Assisti no início dos anos 90, quando foi lançado por aqui. E gostei. Mais de Juliette Binoche, não só pelos motivos óbvios, mas pelo que representa como atriz. Em especial nesse filme, ela só precisaria do olhar para interpretar.
Dia desses assisti novamente e... Não gostei. Não gosto do Jeremy Irons. Acho ele inglês demais, e nesse filme, em particular nas cenas de sexo, é teatral, caricato, sem elã. Posso ter colocado um olhar muito crítico, mas achei uma história boa, como já tinha achado da primeira vez, porém mal aproveitada, com um roteiro atrapalhado e sem sal, e uma condução modorrenta.
Trata-se da vida de uma família normal, rica e equilibrada, com um casamento morno, entre uma dona de casa e um político. Stephen Flemming (Irons), o marido, de súbito é atropelado pelo olhar da futura nora. Um olhar que era a exaltação do céu beirando o abismo; que transitava entre o vulcânico, prestes a jorrar lavas libidinosas e uma paz de vitrine. Anna Barton (Binoche), a noiva do filho e dona dos olhos vulcânicos, esconde uma alma perturbada, carregada de demônios e trata, nas horas vagas de ser vetor do caos. Mas Fleming não está nem aí. Mergulhou fundo na lava incandescente.
É uma trama que cria logo de cara, sem que possa se estabelecer empatia entre os amantes, uma relação extremada. O drama está bem definido, já o erotismo proposto, com notas de sexo selvagem, só tem de convincente a dominação pela submissão. A forçação de barra, em determinado momento fica tão estereotipada, que faz com que a nossa Juliette pareça um boneco de posto.
O ponto alto fica por conta da demonstração de que a relação é de fato doentia e não de afeto, e das cenas de revelação do caso e suas trágicas consequências.
Não vai fazer cócegas no currículo do Louis Malle, que gostava de chocar pela ousadia, e nos deixou três anos após este, que foi seu penúltimo filme, acho que ele errou a mão, mas é só a minha opiniãozinha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário