Há alguns anos conheci em Assis Chateaubriand-PR um cidadão, ex-pracinha da II Guerra, lotado em Monte Castello. Trouxe com ele um diário, totalmente escrito em versos, do dia em que embarcaram no Porto de Santos ao dia da volta, em 1945.
São relatos fantásticos, com rimas enriquecidas pelos sentimentos múltiplos, controversos e apenas imagináveis do front, que moviam o lápis. É um material riquíssimo que deveria estar em um museu.
Pois sobre um desses matungos de São João Evangelista, justamente o que seria mais fácil de domar, a guerra, mas cujo queixo nós mesmos endurecemos, fui rever "Platoon". Cruel, bárbaro, abusivo e desumano, porém, creio que um retrato real do que acontece na linha de frente para onde só vão os inocentes, e que por vezes, transtornados pelo meio, acabam também inseridos na barbárie, sendo parte dela.
Uma história escrita, produzida e dirigida por quem viveu essa que foi uma das maiores derrotas americanas nos campos de batalha. No caso, na selva. Oliver Stone esteve do Vietnam e voltou condecorado, e não sei se a narrativa do filme, feita pelo soldado Chris Taylor não é o álter falando.
O erro estratégico americano foi de cabo-de-esquadra. Comparável como apanhar de bêbado. Foram lutar contra um inimigo teoricamente frágil, a maioria camponeses, porém, na selva deles, lugar que conheciam com a palma da mão. Um descuido trágico movido pela soberba de grande nação, que vitimou milhares de jovens despreparados, e deixou uma legião de outros tantos com traumas irreversíveis. Só bastava ter lido Sun Tzu.
Oliver Stone fez o diabo na produção desse filme, submetendo os atores aos rigores da selva filipina, onde foi rodado, com duas performances inesquecíveis: Tom Berenger (sgt Barnes) e Willian Dafoe (sgt Elias). A mensagem maniqueísta dos personagens talvez tenha sido para contrariar Sarte: o inferno somos nós.
A imagem da morte do sargento Elias, que ilustra o cartaz, é eterna. Saibam que resta muita tristeza ao final.
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