É comum, todos fazem, uns mais outros menos, e aqui vale
para longas e derramadas reflexões, ou simplesmente um “ufa!”.
Final de ano é assim: uma catarse. Andei lendo outro dia
tudo que venho escrevendo a respeito. É de chorar. Parece que os anos andam se
resumindo em dores, e que dezembro, por ser dezembro, talvez, e porque resida
lá no décimo segundo andar do ano,
assuste pelo olhar do terraço. Dele tenho a visão, ou revisão, dos desassossegos.
Mas porque só deles?
Olhando o tempo, tem sido assim mesmo. Há em dezembro uma
espécie de carimbo sinistro, forçando que eu carregue para muito além, as
marcas do ano que finda. E a gente sabe que dor tem epicentro e que as
felicidades costumam morrer no fim do riso.
Mas neste ano da graça de Nosso Senhor de 2014 não será
assim. É decisão minha. Das perdas que houve (e como foram duras as perdas!
Quantos amigos queridos se foram?), já sequei o choro. Ficará comigo o que tive
antes delas, e em alguns casos o que poderei reconstruir, se for bom para todos
que se reconstrua.
A conta assusta um pouco, mas é simples. Digamos que dois
terços do caminho já se foram. Assim, o terço que falta será respeitado. E como
a decisão é minha, serei respeitado por mim. Se não houver alegria que
exacerbe, tampouco me deixarei picar por mínima tristeza, por mais justificada
que seja.
Não farei mais retrospectivas. O calendário que siga seu
caminho, como seguem as metas comerciais: cumprida a meta; nova meta. Prestações
feitas em dezembro não caducam em janeiro; os salários continuarão sendo pagos,
despensas e geladeiras com as mesmas necessidades de sempre, e quem foi campeão
terá de começar novos campeonatos com zero ponto.
O que talvez demore um pouco a
passar são os 7 x 1 da Copa, mas certamente não terão a força que teve o 2 x 1, do
Uruguai, há mais de 60 anos. O que
passou, agora passa mais rápido, e ninguém mais tem tempo, saco ou mesmo
direito de viver de glórias ou fracassos passados.
A partir de 2014, ano que agoniza, portanto, será assim: em
lugar do “ufa”, um “up!”. E 2015 está logo ali, mordendo o freio. Então
que venha e vamos ser felizes juntos!