"𝐂𝐇𝐋𝐎𝐄 - 𝐎 𝐏𝐑𝐄Ç𝐎 𝐃𝐀 𝐓𝐑𝐀𝐈ÇÃ𝐎"

"Chloe" ou "O preço da traição" é um filme real e humano, que foca a vida de um casal esfriado pela rotina, exposto a uma arapuca que se realimenta pelos segredos. O epicentro da trama é uma festa de aniversário frustrada, que gera uma desconfiança; que gera uma certeza quando a mulher, no pico da insegurança, opta por um teste que mulher nenhuma deveria propor. É improvável aguardar recusa de um lobo, por mais domesticado que possa estar, quando se joga à sua frente um cordeirinho mamão, tenro e faceiro. Nunca se sabe.

O filme é de 2009, refeito de uma versão anterior de 2003. Tenso e um pouco (ou muito) doentio. A história é ótima, com pecadilhos de roteiro no final, talvez justificado por uma tragédia na vida real de um dos personagens. Nada que possa deslustrar a atuação de Julianne Moore e da "olhão-cabelão-bocão" Amanda Seyfried, a mimosa de "Cartas para Julieta", que faz uma performance meio "Lolita", porém, muito mais perigosa que aquela. As musas roubam a cena. E com Liam Neeson em um papel fora do seu estilo, uma vez que não dá porrada nem tiro em ninguém.

Sobre Liam, uma curiosidade triste. Sua esposa Natasha Richardson, também atriz, que tinha no pedigree ser filha da maravilhosa Vanessa Redgrave, sofreu um acidente enquanto esquiava no Canadá, bateu a cabeça, foi hospitalizada e não voltou mais. O acidente ocorreu durante as filmagens de "Chloe", cujas gravações foram interrompidas para que Liam acompanhasse a esposa em seus últimos momentos.

- Disseram que não havia atividade cerebral. Quando vi a tomografia, o meu sangue congelou. Ela estava lá, quieta, ligada às máquinas, mas linda como sempre. Entrei no quarto, peguei na mão dela, sussurrei que a amava e disse: "Querida... Não você não vai sobreviver. Bateu a cabeça. Não sei se você consegue me ouvir. Vou levá-la para casa. Aqueles que a amam precisam se despedir de você". Liam Neeson.

Voltando ao filme, a história nos convence de que há maneiras menos complicadas acabar com desconfianças entre duas pessoas: conversar, por exemplo. E que nada se resolve fora de seu universo. Também dá um panorama amplo sobre as diferenças entre lealdade e fidelidade. São palavras irmãs, mas de personalidades muito diferentes. Você vai demorar um pouco para esquecer desse filme.