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quarta-feira, 16 de outubro de 2024

DEBRA PAGET - LOVE ME TENDER




Conheci Debra Paget. no filme "Love me tender", estreia do Elvis Presley como ator, e que acabou sendo o seu maior sucesso cinematográfico. E eu duvido que quem tenha assistido a esse filme, tenha esquecido daquele rosto mimoso, fincado em um monumento de 1,57m.
Revi o filme que, apesar de envolver guerra e do final melancólico, tem uma temática juvenil. E uma música maravilhosa. Depois fui ver outros trabalhos dela, alguns bem marcantes. "Tigre da Índia", "Sepulcro Indiano" e a "Princesa do Nilo", só por ela mesmo, os filmes... Belas porcarias.
Debra Paget não foi um cometa, desses que passam uma ou duas vezes pela tela e desaparecem. Mas quase isso. Lindíssima! Talentosíssima! Trabalhou apenas 15 anos, de 1948 a 1963, em 36 filmes, como "Os dez mandamentos", entre outros, e deixou marcas profundas na 7º arte, além das paixões frustradas, como do Elvis. O rei do rock se atirou logo de cara e teria pedido a moça em casamento durante as filmagens de "Love me tender". Levou um pé, porque os interesses da mocinha estavam focados nos, digamos, "recursos físicos" do senhor Howard Robard Hughes Jr, a saber, o Elon Musk da época. Debrinha sabia onde queria amarrar seu bode, e sem grandes sacrifícios.
Ela, que foi atriz desde os oito anos, queria largar o jogo. E largou com pouco mais de 30 aninhos, com uma carreira cheia de holofotes à sua frente. Tornou-se uma Cristã-nova e foi criar seu filho de olhinhos puxados, fruto de seu casamento com um magnata chinês. Olha aí o bode amarrado da Debrinha.
Dancei com ela em "Tigre da Índia" (faço uma "pontinha" como naja, tenho provas). Mas assistam ao vídeo e imaginem os rubores pudicos das tias assistindo a essa dança, em 1959, quando erotismo era coisa do anjo caído, ou trabalho de linha preta largado na esquina e que baixava nas raparigas.
A musa ainda está entre nós. Vive isolada no Texas e está com 91 aninhos.
Ave, Debra! Morituri te salutant (os mortais te saúdam)





SARITA MONTIEL - La violetera



Não sei bem se foi "La violetera" que catapultou sua carreira. Como cantora, ela já era um fenômeno no final dos anos 50. E linda, muito linda!

O certo é que não dá para lembrar dela sem lembrar desse filme, um musical romantizado, que leva o nome da canção imortalizada por ela, e dirigido pelo fantástico ítalo-argentino Luis César Amadori. Nesse filme, a pobre vendedora de flores em frente ao teatro, que tem como recurso de mídia sua voz de ouro, acaba seduzindo um rapaz rico (Raf Vallone) que depois vai se ver aos pulos para fazer com que sua família a aceite.
Mas isso é para conferir no filme, que há muito não revejo, mas está na pauta. . Pois bem. A espanhola María Antonia Alejandra Vicenta Elpidia Isidora Abad Fernández, para os íntimos e para o mundo apenas Sarita Montiel, viveu 85 anos (morreu em 2013) e passou a vida derrubando, com suas duas espingardas carregadas de esmeralda, engatilhadas entre os cílios, a fina flor dos galãs de Hollywood.
Há pelo menos uma passagem cômica entre as suas relações que foi vivida com Gary Cooper, com quem fez par em "Veracruz", em 1954. Ela não falava inglês e uma de suas falas era a seguinte:
- Do you want to fight with me and mine for my people? (Você quer lutar comigo e com os meus por meu povo?).
A bela, entretanto não pronunciou certo "fight" e saiu algo parecido com "fuck". Ao que Gary teria respondido
- "YES!" , com todo o entusiamo cabível.
E, de fato, os dois viveram uma linda história de amor, que depois se transformou em uma grande amizade até a morte do ator em 1961.
Sarita foi uma boa atriz, mas como cantora era top de linha. Maravilhosa!


VIRNA LISI


 

A morte de uma estrela mexe com o universo. Cria o tal buraco negro, circundado por uma energia cósmica chamada de ponto de não retorno, que suga tudo para seu núcleo. Nessa fronteira teórica, sumidouro espacial, mergulhamos todos, súditos inconformados, com a morte de Virna Lisi.

Virna tinha o rosto perfeito. Tudo tão certinho, tão no lugar que até poderia parecer sem graça. Foi, seguramente, um dos rostos mais lindos da época de ouro do cinema. Tão linda que chegou a reclamar por sê-lo, pois a impedia de disputar alguns papéis de relevância.

Participou de 80 filmes e recebeu vários prêmios, porque, enfim, não era só aquele rosto lindo, maravilhoso, insuperável na telona. Ela tinha talento.
Assistir a seus filmes, no entanto, nos impunha, ao menos a mim empunha, um esforço especial nas as tomadas fechadas. Precisava fugir do estado hipnótico ou não entenderia o enredo. Só fui perceber que era uma grande atriz quando a desfiguraram. Em "Rainha Margot", de 1994. Conseguiram desfazer todo trabalho que o Criador levou 6 dias para fazer com extremo capricho.

Nesse filme, Virna deu vida à feiosa Catarina de Médici, rainha consorte da França, mãe de 10 filhos, sendo que três deles reis. Foi tida como a mulher mais poderosa da Europa do século XVI. Precisaram desfigurar a musa para que a gente prestasse a atenção na trama. Então deu para perceber roteiro, direção, fotografia e o resto.

Virna entrou em colapso gravitacional em 2014, indo morar com as outras


MATA HARI


 

A primeira Mata Hari foi levada para o cinema em 1927, pela famosa (?) Magda Sonja, uma atriz austríaca que teria feito laboratório para compor a personagem em sua própria atividade, já que era do ramo. Nunca tinha ouvido falar nela até me interessar pela personagem enigmática, que fez história na primeira guerra mundial como teúda e manteúda dos generais e, supostamente, espiã ambidestra. Foi sob essa acusação e identificada como sendo a agente "H21", criada pela paranoia até que justificada pelos cagaços bélicos, que enfrentou o pelotão de fuzilamento em 1917, aos 41 aninhos.

Não vi o filme com a tal Magda, mas tive o que considero um clássico em uma fita VHS, com a Greta Garbo, perfeita no papel. Greta por si só já era uma esfinge imperscrutável, também à frente da sua época. Depois vi a versão com aquela moça de sorriso sensualmente invertido, a Jeanne Moreau, e com aquela outra cujo pôster eu coloquei no banheiro, despois que filmou Emanuelle: a Sylvia Kristel. Ambas não atavam o espartilho da Greta. Mas houve outras grandes atrizes que interpretaram a personagem, como Doris Day e Marlene Dietrich, cujas não assisti. Ao todo somam mais de 10 versões.
No entanto, li várias publicações sobre a controversa história da cortesã Margaretha Gertruida Zelle, holandesa que por sua beleza emoldurada por longos cabelos negros e talento, se jogou no mundo em preto e branco de então como uma princesa e dançarina javanesa chamada Mata Hari. Até Paulo Coelho se interessou por ela que, por tudo e na época em que ousou, tornou-se um símbolo da ousadia feminina. Ou deveria ter se tornado, uma vez que não leio nada de relevante sobre ela escrito por mulheres. "Cortesã? Sim. Traidora, jamais!', teria dito quando de sua condenação, em uma época que ser puta ou morta para a sociedade era a mesma coisa.
Gostaria de ver outra versão, com os recursos atuais. E acho que a atriz Eva Green ficaria perfeita no papel.

HEDY LAMARR E MAE WEST


Desconheço a data, a origem ou o autor da frase/sentença: "essa é uma mulher muito à frente do seu tempo". O mundo produziu muitas e em Hollywood não poderia ter sido diferente, em função da visibilidade. Uma delas, Hedy Lamarr, a atriz e inventora austríaca, cheia de virtudes físicas e intelectuais que conquistou Hollywood, o mundo, e retirava suspiros do velho Portella. Linda, talentosa e dona de um QI
extraordinário.

Mas Mae West, mais antiga e vivia de traduzir em palavras claras, sentimentos e desejos latentes e alguns inconfessáveis para a pudica/hipócrita sociedade americana. Acho que foi a primeira grande diva do cinema. Abaixo o que ela pensava e não economizava no verbo:
“Quando sou boa, sou muito boa, mas quando sou má, sou melhor ainda”
“Uma mulher só precisa de quarto animais na vida: uma raposa no armário, um tigre na cama, um Jaguar na garagem e um burro para pagar tudo isso.”
"Querido você está com uma lanterna no bolso ou isso é uma declaração de amor?"
“O amor vence tudo exceto pobreza e dor de dente”.
“Eu mesma escrevi a história. É sobre uma menina que perdeu a reputação e jamais sentiu falta dela”.
“Entre dois pecados, eu escolho um que eu ainda não cometi”
“O que conta não são os homens em minha vida, mas a vida em meus homens”
“Claro que meu amante pode confiar em mim. Eu disse a ele que centenas já confiaram.”
“Subtração aritmética é deixar com 2 dólares um homem que tem uma nota de 100.”
“O casamento é uma grande instituição, mas eu não estou preparada para as instituições”.
“Entre dois males, escolho sempre aquele que nunca experimentei”.
“Quando as mulheres erram, os homens vão atrás”.
“Errar é humano, mas faz você se sentir divino”.
“Você nunca será muito velho para ficar mais novo”.
“Garotas boas vão para o céu, as más vão para todo lugar”
“Nunca amei ninguém do jeito que amo a mim mesma.”

AVA GARDNER



Ava Gardner é uma entidade. Uma esfinge. O animal Jean Cocteau a classificou como “o animal mais lindo do mundo”. Já Hemingway, que proibiu a criadagem de trocar a água da piscina em que ela nadou pelada, foi mais sutil: "Ava é a essência da feminilidade que mulheres, em geral, não sabem passar para os homens”. Ava não negociava muito, quando gostava, botava o buçal e firmava as rédeas.

No entanto, ela não foi só uma derrubadora de queixos masculinos, onde se enfileirou a fina flor dos galãs de Hollywood, entre os quais "The old blue eyes" Frank Sinatra. Este comeu o pão amassado pelo anjo caído. Foi um casamento que se finou após várias trocas de guampas, três tentativas de suicídio dele e dois abortos. Ainda assim, os biógrafos contam que foram os grandes amores da vida de cada um. Separaram-se no ano em que Frank interpretou alguns dos motivos que levou o casal à cisão, no filme "Chorei por você" (o filme do All the way), enquanto ela vivia o "O sol também se levanta", romance do Hemingway.
Avinha não era flor. Não podia ver um pelego felpudo que já se deitava.
Há vários, mas cito ao menos três filmes dela que valem a pena rever. "Mogambo" , sua única indicação ao Óscar, onde ela divide abraços, beijos e as orelhas de abano do Clark Gable com a princesa Grace Kelly; "As neves do Kilimanjaro" e "A noite do Iguana", onde contracena com Richard Burton. Aliás, neste filme, Burton, que faz o papel dele mesmo, está cercado por Ava, Sue Lyon (a eterna Lolita) e Debora Kerr. Liz Taylor, que conhecia a aldeia e os caboclos, esteve acompanhando de perto as filmagens!
Ava foi uma atriz acima dos seus atributos físico. Teve uma filmografia vasta e exigente, e parcerias de luxo no currículo. E soube usar, como poucos mortais, a carcaça (e que carcaça!) emprestada em comodato pelo Criador.
A música do clip é do filme Love Story, na voz do Andy Willians, mas ficou muito bem neste tributo. Afinal, a vida de Ava foi uma história de amor.

ÂNSIA DE AMAR


 

Ann-Margret Olsson. Sueca, linda, bailarina, atriz extremamente talentosa, com uma filmografia extensa. Tinha a sensualidade como marca registrada, espalhada em um universo de 1,60m, que contemplava olhos, boca, voz e sua farta cabeleira ruiva... Que, a bem da verdade era morena, mas isso só os íntimos souberam.

Ann foi parceira nos primeiros filmes de Elvis Presley, com quem, dizem, teria dividido os pelegos durante as filmagens de “Viva Las Vegas”, e de quem se tornou grande amiga para sempre.
Em 1963 foi convidada a cantar na festa de aniversário privada do presidente Kennedy, como Marilyn Monroe, um ano antes. Mas não saiu de dentro de um bolo, nem consta que tenha sido ela a fatia do homenageado.
Em 1978, Ann foi a escolhida para interpretar a personagem Sandy Dumbrowski no filme “Grease, nos tempos da brilhantina”, um dos que marcou a época das discotecas. Porém, com 37 anos, não se sentiu à vontade para interpretar uma adolescente do ensino médio. Então, Olivia Newton-John foi escalada, porém, com uma alteração: a personagem foi renomeada para "Sandy Olsson". Uma homenagem a Ann, cujo sobrenome de batismo é Olsson.
Um filme imperdível com ela: “Ânsia de amar”, de 1971, obra da palheta do poderoso Mike Nichols, quando a diva divide as cenas e é premiada como coadjuvante, com Jack Nicholson e a muito mais que diva Cândice Bergen. A curiosidade é que o amigo, companheiro de quarto e confidente de Nicholson no filme é o sr. Art Garfunkel (o da voz maravilhosa parceiro do Simon), elogiadíssimo no papel introvertido dele mesmo. Um filme que mexeu com os nervos pudicos e cínicos da sociedade americana de então.

TARAS BULBA


 

Christine Kaufmann quase se consagrou como a princesa Natalia Dubrov, em Taras Bulba., quando contracenou com o então queridinho de Hollywood Tony Curtis. Depois foi para prorrogação e pênaltis com ele, que tinha acabado com mais um dos dois casamentos mal resolvidos com Janet Leigh. Na época ela tinha 18 aninhos.

Crhis e Tony ficaram casados por 5 anos, o tempo suficiente para emplacar dois rebentos, ou duas: Allegra e Alexandra.
Christine não decolou na carreira cinematográfica, mas foi ser uma empresária muito bem sucedida no ramo de cosméticos, escreveu livros sobre beleza e foi posar nua aos 54 anos para a Playboy, época em que foi chamada de a vovó mais linda da Alemanha. Nos deixou faz pouco, em 2017, aos 72 anos.
Taras Bulba foi um épico de 1962, baseado bem de longe no romance de 1835 de Nikolai Gogol, que é um pouco mais velho do que nós, por isso não lembramos dele. Conta uma história de amor, vivida com um pano de fundo bem atual: uma guerra nas estepes, quando os polacos recorreram aos cossacos ucranianos, na época, aos tapas contra o império otomano. Dizia-se que o futuro da Europa estaria sendo decidido em 1835. Pelo visto...
O crédito do filme vai para o senhor Taidje Khan, a saber, o nome que Yul Bryner adotou, em função da sua descendência mongol. O careca está gigantesco, nem parece que tinha 1,70m.
Quem gosta de épicos está proibido de não ver, ou rever este filme. Tem imagens e trilha sonora lindíssimas. como linda era a Chris. O Tony mais ou menos.



Suzzane Pleschette tinha o olhar dúbio. Ora sorvete de pistache quando terno, ora bomba de rúcula quando enfezado. Mas abstraindo doçuras e hortaliças tinha olhos incríveis. Uma versão juvenil de Liz Taylor. Tinha uma carinha angelical, que dava os ares daquela namoradinha platônica do colégio das irmãs, contrariando o timbre de voz grave, que a mantinha longe de papeis mais ternos.

Não teve grande sucesso no cinema e jogou fora a chance de ser a mulher-gato, em 1960, "cargo" ocupado com louvor pela gatíssima Julie Newmar. A estrelinha que Suzzane ganhou na Calçada famosa fica por conta de sua presença na TV.
Dos filmes marcantes dela destaco três. "Os pássaros, do Hitchcock, "Um clarim ao longe" e "Candelabro italiano". Esses dois últimos filmes renderam prorrogação e pênaltis com o borracho Troy Donahue. Casaram, mas a união parece que se esvaiu entre "carreiras brilhantes" e garrafas de uísque . O casamento foi um porre que durou de janeiro a setembro de 1964.
"Candelabro italiano" é um aguinha com açúcar bem ao gosto dos anos 60, quando a mocinha vai para Roma buscar sarna para coçar. Mais vale pelas lindas imagens de Roma, pelo olhar matador da imprudente Prudence e, claro, por "Al di la", que eu ainda não sei exatamente o que quer dizer. Mas é bom de rever e dar uma cochilada, vez por outra, sem perder nada do enredo óbvio.
"Al di lá", no filme é cantada por Emilio Perícoli e Betty Curtis, mas interpretada por Connie Francis tu vais a Roma.


terça-feira, 15 de outubro de 2024

𝐔𝐌 𝐏𝐎𝐑𝐓𝐎 𝐒𝐄𝐆𝐔𝐑𝐎



Southport, uma cidadezinha de menos de 3000 habitantes na Carolina do Note, definitivamente é um lugar para se esconder. Foi o que a linda Katie pensou. Ela que, fugida da ´policia e do marido, com o agravante de que ele era ambos, precisava sumir do mapa.

Katie queria se esconder e não criar laços com ninguém, mas foi seduzida primeiro pela pequena Lexie, depois pela encantadora Jo (anjos existem!) e por fim pelo resto da família amputada, em especial o viúvo Alex..
Trama bem feitinha, ótimo roteiro e um texto que não por acaso, nos remete a outro açucarado competente, "𝐃𝐢á𝐫𝐢𝐨 𝐝𝐞 𝐮𝐦𝐚 𝐩𝐚𝐢𝐱ã𝐨": o autor é o mesmo (Nicholas Sparks), que pelo visto, gosta da fórmula.
Tem emoção, que parece ser a marca registrada de Sparks, momentos de espiritualidade, ação, alguns sustos e cenas finais que fariam verter os chorões dos anos 60.
O filme acaba convidando a entrar um pouco na trama, sem que importem clichês ou pieguices, afinal, clichês ou pieguices são nada mais do que definições de doçura. Assista com o espírito crítico em stand-by, uma vez que parece ter sido feito justamente para aliviar tensões. Bom para uma sexta-feira com meia garrafa de vinho.

UM LUGAR CHAMADO NOTTING HILL

 A


Antes de ser uma comédia romântica é um romance. Um romance sem traumas. Apenas com a dificuldade de um abostado não saber lidar como tamanho midiático da mocinha. Mas disso eu entendo muito bem. Também não soube lidar com a fama da Michelle. Como comédia romântica é do padrão de outra estrelada pela Julinha Roberts, Uma linda mulher, e tão boa quanto.

Conta a história de um livreiro bonitão, que recebe em sua modesta lojinha de bairro, uma bonitona famosa e atriz renomada. A coisa vai das desconfianças iniciais, uma luta titânia dela apara vencer a timidez do moço, ao final apoteótico, tudo com muita leveza e clima tropical, apesar de se passar na Inglaterra.
A gente pode gostar, desgostar do gênero ou tanto faz, mas uma coisa é certa: termina o filme e ficamos dois ou três dias resmungando a trilha sonora. Demais! Até os mariscos de Nazaré, que não têm sossego nenhum entre os guascaços do Atlântico e as rochas, sabem da minha admiração por Aznavour, mas "She", nas cordas meio roucas do Elvis Costello te levam a Notting. Sublime!
O filme tem uma levada gostosa mercê das luzes de Julia Roberts, que brilham tanto, que ao invés de ofuscar o naturalmente ofuscado Grant, empresta seu brilho e o catapulta ao Globo de Ouro junto com ela.
E um "The End" pateticamente romântico e emocionante, que fez descongelar os corações londrinos, ensolarados pela voz do Elvis, que acabou enchendo as burras dos investidores faturando milhões, e colocando a obra na galeria dos imperdíveis .





segunda-feira, 14 de outubro de 2024

COMER, REZAR E AMAR



O filme pode ser muitas coisas, até chato. Vai depender do senso crítico e dos redemoinhos internos de quem assiste. Eu gostei. E gostei porque tem um texto narrado sensível, quase poético, bons diálogos, um roteiro ajustado, embora tenha desconsiderado o personagem masculino, e forçado o clima na química do casal; tem uma visão bem humorado das culturas visitadas, uma fotografia maravilhosa e uma trilha sonora supimpa, com direito a Bossa Nova. Mas sobretudo porque é uma bela aula de filosofia. É um filme de mulher para mulher, como dizia a Marisa.
Elizabeth Gilbert uma escritora jovem, era um sucesso pessoal e profissional. Tinha uma vida invejável, mas o casamento começava a fazer água, confuso e inseguro, sentimentos que colocavam em dúvida a relação. Sem solução, divorcia-se, mas logo a seguir engata outra relação complicada, o que só aumentou seu sentimento de culpa. Então chuta o pau da barraca e parte em busca do que se escondia dentro dela, dando vazão a novos hábitos e assimilando outras culturas e crenças. Vai comer na Italia, rezar na India e... Bueno, a exótica e alcoviteira Bali que cumpra a sua função.
O filme é extrato do livro, que tem origem em um relacionamento de Elizabeth, quando ela está no último terço da viagem, e consegue expurgar os seus demônios. Conhece o brasileiro José Lauro Nunes, nascido no interior do Rio Grande do Sul, por quem se apaixona, e no filme é interpretado por Javier Bardem. Ele, que é mote do enredo, no filme tem pouco espaço e está apático. Já Julia Roberts, que encarna o álter da escritora está soberba, como sempre.

PS Tentei achar uma amiga que, ao se separar, tenha passado a comer como um Assessor Operacional de Edificações, popular servente de obras, e que não estivesse nem aí para a balança. Amanhã continuo. 

JULES & JIM - Uma mulher para dois



Há duas verdades desnudadas nesta obra:

1) Lealdade e fidelidade são palavras gêmeas, porém bivitelinas, a mercê do caráter dos envolvidos;

2) O trisal não nasceu em Tocantins.

Jules (Oskar Werner) é um judeu-alemão, com modos ortodoxos e Jim (Henri Serre), um francês tocado da bola. São amigos e confidentes, apesar das grandes diferenças comportamentais.
Passeando pelos mares gregos se deparam com uma estátua sorridente de mulher e se encantam. De volta para casa, tropeçam em Catherine (Jeanne Moreau), em quem julgam enxergar o mesmo sorriso da estátua e se apaixonam por ela.
Jeanne Moreau é um dos símbolos da nouvelle vague, o movimento francês contestatário ao glamour hollywoodiano. Era uma mulher que transpirava sensualidade, a partir de sua boca, um rasgo lascivo que oscilava entre o sorriso invertido e o deboche.
Em "Jules e Jim, uma mulher para dois", que na verdade era uma mulher para muitos, Jeanne foi ser Catherine. Tornou-se amiga da dupla e foi levando a ambos pelo seu cabresto sedutor. Quase um ménage à trois em tempo integral, até que Jules, vencido pela paixão, a pede em casamento, óbvio que com o consentimento do amigo Jim, que deveria abrir mão dos seus 33% de direitos da relação.
Viviam todos uma linda história de amor e amizade até que a guerra os separou. Jules, já casado, leva Catherine para a Alemanha, país pelo qual vai aos campos de batalha. Finda a guerra os amigos voltam a se encontrar na França. O casal tem uma vida muito complicada, em que Catherine coleciona amantes sob o olhar compassivo (ou manso) do marido. Como não consegue segurar o furor de sua Messalina, aceita dividi-la com o amigo., como nos velhos tempos Depois acaba cedendo em definitivo os "direitos federativos". Divorciam-se, e Jim e Catherine se casam.
Seguindo o roteiro, guampinha daqui, guampinha dali de ambas as partes, Jim vai viajar e encontra outra de suas mimosas, a Gilbert (mimosa mesmo, pena que só de dois filmes, a Vanna Urbino) e a coisa ficou séria e o caldo entorna de vez,.
Baita filme.

𝐃𝐄𝐒𝐓𝐈𝐍𝐎𝐒 𝐂𝐑𝐔𝐙𝐀𝐃𝐎𝐒




O filme de 1999, é baseado no romance de Warren Adler que chegou até nós com o título "Corações entrelaçados" o que, convenhamos, é a mesma coisa que Destinos cruzados. Tem como pano de fundo o desastre do rio Potomac, em 1982, que matou 74 pessoas que estavam no avião, mais quatro no solo, após colidir com a ponte.
Harrison Ford é algo do tipo Kevin Costner: tem sempre o mesmo gestual e expressão facial para qualquer situação. No entanto sabe valorizar seus personagens, em especial quando se trata de um policial. Faz com a maravilhosa Kristin Scott Thomas, na trama uma congressista em campanha, um par charmoso, porém com a química represada por traumas recentes (guampinhas cruzadas ou entrelaçadas), uma vez que a mulher do Ford viajava com o marido da Thomas, e porque a imagem da política em campanha precisa ser preservada. Dutch (Ford) investiga sobre o voo em busca do nome da esposa, vai ao encontro de Kay (Thomas) para tirar e dar satisfações, mas ela não quer falar a respeito, porque talvez tenha lá suas suspeitas. Acaba cedendo, cedendo... se entrega e tudo se vai Potomac abaixo. No entanto, ao final, a troca de olhares e afetos no aeroporto, e com um só bilhete de voo, pede um "Destinos cruzados II".
É um filme que ficou marinando por 15 anos até ser realizado e o resultado foi bom. Gostei, é impossível não gostar de ver Kristin em cena, com aquele par de olhos contraditoriamente vagos, que mal combinam com a expressão forte. É uma excelente atriz. E para coroar, tem a batuta de mestre Sydney Pollack, o que é uma garantia.
Vale suas duas horas e pico.

9 1/2 SEMANAS DE AMOR



𝙆𝙞𝙢 𝘽𝙖𝙨𝙞𝙣𝙜𝙚𝙧 é um "assemblage". Tem na sua composição genética ascendência alemã, irlandesa e sueca, e fecha com notas de índia cherokee. O maravilhoso resultado disso a gente viu nos anos 80: corpo, aroma, buquê... E talento sedutor.

E talvez essa miscigenação toda também seja responsável pela vida totalmente fora de padrões que teve, a partir de sua ascensão ao estrelato. Ultimamente anda mais serena, tratando do resultado de suas loucuras, ou seja, a desintoxicação e direcionamento da filha que teve com Baldwin, à imagem e semelhança da mãe.
Foi oscarizada como coadjuvante em "Los Angeles - cidade proibida", porém, seu filme mais marcante, seguramente foi "𝐍𝐨𝐯𝐞 𝐞 𝐌𝐞𝐢𝐚 𝐒𝐞𝐦𝐚𝐧𝐚𝐬 𝐝𝐞 𝐀𝐦𝐨𝐫", quando dividiu o protagonismo com Mickey Rourke.
Elizabeth e John não poderiam ter protagonistas mais adequados. O filme é uma bomba erótica; uma roleta russa de joguinhos sexuais, e pelo que se sabe da realidade de Mickey e Kim é uma paródia de suas próprias vidas. Esses jogos, no entanto, quando saem do controle, vitimizam seus jogadores, com respingos ácidos longe dos lençóis e fora das quatro paredes.
A trilha, por Bryan Ferry, "Slave to love" (Escravo do amor) também muito bem adequada.
Kim subiu às Três Marias, ganhou milhões, comprou uma cidade (Braselton - na Geórgia), com o objetivo de transformá=la em ponto turístico, e depois se enterrou na camada pré-sal hollywoodiana. Para sair do buraco, teve que se desfazer do sonho e se declarar falida.
𝐍𝐨𝐯𝐞 𝐞 𝐌𝐞𝐢𝐚 𝐒𝐞𝐦𝐚𝐧𝐚𝐬 𝐝𝐞 𝐀𝐦𝐨𝐫" é melhor que "Cinquenta tons de cinza" e fica bem para um sábado de outono. Com um tannat e meio quilo de gorgonzola.

GANDHI



Candice Bergen é uma Monalisa pós-moderna. Aquela ameaça de sorriso construído pelo talento de Da Vinci, e passado para o metro do tempo como enigmático, é fichinha perto desse que a loira nos proporciona. Enigmático, lindo e claro como uma manhã de abril. A boca dessa moça parece estar sempre entre parênteses. E parêntese a gente sabe, envolve um contexto de muito valor.

Candice é multimídia. Modelo, jornalista, escritora e primeira mulher a apresentar o "Saturday night live", a saber: um programa televisivo de humor que já está no ar há quase 50 anos. Nas horas vagas, espalhou pedaços de coração até por Passo Fundo-RS. Namorou de Henry Kissinger a Louis Malle, com um pequeno estágio pelos pelegos do gaúcho Tarso de Castro, um dos fundadores do Pasquim.
Uma curiosidade mórbida rondou a vida dela em 1969. Foi morar com o namorado Terry Melcher, filho da Doris Day (cujo pai biológico nunca descobri) na Cielo Drive, 1050, em Beverly Hills uma mansão enorme, palco de um dos crimes mais hediondos da história de Hollywood. Tempos depois de terem alugado a mansão para Roman Polanski, sua lindíssima Sharon Tate acabou sendo trucidada pelo louco Charles Manson e seus fanáticos.
Detalhe: a bronca do Manson era com o Melcher e este era o alvo. Logo os assassinos erraram de mulher. Era para ter sido Candice.
Apesar de ser uma cidadã de múltiplos talentos, como atriz não chegou ao topo. Foi mais TV e menos cinema. Seu grande desempenho foi em "Ghandi", no papel da empoderada fotógrafa Margaret Bourke-White, das raras criaturas ocidentais a privar da intimidade do líder indiano.
Este é um filme fascinante, baseado na biografia de Mohandas Karamchand Gandhi (Mahatma é honorífico e significa alguém "de grande alma"), um modesto advogado pacifista que, com o poder da palavra, libertou um povo. É a vitória da boa-vontade; do desejo de paz e liberdade, contra as armas e a intolerância. Mostra que o poder da base, arregimentado, supera o poder da autoridade.
Um grande filme, com desempenho inesquecível de Ben Kingsley, oscarizado por isso.

CYRANO




Hector Savinien de Cyrano de Bergerac (1619-1655) é um personagem fascinante história literária francesa. Tanto pelo que criou, como pelas lendas que o acompanham.

Escritor, visionário e poeta, mas também guerreiro e duelista. Teria duelado mais de mil vezes, muitas pelo deboche sobre sua aparência. É como se tratava o bullying antes dos cuidados necessários de hoje, alimentados por algumas frescuras e exageros. Cyrano era muito feio, com um nariz enorme e complexado por isso. Morreu cedo, mas não em duelo ou por causa disso. Morreu por consequências de um acidente, aos 36 anos.
O filme é uma aventura romântica. Trata da história escrita por Edmond Rostand, cujo tema central é a paixão desmedida de Cyrano pela prima Roxane, que o via como um irmão super protetor. E do poder das palavras na arte da sedução. Poesia, reflexões, frases espirituosas, por vezes exacerbadas, mas pontuais,, fazem parte da aula de conquista que Cyrano oferece ao seu rival, o abostado Christian, para que conquiste sua amada Roxane. Uma versão da história diz que Christian, o abostado, é o mesmo barão de Neuvillette, companheiro de batalha de Cyrano, que acaba desposando a bela Roxane.
Sua vida foi levada às telas algumas vezes, sendo incorporado por José Ferrer, Gérard Depardieu e Steve Martin, mas sempre acho que lhe falta justiça. Ferrer foi oscarizado em 1950, já Depardier só não foi em 1991, porque a concorrência com Jeremy Irons (Reverso da fortuna), De Niro (Tempo de despertar) e Costner (Dança com lobos), era pesada demais. Esse duelo foi perdido, mas continua digno de ser revisto. Quanto a versão com Steve Martin é uma paródia cômica. Trata de um Cyrano vivendo no século 20..
Ainda não assisti a nova versão que ficou pronta em 2021, com o ótimo Peter Dinklage, o baixinho de Game of Thrones. Aqui se invertem os complexos: sai o tamanho do nariz, entra o nanismo do protagonista. A crítica é boa, mas quem dá bola para ela?

𝐑𝐎𝐍𝐈𝐍

 


Estava precisando dar uma sacudida nos sensores, então fui buscar um filme de ação. Tropecei no velho e bom De NIro, que é garantia de, pelo menos, uma atuação de primeira.
"Ronin", um filme de 1998, cujo título remete a samurais desgarrados, e que de resto não muito tem a ver com o enredo, é um filme elétrico, de muita ação, tiro, porrada, bomba e aula de direção perigosa, mas com um roteiro muito bem encaixado e uma amarração justa nos finalmentes. Trata-se de alguns espiões aposentados ou em vias de, que não se conhecem e se reúnem, contratados por uma mulher para uma tarefa bem específica, que é a recuperação de uma maleta, cujo conteúdo... Bueno, pode ser que na próxima ver que assista eu descubra. A ambientação do filme sugere um revival da guerra fria, mas não é.
Além de De Niro, o elenco é bom, mas eu trocaria Natascha McElhone por Charlize Theron, Eva Green ou Demi Moore. E conta com um show de patinação da campeoníssima Katarina Witt , ao som de The Sleeping Beauty, de Tchaikovsky e The Rhapsody on a Theme of Paganini, de Rachmaninoff. Um luxo refinadíssimo no meio de tanta brutalidade. Essa é daquelas cenas que a gente "rebobina".
Uma frase marcante do filme: "se me permitem, vou desmaiar (De Niro tendo uma bala sendo extraído do corpo, sem anestesia)". Quer um filme de ação para o final de semana? Toma lá: Ronin.