Powered By Blogger

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

DOUTOR ZHIVAGO




A história, os mistérios e a literatura russa me fascinam desde sempre. Mas o meu fascínio expira em último encantamento ao olhar a arquitetura lúdica do Kremlin. É lindo, mas tem sinistrose na aura. É o mais amplo sentido da palavra formidável.
E é de lá, das nuvens de pólvora; do gosto de vodca com notas de sangue, que chegou a nós o romance "Dr. Zhivago", de Boris Pasternak, cuja maratona para ser publicado mereceria outro romance. Boris foi excomungado pelo fundamentalismo comunista, foi obrigado a recusar o premio Nobel de literatura em 1958, e o filme só foi exibido por lá em 1987, após a dissipação das trevas vermelhas mais densas.
Doutor Jivago, é uma história de amor trágico. Lara (Julie Christie) é uma enfermeira jovem, pobre, usada por um crápula amante da mãe. Vai encontrar Jivago (Omar Sharif), que é um médico aristocrata e casado, em uma operação de campanha. Se aproximam e se apaixonam. Isso rende o início de uma linda história, cheia de impossibilidades, com um final amargo e algumas lacrimejadas.
História construída na forja de um tempo rude, sanguinário e frio. Tempo que esqueceu de passar e não cansa de ser hoje.
A música "Tema de Lara" é daquelas que faz com que a gente feche os olhos e se vá àqueles enormes salões principescos, dança a noite inteira com a dona dos olhos que se cruzaram com os seus, e quando tudo termina, vai para casa valseando com as folhas tocadas por vento, judiado por uma certeza: vocês jamais voltarão a dançar. É poesia em partituras.
"Tema de Lara" não se define. A gente ouve, fica triste e agradece o fato de Maurice Jarre ter encontrado tanta beleza na tragédia.


Nenhum comentário: