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quinta-feira, 12 de abril de 2012

VERSOS SATÂNICOS 37 ...ÁGUAS DE MARÇO

Cabral, meu bom Cabral, 
Onde te meteste, afinal?
Cada março que eu vivo tenho um sobressalto contigo,
Porque sequer consigo me desligar do Planalto.
Embora (acredito e rezo), não espere noticias iguais as do dia dezesseis,
Quando brincando de reis, 
Fernando I e Cia meteu a mão no nosso dinheiro.
Que turma aquela! Lembro como se fosse agora.
Tu, sentando a espora naquela senhora,
Que tinha idade de ser tua nora,
Que a bem da verdade era um bucho,
Porém, também não eras nenhum luxo.
Que papelucho!
O velho gorducho empernado, queimando cartucho,
Naquele arretante Besame mucho!
Lembra? Passou em horário nobre, e o bacudo aqui ó,
O pobre, embuchado, dinheiro confiscado, numa merda de dar dó.

A cada março me acordo no cagaço,
Pensando de que lado vem o relhaço.
Às vezes chego a vergar o espinhaço,
Antes mesmo de acordar, tal o trauma com esse mês.
E tu estás presente em todos os porquês.
Sei lá, a tua imagem grotesca,
Dançando com aquela fresca,
Totalmente alheios ao desespero do povo,
Me vai e vem sempre de novo e,
Por mais que o tempo tenha passado;
Que outros tantos governos tenham me enrabado, 
aquele foi especial.
Foi meu primeiro voto para presidente e acabei me dando mal.
Mesmo que eu tenha votado no rival.

Cabral, meu bom Cabral, por onde te esguelhas?
Por certo que não rasgas mais orelhas.
Na época meteste umas guampinhas na velha,
Tirando uma casquinha com a Zélia, e ela tirou um cascão contigo.
Mas também lembro bem do teu castigo.
Tiveste que largar a teta, não a murcha, a outra, a do ministério,
E de lá para cá tua vida é um mistério.
A Zélia é outra que sumiu do mapa.
Deu uma ciscadinha guapa, teve um namorico com o Chico,
Fechou o bico, pegou o penico e nunca mais figurou na capa.
Dizem que buscou um novo valete, colocando anúncio na internet.
Bueno, se quando nova já era um bagulho,
Vinte anos mais velha onde encontraria arrulho?
Em que estado estará a Zélia?
Era de uma feição quase trágica, que acho, ainda não haver recurso.
Nem botox, nem fio russo, talvez só com mágica.  
Mas será que com dois copos de Underberg,
Rezando para que ninguém me enxergue, eu não seria capaz,
Apenas por vingança, de me permitir tamanha lambança?
Bem capaz!
Dezesseis de março de noventa!
Quando me lembro que da minha poupança
Só me restou cinquenta, penso em ti Cabral,
Em ti e naquela nojenta.
Fiquei mal.
Queimei esterco para comer torresmo,
Andei por aí a esmo
Custei a encontrar meu rumo e de novo sentar o prumo;
Mas não me curei desse mês.
Pior é que depois de vocês andam metendo ainda mais a mão,
E tudo fica por isso mesmo.

Teu amigo PC era fichinha perto da companheirada que veio depois.
Cada um vale por dois, com ágio de não sei quanto por cento.
A diferença é que quem tomou acento, e era para ser o bobota, não é.
Não é poliglota, mas é muito mais esperto.
Faz tudo parecer certo e quando a bronca começa a chegar perto
Tem sempre uma desculpa vazia: “eu não vi, eu não sabia...”.
E o pior de tudo Cabral, velho idiota,
Que nesse chefe da nova camarilha, 
Muito neguinho crê, exalta e vota.

Ah, Cabral, onde te meteste afinal? 
Te foste para onde o saci perdeu a bota;
Saíste daqui quase corrido,
E eu te perdi de vista, não te encontro em nenhuma lista...
Terias tu ido ao encontro do anjo caído? 

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