Mulheres têm gostos estranhos, somente vindo a furo após a revolução feminista.
Bundas, elas adoram bundas masculinas, o que nos obriga hoje a levantar da
cadeira e, no mínimo, caminhar sobre uma esteira para que se mantenham. É
cansativo agradar mulheres. Não é por nada, mas quando passamos por aquele
grupinho sentado, tricotando, bem sabemos por onde seremos reconhecidos. Já vi
e achei natural cabelos, barbas, bigodes, bíceps e outras protuberâncias mais
lógicas serem admiradas, mas porque a fissura por glúteos?
Tenho um amigo diabético, zen, que adora olhar quindins. É doente por quindins. Fica longo tempo olhando-os nas vitrines salivando e desafiando o desejo de possuí-los. Acha-os incomparavelmente lindos. Mas o meu amigo não pode, não agora, na flor da idade, consumi-los, deixará para fazê-lo quando estiver quase desistindo do mundo cão, por que aí dependerá de um simples assumir riscos e conseqüências, e seja lá o que Deus quiser. Quindins e glúteos, assim, me parecem casos quase análogos.
Uma amiga gosta de queixos. Um em especial. Não, não é o do Brad Pitt ou do Fabio Assunção, é do Nick Nolte. Ele tem queixo. E como tem! Quadrado, enorme, um fetiche, segundo ela. Essa minha amiga, sonha com o queixo do Nick Nolte e por não encontrar similares disponíveis, fechou-se em copas para o mercado. Mas por que queixos? Queixos não são olhos que seduzem. Mal comparando, também não é aquele armador de pé esquerdo com grande visão de jogo que pode a qualquer momento decidir uma partida com o seu talento. Não, não. O queixo fica lá na ponta de baixo do rosto, sem autonomia e sem saber qual é a sua função no esquema tático, sangrando após a barba, batendo forte no inverno e despencando por qualquer coisinha. Biquínis, por exemplo. Tem mais: Noel Rosa fez sucesso sem ele.
Queixo, quando muito serve como anteparo de jab’s. Não decide jogo nenhum e não interfere nas relações humanas, a não ser quando se eleva. Aí está. Talvez seja isso. Queixos elevados podem querer dizer: Aí mulheres, venham, aceito o desafio! Em tempos de fragilidade masculina talvez funcione. Estranho não haver notícias sobre implantes.
A última vez que vi o Nick foi no Príncipe das Marés e mais me chamou a atenção o nariz da Barbra, embora o filme seja lindo. Meu queixo não é igual ao dele, não consigo conferir a retaguarda, bíceps, tríceps e outros que tais nunca foram o meu forte. Mas respirar, respiro e a vida se esgueira lentamente.