É uma história que nos puxa para dentro. Tanto para dentro do filme, quanto para dentro de nós, nesses endoturismos reflexivos de meia idade. É de viver um pouco dentro da trama sem que importem clichês ou pieguices.
Vida, em resumo, é o que acontece entre o "bom dia" e o "boa noite". Mas nessa história que trespassa os anos, há um bom dia luminoso, de energia juvenil, e uma contagem de tempo até o boa noite terno, resignado e sombrio. Os meninos Ryan Gosling e Rachel McAdams, casalzinho cujo destino é semelhante, não igual, aos de Montecchio e Capuleto, e pelo mesmo sórdido motivo, que enfeitam a primeira fase, estão estupendos. E os veteranos James Garner e Gena Rowlands fecham o livro com chave de ouro e algumas fungadas.
Há cenas lindas, como a do beijo na chuva entre os protagonistas. Uma foto que eu colocaria na estante, junto com a do beijo trocado na praia entre Burt Lancaster e Debora Kerr, sendo roçados pelas rendas do Pacífico, em "A um passo da eternidade".
O filme é de 2004, e já devo ter assistido umas três ou quatro vezes porque, entre outras coisas, é material para a vida. Como o início da trama se passa em tempos de Segunda Guerra, há uma bela seleção de jazz, onde se destaca o sopro do major Glenn Miller.
Hoje é sexta e faz frio. Vinho, queijo e edredom
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