Eu tenho um motivo especial para assistir vez por outra "O feitiço de Áquila": limpar os olhos da fealdade do mundo. E assim faço com qualquer filme de Michelle Pfeiffer, nos quais exijo Oscar de melhor fotografia, por motivos óbvios.
Eu tenho um motivo especial para assistir vez por outra "O feitiço de Áquila": limpar os olhos da fealdade do mundo. E assim faço com qualquer filme de Michelle Pfeiffer, nos quais exijo Oscar de melhor fotografia, por motivos óbvios.
- Estão dizendo que vão derrubar a lei seca. O que o senhor vai fazer então?
Um filme de fôlego, denso, rude. Um texto sobre a máfia que só é menor como obra que "O poderoso chefão". A meu juízo, fica ao nível de "Os intocáveis".
Paradoxo temporal é uma viagem, uma espécie de endo-turismo, e lidar com isso é tentador. Quem não gostaria, por um lapso miserável de tempo, voltar lá, onde começaram os danos e preveni-los; ou consolidar aquela alegria que ficou empatada e conjugar a juventude no pretérito perfeito? Quem nunca experimentou um dé-jà vu e saiu por aí fazendo teses?
"All right, you sons of bitches. You know how I feel. I'll be proud to lead you wonderful guys in battle anytime, anywhere. That's all". (Tudo certo, seus filhos da puta. Vocês sabem como eu me sinto. Ficarei orgulhoso de liderar caras maravilhosos como vocês para batalha em qualquer hora, em qualquer lugar. Isso é tudo).
É uma história que nos puxa para dentro. Tanto para dentro do filme, quanto para dentro de nós, nesses endoturismos reflexivos do último terço da vida. Faz com que vivamos um pouco dentro da trama sem que importem clichês ou pieguices. É uma história comum e que poderia ser a nossa.
Alan Mathison Turing foi um matemático, cientista da computação, lógico, criptoanalista, filósofo e biólogo teórico britânico. Um currículo acadêmico e tanto. Mas quem de fato é Turing na fila da vacina?
É um filme que divide opiniões do público. Longo, cansativo, por vezes sonolento, mas com ingredientes suficientes para preencher 2:30 de projeção. É o cuidado que têm que ter esses longas metragens que se propõe a contar uma saga humana completa. Aventura, ação, amor, ódio, jogos de interesses, com tempero de guerra, e um passeio consistente sobre os aspectos culturais da locação. Porém, como foi o meu caso, para quem consegue se integrar à trama e ao roteiro, é maravilhoso.
Também foi visto com reservas pela crítica que, apesar de ser bem premiado, deveria ter sido mais. Nicole e Jackman não foram lembrados para as estatuetas. Tudo bem, tinha outros pesos-pesados no Oscar de 2009, mas deixar a trilha sonora de fora é quase uma aberração. Ora, um filme com som de Elton John (The drover's ballad) e a saudosa "Over the rainbow", do "Mágico de Oz" não estar entre os indicados foi uma falha. Trilhas parecem ser uma fixação de Baz Luhrmann, o australiano que produziu e dirigiu a trama. Ele não tem uma filmografia longa, mas tinha feito o musical "Moulin Rouge", tempos atrás, com a também australiana por opção, já que nasceu no Havai, Nicole. Quase um nepotismo.Dizem que juntos, não conseguimos formar um grupo maior do que quatro amigos. Eu falo de amigos, aqueles assim como bem definidos por Franklin, cuja frase da foto acima é um dos trilhos que me guia, tornei-a parte de mim e a repito à exaustão.
"Conta comigo" é sobre isso. Um filme simples, sem luxo, sem musa, sem beijos ou cenas eróticas, e de baixo custo, que venceu todas barreiras com o mais poderoso dos argumentos: a amizade. Na trama, fruto do companheirismo, da pureza e do irresponsável espírito adolescente de quatro meninos: Gordie, Chris, Vernie e Teddy.
O filme dá meio que um nó no expectador. Nó Górdio! O nosso eterno 007, Sir Sean Connery, no entanto, torna palatável qualquer filme de enredo confuso, em especial se for tipo aqueles que o consagraram: a espionagem. Já sua partner, basta que apareça em cena e, vez por outra, olhe em direção a tela onde estaremos de olhos fixos e pálidos de espanto. Michelle me faz ver o quanto a beleza dói. Dói à proporção de não podermos enclausurá-la. Enfim...
Um filme pode ter maus atores, enredo atrapalhado e outros pecadilhos. Mas se deixar uma mensagem legal se salva. E há aqueles que deixam um "queromais" , porque a temática instiga e sobra espaço para desenvolver. Como "Beleza oculta", por exemplo, lindo e frustrante uma vez que faltou recheio para o tamanho do tema.
É um filme que me provocou sentimentos variados. Um baita tema, um bom elenco, uma história sensível, mas... acabei ficando no vácuo. Achei frustrante, em função da expectativa que se cria durante a narrativa. Há tanta coisa para falar sobre o Amor, o Tempo e a Morte... Imagine então vê-las personificadas, agindo como velhas conhecidas! Ora... Poder cobrar do Amor o seu real significado, mais que aprisionar-se a ele; questionar o tempo e sua inexorabilidade, sua infatigável corrida em direção ao fim; e brigar com a morte ou negociar com ela sobre prorrogação e pênaltis... Bah! Há muito pano para manga. Mas enfim, é onde de esconde a beleza colateral que propõe o filme: no imponderável.
O filme chama a atenção por vários motivos. O título "O lado bom da vida" é um clamor diário quase obrigatório que devemos passar a exercitar depois da primeira espreguiçada matinal. Saber que nem tudo passa sob os cascos dos quatro matungos de São João Evangelista que galopam pelo mundo. Tudo na vida tem dois lados, como uma moeda, e é divino quando podemos escolher o melhor. Mas o material é o mesmo, e num zás, o que é assim pode ficar assado. Todo cuidado é pouco, em especial sobre escolhas.
Além disso, o casal protagonista está no topo da nova geração da indústria: o ótimo Bradley Cooper e a maravilhosa Jennifer Lawrence, cuja atuação nesse filme fez com que, aos 22 aninhos, após tropeçar no vestido e cair na escada, levasse para a prateleira de casa o seu primeiro Oscar. Os pombinhos são amadrinhados pelo decano Robert De Niro.
O filme conta a história de dois espiões de países aliados, que recebem a incumbência de matar um diplomata nazista no Marrocos, durante a Segunda Guerra. Os agentes devem cumprir alguns protocolos, como simularem ser um casal, e se entrosarem à sociedade marroquina. Mas a gente sabe, até os mariscos da praia de Nazaré, que não tem sossego nunca, muito menos tempo para pensar sabem que, desde a escalação dos protagonistas de como acaba a tal relação simulada. O que ajuda na humanização da crueldade de suas profissões.
Todas as vezes que assisti a "Aliados", sinto os pés na areia, lembrando de "Casablanca". Mesma locação, ambientação na segunda guerra e dois protagonistas charmosos. Não tem como não viajar no clássico dos inesquecíveis Rick Blaine e Ilza Lund Laszlo (Bogart e Bergman) e do velho Dooley Wilson sentado ao piano tocando "As time goes by".
Marilia, a namorada, e eu, saíamos do teatro debatendo o que acabávamos de assistir. Mas não me lembro se foi "A ópera do malandro" ou "Gota d'água", que o antigo Leopoldina levava. Era 1980, portanto, tempo bom para andar a pé por Porto Alegre, a qualquer hora das 24 disponíveis. E andamos bastante, falando cada vez com mais entusiasmo sobre o que vimos. Eis que, em 1980, já não era mais tempo bom para andar a pé por Porto Alegre em determinadas horas. Dez da noite, por exemplo.
Passando sob um viaduto, três malandros, de posse de bons argumentos para o crime, ou seja, revólver, faca e raiva, nos abordaram. Com o primeiro “argumento” colado na testa e ou outro na garganta, entreguei meu relógio e a carteira. Enquanto fazia a entrega, vi um dos malandros arrastando a namorada para um cantinho mais reservado... Gelei. Tirei minha jaqueta e couro novinha e meus sapatos, peguei a namorada de volta e fui embora andando devagar, degustando cada passo com um tiro na nuca. Ora, Marilia era um quindim e, a despeito do papo empolgado sobre teatro, no fundo, no fundo, eu tinha planos para dali a bem pouco tempo. Mas não rolou. Não naquela noite porque a flacidez tomou conta de todo minifúndio, no momento, improdutivo.
Em outro 31/08, eu estava em uma indústria, acompanhando um funcionário que tinha reunião com o diretor financeiro. Era dia de pagamento por lá. Portanto...
A porta de entrada eram duas folhas enormes de
vidro, meu colega estava de costas, e eu em frente ao balcão, apenas com o
casaco jogado sobre os ombros. Detalhe: eu tinha sacado uma boa importância que
deveria ser paga cash aos vendedores, e que estava distribuída nos bolsos.
Súbito o meu acompanhante entra em processo de voo, mas não decola, ao
contrário, se estatela no chão, dez passos além de onde estava. Virei para
olhar, enxerguei um cano de pistola e a primeira sentença "chão!" e
ouvi a segunda sentença, essa para o pessoal de dentro do balcão: "se
alguém tocar no telefone, eu apago ele!". Ok. Com um dos pés do sem
vergonha nas minhas costas e o cano do revólver brincando de vai-e-vem na minha
nuca, entrei em stand by. Sabia o que estava ocorrendo, mas era como num sonho.
Até que, não sei quanto tempo depois, alguém tocou no meu ombro. Como estava de
cara no chão, olhei de viés e vi um crachá. Ora, ladrões não usam crachás...
Então levantei, tateei os bolsos, tenso... tudo lá.
Eu estava leve como uma pluma, sorridente, de bom humor, afinal, acabara de sair do estado alfa. E por óbvio que não havia mais clima para reunião alguma, então, nos despedimos do pessoal e fomos embora. Entrei no Passat do colega, sentei, respirei fundo... Ao expirar, desceu o inferno contido. Tremi tanto que sacudia o carro. Então disse ao colega "me deixa e casa e vai descansar. Por hoje chega".
Bueno, às três horas da tarde eu fui encontrado sorridente e estabilizado, sentado no sofá da minha sala, tendo ingerido meia garrafa de estabilizador envelhecido em barril de carvalho.
Desafio a quem me conhece bem, que diga se eu marco alguma coisa para esse dia. Aqui, ó!