Nesse filme, Sean Penn arrasa. Quebra todas as estruturas emocionais e as vidraças dos olhos. São pai e filha (Dakota Fanning), abandonados pela mãe desde o dia do parto, cujas dificuldades causadas pela deficiência dele, ao invés de bifurcarem seus caminhos (e até se bifurcam, uma vez que há perda de guarda), mais fortalecem seus laços de afeto.
Além da história linda, há duas outras belezas incomparáveis: Michele Pfeiffer, uma advogada de vida atribulada, que se afeiçoa profundamente ao cliente, e protagoniza com Sam cenas inesquecíveis. A outra beleza incomparável, são eles... Os Quatro cavaleiros do Apocalipse pop. Os guris de Liverpool ajudam a santificar o cenário. Sam é louco por eles. A propósito, o nome da filhinha dele não é Lucy por acaso. O nome completo da mimosa é 𝗟𝘂𝗰𝘆 𝗗𝗶𝗮𝗺𝗼𝗻𝗱 Dawson. 𝗟𝘂𝗰𝘆 in the Sky With 𝗗𝗶𝗮𝗺𝗼𝗻𝗱 (morou?). O que significa que Sam era excepcional no mais amplo sentido.
Michele Pfeiffer (não basta ter olhos lindos, há que saber olhar) nesse filme, sublima Atlântico e Pacífico que carrega entre os cílios, sempre prestes a derramar. O olhar de ternura dela está de derreter camadas polares e, de quebra, amansar os ursos . Falando, rindo, surtando; plena de emoções, já nem sei em que estágio fica mais “tudo”. Ela nem precisaria atuar, bastava um pôster seu na parede para que a pergunta se fizesse: how not to love? E com a trilha sonora dos Beatles, "Uma lição de amor", não fica nos devendo mais nada. É de cortar os pulsos e partir feliz para os braços do Pai Eterno, agradecido por ter nos permitido passar pelos mesmos dois séculos dessas fontes maravilhosas de luz.
Não sei quantas vezes assisti a esse filme.
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