie, uma agente da CIA ,que se envolve com o inocente Cole (Evans), este que nem desconfia com quem está lidando. Antes de avaliar se cai fora ou continua para o segundo tempo, ele já está envolvido em uma confusão internacional duas quadras pra lá de perigosa. E aí o bicho pega, com a mocinha, além de cumprir com suas duras obrigações profissionais, acumula a tarefa de proteger o marmanjo. Ótima trilha sonora, prevalência da Dua Lipa, mas com uma palhinha dos Beatles com "Taxman", do álbum Revolver.

De resto, apesar das diferenças cruciais de temperamento entre os protagonistas, há uma boa química entre eles. Como se fosse difícil haver química com Aninha em cena, portando aquele olhar âmbar de cachorrinho basset e aqueles lábios em permanente bico de selfie.