O olhar de Diane Keaton é lindo, múltiplo e intrigante. Marca registrada de um rosto de beleza simples e harmônica, que viaja do cômico ao dramático em um piscar. É daqueles rostos que sorriem por inteiro; olhos que se espantam convictamente. Nunca a perdi de vista.
"À procura de Mr. Goodbar", de 1977, é um filme que vi em VHS, trinta anos atrás e me deixou na boca um gosto amargo de fel, conforme a sentença Gonzaguiana. É uma história real. Trata-se da vida e morte da professora Roseann Quinn, que rendeu um livro e depois o filme homônimo. Roseann, personagem de Diane, sofria de profundas patologias espirituais; traumas mal resolvidos, sonhos incompatíveis com a ambientação. Idealizava um homem perfeito, com um título ao invés de um nome, mr. Goodbar. /Entretanto, depois dos primeiros desencontros com a vida e fantasias frustradas, adotou uma vida dupla, e resolve buscar conforto no lado oposto, através de relações casuais com a ralé, encontradas aleatoriamente em bares, nível boca do lixo. E como estação de passagem para a última viagem, vicia-se em álcool e drogas.
Richard Gere participa dessas aventuras, fazendo aquecimento e laboratório para três anos depois vir a ser "O gigolô americano". Jovenzinho ainda, como Tom Berenger, este que coloca o carimbo de sangue no passaporte da tragédia.
A trilha sonora não poderia ser diferente: dancing disc, dos anos 70, o que torna o ambiente tão ambíguo quanto a vida da professorinha. Você não sabe se dança com Donna Summer e Diana Ross ou morre de pena dela.
É um ótimo filme, mas doente.
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