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quarta-feira, 30 de julho de 2025

FACES DA VERDADE




É um filme sobre ética jornalística, onde valores pessoais sobrepõem aos profissionais. Gostei. Bem desenvolvido, com atuações marcantes de Elizabeth Beckinsale, Matt Damon, Vera Farmiga e do veterano Alan Alda, célebre e premiadíssimo, protagonista da maravilhosa série M*A*S*H, dos anos 70. Esse quarteto faz o filme.


Cai no colo de Rachel Armstrong (Kate), uma repórter que escreve sobre política,
por uma graça divina ou diabólica, e de uma fonte inocente, uma informação bombástica, capaz de mexer com a estrutura da inteligência americana. Também de uma forma ocasional, consegue confirmar a informação por outra fonte. É o sonho de qualquer jornalista. Um furo que alavanca a carreira e no caso americano, a inevitável e cobiçada inscrição ao Prêmio Pulitzer. Mas há os riscos de uma informação grave, e a partir dela, Kate começa a cavar o seu futuro.

A ética jornalística dá ao profissional o direito de preservar a fonte, conforme a constituição. Mas ela, a constituição, tanto lá como cá, deixa brechas para empoderar o autoritarismo, e a pressão governamental se vai ao absurdo. Kate é instada a revelar a fonte, por uma questão de segurança nacional, mas não cede e tem seu destino amargado pela lealdade. Essa lealdade é coroada com a frase de seu advogado (Alda) que diz em júri "eu vim defender uma pessoa, não um princípio, mas para pessoas grandiosas não há diferença entre a pessoa e os princípios". Uma frase que sai do filme para a vida. A fonte original, a pessoa que inocentemente deu a informação a Kate, a gente só descobre no último ato, e é o que mais engrandece o personagem, uma vez que abre mão de sua liberdade e parte de sua vida por princípios.

Um filme que prende do início ao fim vai para a prateleira dos imperdíveis.

terça-feira, 22 de julho de 2025

ARRITMIA

 




terça-feira, 15 de julho de 2025

MILAN KUNDERA


 

A juventude dos anos 70/80 vinha da ressaca transformadora da década anterior. Passou a uma fase a viagens introspectivas e a fincar bandeira, se não em gurus, em referenciais filosóficos. De Khalil Gibran a Vinicius de Moraes; de Michel Foucault, talvez para o entendimento de pensamentos mais rígidos e prevenir-se deles, a Manuel Jacinto Coelho e seu interminável Universo em desencanto.

Mas houve um que preencheu todas os espaços, e que nos deixou em 2023, aos 94 anos: Milan Kundera.

Dizem que Milan foi um transformador com a sua arte de escrever. Não sei avaliar isso. Sei que foi um ícone de pódium para quem gosta de leituras criativas e viagens profundas, algumas sem volta, bem como orienta sua influência literária que foi de Nietzsche a Kafka, entre vários outros pesos pesados das artes e da literaturaDele me busquei e me encontrei nos contos de "Risíveis amores", não pela temática sexual, ou não só por ela, mas pela robustez do que se insere nas entrelinhas da sexualidade.

Dias desses revi o filme "A insustentável leveza do ser", com Daniel Day Lewis e Julliete Binoche, baseado na obra homônima de Milan que, comparada ao livro deixa muitas frustrações, o que é normal. Ninguém adapta roteiros melhor do que nós mesmos introjetados nas histórias. 

Decolou rumo ao infinito como Aznavour, aos 94 anos e com isso, desconfio que essa seja a idade em que as estrelas daqui vão brilhar lá em cima.

segunda-feira, 14 de julho de 2025

UMA VEZ

 


sexta-feira, 11 de julho de 2025

TEMPO

 


quarta-feira, 9 de julho de 2025

O TROCO


 

terça-feira, 8 de julho de 2025

DESIDERATO

 






segunda-feira, 7 de julho de 2025

O Conselheiro do Crime

The Counselor | Amazon.com.br

Você está autorizado a classificar como imperdível um filme que tenha a direção de Riddley Scott e no elenco de Michael Fassbender, Penélope Cruz, Cameron Diaz, Javier Barden e Brad Pitt. Uma quase certeza  de que estará sentado no sofá degustando uma obra de duas horas. 

O filme The Counselor  é vendido como sendo de ação e crime, que se propõe a vasculhar intimidades dos cartéis mexicanos. O início, no entanto, nos deixa em dúvida. Você tem a sensação de que está prestes a assistir a um filme pornográfico, longe dos propósito lidos na sinopse. E seguem-se diálogos de rendez-vous, para enfim, depois de 15 minutos, encontrar o eixo prometido. Então concluímos pela descontextualização dos arrulhos iniciais, colocados no início, talvez para impactar. Mero apelo. 

Mas não é só isso que não agrada no filme. Há muito não via, nem sei se vi,  um cast tão poderoso, participar de um enredo tão atrapalhado. Cortes mal feitos,  história mal encaixada e personagens esvaziados.  E dirigido por  Riddley Scott! 

Filmes sobre máfia, em especial as famílias mexicanas, são caracterizados pela brutalidade e pela quase ausência  de personagens do bem. Isso The Counselor entrega em boa dose. Não há mocinhos. E vemos Brad, Barden e Penélope submetendo-se a uma coadjuvância chusma.  

Não costumo falar de filmes que não gosto, mas  The Counselor, ou O conselheiro do crime, me pareceu tão absurdo, talvez pela expectativa criada, que resolvi escrever a respeito. Uma bosta

domingo, 6 de julho de 2025

EXPIRAÇÃO

 


TEMPORIZANDO

 



Você vai perceber quanto do metro do tempo já se foi olhando  suas fotos; as fotos dos seus filhos e dos filhos deles; e talvez ou daqui a pouco, as dos filhos dos filhos deles. Você pensa que já passou, que morreu para o mundo que passa do outro lado da rua, mas não, apenas envelheceu. 

E tudo passou num zás! Parece que foi ontem que você dava piques escada abaixo, com pouco efeito solo, calçando um tênis, com uma bola embaixo do braço e com um fôlego inesgotável. E depois, mais e mais atividades, até que aquele fôlego prepotente arregasse, e lhe  mostrasse a fragilidade de estar de posse da carcaça emprestada em comodato pelo Criador. Ah, saudades daquelas juntas, daqueles joelhos sadios de cartilagens risonhas, daqueles ombros irresponsáveis e da musculatura que, acontecesse o que acontecesse, parecia que não tinha acontecido nada. Você usava e abusava da sua musculatura rija. De todas elas.

Se ainda tem dúvidas de que o tempo voa, basta lembrar se ontem mesmo você tomava algum analgésico ou anti-inflamatório ao menor sinal de desconforto. Quantas vezes por ano sentia necessidade de ir ao médico, enfrentar uma bateria de exames, alguns constrangedoramente invasivos? Você não vai lembrar. Hoje, as recomendações  dos operadores de saúde  começam com a obrigação de você fazer ao menos 10% do que fazia anteontem, apenas para se manter minimamente saudável. O que não exclui a investigação  rotineira de procurar algo que certamente será achado. Afinal, para que servem as manutenções médicas, não é mesmo? 

O tempo não para. Nem preciso ser Cazuza para dizer isso, e nem oferecer a essa sentença um  ar reflexivo. Nós já desistimos de olhar a vida passar, muito porque ela não deixa. Ela passa e pronto, e você que trate de se inserir entre datas comemorativas, preferencialmente lúcido. Mesmo que incomodado por essa sensação de ser folha seca soprada no redemoinho do tempo, atordoado e de pouco chão. Aonde o vento pretende nos levar? Sabemos, claro, nascemos com prazo de validade. Só não sabemos quando, mas mesmo sabendo que falta menos do que faltava há pouco, estamos sempre desconfiados, e torcendo, que vá demorar.  Portanto, pisque  e já será daqui a pouco; durma e você acordará um ano mais velho.  E quando a luz definitiva se apagar, que seja como em uma noite de porre. Apenas um sono pesado e sem sonho para não haver esperanças de acordar.  A gente sabe que a esperança é mais pé no chão do que a fé.  

O que ganhamos ao nascer é o presente, e a vida sempre será isso: o  presente. Então que possamos fazer dele o melhor presente e aproveitá-lo como verbo e substantivo. Mas passa, como os parágrafos anteriores também passaram. 

O poeta cubano José Martí sentenciou: “Plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro: três coisas que toda pessoa deve fazer durante a vida”. Agora você sabe porque.  São as formas físicas que você tem de se eternizar, seja na natureza, seja no coração dos seus, ou em alguma estante. 

Ao fim, é o que importa.  Gracias a la vida y a mis hermanos, tantos, que no los puedo contar

quinta-feira, 3 de julho de 2025

AS ESPIÃS DE CHURCHILL

 



O título brasileiro nada tem a ver com o original, que é A Call to Spy (Uma chamada para espionar). Mesmo porque, o gordinho do V da vitória transformado em paz e amor pela turminha do make love not war, Churchill, não aparece nunca, e só recebe uma ou duas referências muito de longe.

E não se trata de explorar profundamente a história, ou não ter grandes expectativas sobre revelações guardadas, porque ela, a história do front, também não é tão explorada no filme. Traz à luz, no entanto, a vida de três mulheres grandiosas e justamente reconhecidas em sua luta contra o nazismo: 𝐕𝐄𝐑𝐀 𝐀𝐓𝐊𝐈𝐍𝐒, 𝐕𝐈𝐑𝐆𝐈𝐍𝐈𝐀 𝐇𝐀𝐋𝐋 e a indo-britânica 𝐍𝐎𝐎𝐑 𝐈𝐍𝐀𝐘𝐀𝐓 𝐊𝐇𝐀𝐍.
A beleza do filme, além da linda Stana Katic, que dá luz à poderosa Vera Atkins está no objetivo, que me parece ser a valorização do trabalho dessas heroínas contra os malvadinhos da suástica. Isso se preenche razoavelmente, apesar de que na trama, a meu ver, faltou detalhamentos de suas ações, em especial as de campo. Talvez porque não seja um filme de guerra. É sobre o tema, e de suspense, baseada em fatos reais, vividos naquele período negro da Segunda Guerra, dos mais trágicos da nossa saga humana.
Para quem cresceu lendo muito sobre Mata Hari, sobre a Agente 27 e muito em especial (mas bota especial nisso) as gurias da família Montfort, a saber, Giselle e sua filhota Brigite, o filme da Sarah Megan Thomas, que faz o papel de Virginia Hall, esta que, por seus esforços de guerra, mesmo usando uma prótese de madeira na perna, ganhou a Cruz de Serviço Distinto, em setembro de 1945, o único oferecido a uma mulher civil durante a Segunda Guerra Mundial, é imperdível.

quarta-feira, 2 de julho de 2025

GUERRA E PAZ


 

Não sei se vim do pó que virou barro.
Subestimo a matéria que me envolve.
Por mim sou éter, passageiro do tempo, 
Apenas isso, ou nem isso, ou pouco mais que isso.
Não importa. 
Meu espírito dança as músicas que eu gosto.
Quer saber quem sou? Ouça-as, dance junto.
Para saber o que penso é fácil: leia-me.
Não sou nada além do que escrevo.
Pouca adianta investigar meus olhos. para saber de mim;
Falo pouco com eles, bem mais com as mãos, 
E as minhas janelas de alma são como são: abstratas.
Ou faça melhor: pergunte-me!

Dialogo com a vida através dos cinco... seis sentidos.
E desconfio haver outros por onde ainda não interagi.
Trago a essência perceptiva, resquício de alma ressabiada.
Quando arrefecem as luzes, salva-me a intuição, 
E a conexão permanente com o irmão cosmo,
Vigilante e coalhado de almas minhas caridosas.

Escavo verdades sem medo de ver nelas crueldade.
Verdades são tochas que iluminam bretes morais.   
Quando ardem incomodam, no entanto curam.
Tal qual o sol que cega ao saímos das trevas,
Que, absorvendo a luz, tudo limpa. Abstrai sofismas.

Os caminhos que trilho terminam nos dedos;
Impaciente, raciocino também por eles, porém,
Busco ver além dos quatro mostrados pelo artista.
Perguntas devem respostas; atormento-me por buscá-las.
Não quero chegar ao Último Juízo julgado por dúvidas.
É certo que serei sepultado por equações resolvidas.
Se soluções por vezes não vi é porque perdi. É o jogo.
Desse coquetel de erros e acertos não há de restar saldos.
 
Meus sentidos se encontram e justificam nos extremos,
Da doação irrestrita,  à busca de recíprocas.
Nunca soube sentir pouco; entregar pouco...
Fui o idiota feliz que flertava com o ridículo;
O louco, que viu seu coração arrebentar no muro da desolação, 
Mas nunca, nunca terceirizando culpas.
Tudo foi superlativo. Dos perdões que não pedi,
Aos eventuais cinismos constrangidos de arrependimentos.
Tudo do todo me pareceu pouco ou me bastou. 
E o nada, se houve, perdeu-se no vazio inconsistente.
O resto, apenas não vivi. 
Assim, vivo sem pena de me consumir num zás por escolhas boas;
E vivo sem pena as minhas penas, por mais que possam doer

segunda-feira, 30 de junho de 2025

ELE NÃO É PESADO; ELE É MEU IRMÃO





"He ain’t heavy, he is my brother ” (Ele não é pesado; ele é meu irmão) é uma balada escrita por Bobby Scott e Russell Bob, gravada por Kelly Gordon, tendo ao piano o "recruta" Elton John. Mas bombou mesmo quando "The Hollies" a catapultaram ao cenário mundial, ainda em 1969. Sou muito fã dessa banda, que é parte integrante da grande "Invasão Britânica" dos anos 60, e que forneceu várias versões para a nossa Jovem Guarda.

Segundo o Wikipédia trata-se de uma história real, narrada no livro de 1884, "As Parábolas de Jesus" , de James Wells, moderador da Igreja Livre Unida da Escócia. O livro conta a história de uma garotinha carregando um menino grande. Ao vê-la se esforçando, alguém perguntou se ela não estava cansada. Com surpresa, ela respondeu: "Não, ele não é pesado; ele é meu irmão." Há outras versões, como a do padre que abriu a porta durante uma nevasca para receber um menino carregando o outro, e que teria proferido as mesmas palavras. História ou lenda, a narrativa é inspiradora e resultou em música maravilhosas, que foi gravada por diversos cantores. Com The Hollies é incomparável.

Essa música, a história, ou fábula, por trás dela, o seu tema, tem estado presente na minha consciência ao ver tanta destruição nos campos de guerra pelo mundo. Gente carregando restos de gente. E por último e na contramão de tanta maldade, ao assistir a ação humanitária e desprendida do montanhista indonésio Agam, que viajou quilômetros e arriscou-se para tentar salvar alguém que não conhecia.

Posso não ter mais fé na humanidade, mas Agam me dá esperanças.




domingo, 22 de junho de 2025

GHOSTED: SEM RESPOSTA


Ana de Armas, antes de Varadero, do rum e do charuto, é das únicas coisas boas produzidas em Cuba. Aninha faz parte daqueles momentos em que a gente pega a Carta Magna sagrada, ou seja, a Constituição de Moisés, e pisoteia convictamente sobre o artigo 9. Mas isso em outros tempos, mais irresponsáveis, sonhadores e naturalmente mais viris.

Arrisquei quase duas horas em uma tarde vadia para ver o Ghosted, onde a mimosa contracena com o bonitão capitão América, Chris Evans, neste filme na qualidade de apaixonado, abostado e doente. É para ser uma comédia romântica, de espionagem e ação, onde a gente se prepara para ver tiro, porrada e bomba, e vê. Nem tanto na condição de comédia, onde os risos são suaves, tempo em que parece que o diretor renega a classificação do filme, porque o elenco poderoso pediria bem mais. É um combo delicado que, embora deslizes de roteiro, não fica no vácuo como obra. Resultou em um filme bom de assistir, desde que com espírito leve e sem exigência.
Na trama, Aninha é Sadie, uma agente da CIA ,que se envolve com o inocente Cole (Evans), este que nem desconfia com quem está lidando. Antes de avaliar se cai fora ou continua para o segundo tempo, ele já está envolvido em uma confusão internacional duas quadras pra lá de perigosa. E aí o bicho pega, com a mocinha, além de cumprir com suas duras obrigações profissionais, acumula a tarefa de proteger o marmanjo. Ótima trilha sonora, prevalência da Dua Lipa, mas com uma palhinha dos Beatles com "Taxman", do álbum Revolver.

De resto, apesar das diferenças cruciais de temperamento entre os protagonistas, há uma boa química entre eles. Como se fosse difícil haver química com Aninha em cena, portando aquele olhar âmbar de cachorrinho basset e aqueles lábios em permanente bico de selfie.

terça-feira, 27 de maio de 2025

𝗔𝗖𝗥𝗢𝗦𝗦 𝗧𝗛𝗘 𝗨𝗡𝗜𝗩𝗘𝗥𝗦𝗘

 


O título é um apelo às forças do universo em busca da paz. Um manifesto bíblico musicado da lavra dos Beatles.
O filme de mesmo nome, e que incrivelmente eu nunca tinha ouvido falar, é de 2007, dirigido por Julie Taymor, cineasta e diretora de musicais e óperas estadunidense e naturalmente que infectada pela invasão britânica dos anos 60. Segue a temática e a estrutura do musical "Hair", ambientado nos anos 60 e com trilha dos quatro cavaleiros do apocalipse pop: os guris de Liverpool. Acrescente uma palhinha de Bono Vox , de Joe Cocker, e um flash de Salma Hayek. Esta, surge como um fetiche pós traumático elevado à quinta potência.
A obra é teatralizada. É mais uma playlist pop do que uma obra cinematográfica, embora tenha dramas pessoais inseridos, um romance açucarado, protagonizado pelos ótimos Evan Rachel Wood, como Lucy Carrigan e Jim Sturgess, no papel de Jude Feeny (o link para 𝐇𝐞𝐲 𝐉𝐮𝐝𝐞, manja?). Também aborda as legítimas aspirações da sociedade transformadora da época, e a revolta da juventude americana contra a guerra do Vietnã.
É um filme que qualquer um pode ver e gostar. Mas, meu caro sessentista, prepare-se: você vai embaçar os óculos, e quando isso acontecer, retire-os e fique apenas ouvindo. Mas não deixe de abrir os olhos no final, para ver a reedição de um show de telhado em Nova Iorque, iluminado com a insuperável "All you need is love". Serenata bagual! Até ela que já tinha ido embora, voltou.
Daqui a alguns dias vou ver de novo. Ou ouvir.

THER WONDERS - O SONHO NÃO ACABOU



Assista a esse filme desarmado de grandes expectativas. Não é uma obra de pauta, dessas que a gente abre um vinho e fica reflexionando a respeito. É um açucarado de 1996, ambientado em 1964, que só os veteranos ou os cultuadores da história musical pop, e em especial os Beatlemaníacos poderão degustar.
A "invasão britânica" estava em curso nos EUA no início dos anos 60, capitaneada pelos quatro guris de Liverpool. Enquanto isso, na Pensilvânia, outros quatro guris aspiravam apenas ganhar um concurso musical local.
Antes de alcançarem o objetivo e posterior sucesso, o baterista, que era uma figura obscura no grupo foi trocado, ainda que por acidente, por outro que tinha luz própria. Se prestarmos bem a atenção nos demais componentes da banda americana, vamos perceber o guitarra base e vocalista, moreno, alto, de costeletas, e compenetrado, dividindo o vocal com o baixista, clarinho, mais baixo e expansivo, tendo o guitarra solo, esperto, mas introspectivo, são cópias dos guris de Liverpool.
Por fim, a banda The Wonders é fictícia, só existiu no filme. A música That Thing You Do, entretanto, composta por Adam Schlesinger especialmente para o filme, partiu para o mundo real, tendo alçado voo nas paradas americanas dos anos 90. Não é música de ouvir quieto, sentado no sofá. É som de viagem no tempo e o tempo era dançante.
O filme é dirigido por Tom Hanks, que também atua como empresário e catapulta a carreira do grupo, apresenta a estonteante Charlize Theron (estonteante fica bom?), com 21 aninhos, e Liv Tyler, com 19, que acabara de filmar "A beleza roubada", e que resultou na sua indicação ao Oscar, com participação de destaque. Aqui mais uma curiosidade na origem da atriz, do meio musical: a mãe da Liv, Bebe Buell, ex-coelhinha da Playboy era Maria-guitarra. Fez coleção de roqueiros, alguns ao mesmo tempo, mas coube a Steven Tyler, líder do Aerosmith a fecundação. Descobrir sobre a história deles é um grande barato. Liv tem dois pais.
O cinema, a fraude mais bonita do mundo, segundo Godard, contando a história de uma grande e maravilhosa mentira contrariada pela música. Um filmezinho leve que traz também uma adocicada história de amor com final feliz.









sexta-feira, 23 de maio de 2025

AS LINHAS TORTAS DE DEUS


Esse filme é um thriller psicológico, ao nível das boas produções espanholas, onde, apesar dos esforços extremos e de riscos absurdos da mocinha Bárbara Lennie (a delegada de La casa de papel que muda de time) pela solução dos crimes, não dá para negar a paranoia. A gente só não fica sabendo em que estágio. Porém, com inimigo na trincheira conspirando incansavelmente, de fato, é de adoecer. Bárbara cumpre de tal forma competente o papel que eu não confiaria nela pessoalmente. Não antes de ela me apresentar atestado médico.

No desenvolvimento da trama acabamos concluindo, depois de duas ou três raciocinadas em sequência, que o título é perfeito, de uma criatividade espantosa, e que talvez merecesse um roteiro ainda mais bem elaborado, ou até mesmo um final apoteótico, ao invés de uma incógnita. Afinal, não se recomenda usar o nome do Velho em vão.
Há idas e vindas na trama, reviravoltas bruscas, que a gurizada de Hollywood chama de plot twist, em um ambiente de loucura e perversidades, onde a protagonista se insere. Quando enfim conseguimos construir nosso enredo... Pá! mais uma surpresa proporcionada pelo enredo oficial.
É um bom filme, nada de extraordinário, entretanto, não tem essa de começar a ver e desistir. Você se prende do início ao fim. E lá no fim, a gente fica na expectativa para depois do fim.

segunda-feira, 21 de abril de 2025

CONTRATADAS PARA MATAR



Antes de assistir a esse filme, seria interessante saber quem foi Lise Marie Jeanette de Baissac, ou simplesmente Lise de Baissac , ou ainda Louise Desfontaines (o codinome mais marcante dela). Nascida em Marselha (11/05/1905 - 29/03/2004) foi uma heroína, atiradora exímia, membro da Resistência francesa e agente especial do SOE (Special Operations Executive) na Segunda Guerra, órgão criado por Churchil.

Em 1944, quando os Aliados planejavam a improvável invasão ao solo francês tomado pelos nazistas, pela costa da Normandia, um geólogo, peça chave do plano, é ferido, hospitalizado, e está prestes a cair em mãos inimigas. Louise é chamada para liderar um plano de resgate, formando uma equipe de mulheres, que rapidamente treinadas se foram à luta, enfrentando todos os riscos que aquilo representava. E ela foi muito criteriosa na seleção. Todas tinham algum motivo para estarem no front, justos ou interesseiros. Com códigos de honra repassados e acordados (e que nem sempre são cumpridos, dependendo da resistência 
de cada um à dor), saltaram de paraquedas na região ocupada, já abaixo de chumbo. A partir daí seguem o plano, que é conhecido aos poucos, mas com um foco básico:  matar o comandante das tropas invasoras.   

Louise esteve na ativa até a rendição plena dos nazistas e posterior fim da guerra. Viveu 99 anos para ser reconhecida e homenagear suas companheiras de luta. 
O filme é de 2008, com o título de Les Femmes de l’ombre (As mulheres da sombra) e começou a ser gestado a partir do obituário de Lise. 

Eu tenho uma paixão especial pelo protagonismo feminino na história, em especial nas guerras, uma vez para serem ungidas, em um mundo machista, muito em especial em tempos em que só eram lembradas para cama e cozinha, tinham de ser de uma fortaleza ímpar. Assim como Lise, como Lyudmila Pavlichenko (a sniper russa), como as espiãs de Churchil ou como Kathryn Bolkovac (a informante, na guerra da Bósnia), entre tantas outras. 

Vale muito a pena assistir. Destaques para Sophie Marceau (Louise), Moritz Bleibtreu (cel. Heindrich) e Julie Depardieu (Jeanne)

quinta-feira, 17 de abril de 2025

MANHATAN NIGHT

 

Yvonne Strahovski é uma ótima atriz australiana e que me encanta. Acho uma pena não vê-la tão seguido. Linda, loira, tem um olhar e um sorriso com dois dentões de coelho extremamente sedutores. Intimidades a parte, fui vê-la em Manhattan Night, onde contracena com o desengonçado e ótimo Adrien Brody. Bom filme. Mistério do começo ao fim.

Contado pelo protagonista, um jornalista investigativo meia-boca, que em uma noite vadia e chique, troca olhares com uma deusa. Sem perceber que não tem carroceria para carregar tanta areia, deixa-se seduzir pela moça, que é viúva, mas que já fez a fila andar. Algo, no entanto, sobre a morte do marido, um cineasta famoso e fora da casinha, precisa ser descoberto. O cara morre, mas deixa um rastro de vida pra lá de emporcalhado. Com quem diz: "eu me vou, mas vocês não irão me esquecer tão cedo". Não fica muito claro os motivos que a levaram a escolher o jornalista, além da função investigativa, mas que faz com que role prorrogação e pênaltis entre os dois. O fato é que ela o coloca em maus lençóis, mesmo contra sua vontade.

Há vários fios soltos que vão se juntando coerentemente no decorrer do filme. Muitas patologias mal curadas, além de escolhas erradas que custam muito caro aos protagonistas.

Vale a pena ver.


terça-feira, 15 de abril de 2025

A SOMBRA DE STALIN



O título original é "Mr. Jones" e retrata a saga do jornalista galês Gareth Jones, antes do inicio da Segunda Guerra.

Ao entrevistar Hitler, em 1933, voltou ao Reino Unido convicto de que o grande confronto se anunciava´. Por outro lado, desconfiava da propaganda comunista deixada vazar ao Ocidente, sobre um regime de conforto, fartura e atenções com o povo soviético.
Em função dessas desconfianças, aventurou-se a investigar por trás da sinistra cortina de ferro. E foi ele, Jones, o primeiro jornalista a denunciar o 𝐇𝐨𝐥𝐨𝐝𝐨𝐦𝐨𝐫, 𝐜𝐨𝐦 𝐟𝐢𝐜𝐨𝐮 𝐜𝐨𝐧𝐡𝐞𝐜𝐢𝐝𝐚 𝐚 𝐝𝐢𝐳𝐢𝐦𝐚çã𝐨 𝐜𝐫𝐮𝐞𝐥 𝐝𝐨 𝐩𝐨𝐯𝐨 𝐮𝐜𝐫𝐚𝐧𝐢𝐚𝐧𝐨 𝐩𝐨𝐫 𝐢𝐧𝐚𝐧𝐢çã𝐨, 𝐩𝐞𝐥𝐚 𝐩𝐨𝐥í𝐭𝐢𝐜𝐚 𝐬𝐭𝐚𝐥𝐢𝐧𝐢𝐬𝐭𝐚. 𝐌𝐢𝐥𝐡õ𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐮𝐜𝐫𝐚𝐧𝐢𝐚𝐧𝐨𝐬 𝐟𝐨𝐫𝐚𝐦 𝐦𝐨𝐫𝐭𝐨𝐬 𝐝𝐞 𝐟𝐨𝐦𝐞 𝐞 𝐟𝐫𝐢𝐨 𝐞𝐧𝐭𝐫𝐞 𝟏𝟗𝟑𝟐 𝐞 𝟏𝟗𝟑𝟑, sob os coturnos comunistas. Por conta de suas reportagens, Jones foi morto pela NKVD (policia secreta soviética), um dia antes de completar 30 anos (13/08/1905-12/08/1935).
O filme tem como curiosidade e muita pertinência, o enlace da trama com George Orwell e seu " A Revolução dos Bichos". O escritor é representado na obra (Joseph Mawle) e aparece em diálogos, bem como há trechos do livro em algumas cenas.
É uma narrativa pesada, que mostra a brutalidade soviética que perpassa os tempos e que vale muito a pena assistir. Estamos hoje a um passo de vermos a Ucrânia passar por um novo holomodor, mas que está sendo vendido bem caro. O pessoal do Kremlin bebe sangue como vodca.

sábado, 12 de abril de 2025

MICHELLE PFEIFFER

 


Michelle é um poema náufrago à deriva buscando um tema; é verso abstrato em um horizonte gramatical de eventos que se consagra como ponto de não retorno, onde adjetivos são tragados pelo buraco negro das insignificâncias. Verso de métrica embarcada que se recusa à rima. Ela é o Verbo que as Escrituras transformaram em carne e que, sintetizando física e química em equação sistêmica, se defini por si: uma singularidade cósmica inatingível.

Não leio Michelle nos versos de Neruda. Também não a percebo nos lascivos de Bukowski ou nos machistas de Vinicius. Talvez pudesse encontra-la entre os ufanistas de Bilac personificando a imensidão da Pátria em um continente de 1,70m ... loira e linda. Talvez.  Por vezes tendo a vê-la na dor de Augusto dos Anjos ou Alan Poe, porque sim, a beleza dói na razão direta de não podermos aprisioná-la, ou que simplesmente o objeto dessa fascinação esteja em outro plano.  Augusto e Poe são intensos, mas mórbidos, parecem encarar permanentemente o abismo, sublimando a relação entre o belo e o trágico. Michelle não pode ser isso.

Quando a vejo em tela, resta-me  agradecer ao Criador que me permitiu dividir com ela o mesmo sol, cumprir séculos iguais, estar presente em sua mesma linha de tempo, embora em mundos paralelos.

Ave, Michelle. Occurremus in caelo

29/04/2001

terça-feira, 1 de abril de 2025

O PACIENTE INGLÊS




Nove estatuetas em 1997 jamais podem ser desprezadas. Em especial com Binoche na tela. A primeira tarefa, no entanto, é manter-se acordado, e no início dessa curva dramática, só por ela. Não gosto muito de histórias contadas em flashbacks. Somado a isso, a lentidão da narrativa tem um forte poder sonífero.

Quando o sono é dominado, entretanto, e no meu caso nem demorou muito, dá para perceber os porquês das nove estatuetas. Recentemente revi esse filme, bem acordado desde os créditos iniciais. É uma grande história, com enredo robusto, direção que oscarizou
Anthony Minghella e fotografias espetaculares. E show dos protagonistas.

"O paciente inglês" , como era tratado o ferido (Ralph Fiennes) de guerra que chegou à enfermaria de campanha, sem identificação, todo queimado, após ter o seu avião abatido supostamente pelos alemães, vai ser cuidado pela enfermeira Hanna (Juliette Binoche). Estabelecido o link afetivo entre paciente e enfermeira, o ferido relata uma história de amor vivida antes com a linda Katharine (
Kristin Scott Thomas), quando furou os olhos de seu melhor amigo. À medida em que vai narrando, algumas "coisas" começam a ficar mais claras. Sempre lembrando que o pior inimigo é sempre um ex-amigo.

É um baita filme, com temas atemporais como amor, traição e guerra. Sensível, romântico, delicado e humano. Vale muito a pena ver ou rever. E caso durma, vai dormir bem. A imagem de Binoche, que nesse filme leva para casa a estatueta de melhor atriz coadjuvante, sempre traz sono bom, embora sonhos um tanto convulsos.

"Et Si Tu N'existais Pas", Juliete? 

quarta-feira, 12 de março de 2025

IRREVERSÍVEL




Monica Bellucci, mesmo estática, transpira sensualidade. Linda, curriculada, poliglota; foi capa de várias revistas e emprestou sua plástica irretocável para grandes grifes de moda e perfume.

É uma mulher de mídia, que morou um tempo no Rio de Janeiro com o ex-marido Vincent Cassel (separaram-se em 2013) e hoje enfeita Portugal. Monica é outra que se queixa que a beleza acabou atrapalhando sua carreira cinematográfica. Mas não. Acho que o seu entrave é justamente uma de suas virtudes: ela posa mais do que interpreta. Nasceu para ser fotografada.

"𝐈𝐑𝐑𝐄𝐕𝐄𝐑𝐒𝐈𝐕𝐄𝐋", de 2002, com roteiro e direção do argentino Gaspar Noé é um filme em flashback (começa pelo fim), em que ela contracena com o ex Vincent. O ponto de partida é uma cena crua de estupro, sem os cuidados daquela que ficou gravada na nossa memória de "O último tango em Paris", se a palavra "cuidados" cabe em situações assim. Tensa, cruel e revoltante. É uma obra que vai saindo aos poucos da cabeça. Não se consegue apagar tão rápido imagens tão chocantes, o que significa que foi bem realizada e atinge seu objetivo. Mas só recomendo para quem em estômago forte. O filme é tão chocante, que no dia em que foi lançado, cerca de 250 pessoas abandonaram a sala de projeção.

É um filme que há vinte anos provoca reações controversas e recebeu uma nova versão, esta na ordem cronológica natural, e que ainda não vi. O único esteio a nos mostrar que a vida não é tão horrorosa quanto é o submundo habitado por sub-raças noturnas mostrado no filme, é a imagem de Monica. Assisti a esse filme com nojo e só não tive engulhos também por causa dela.

Quanto ao tempo, ele não destrói tudo; não tudo. Não é de todo irreversível.

HAIR



Não sou muito fã de musicais porque acho (apenas acho) que o gênero só cabe em teatro. E a maioria é oriunda dos palcos mesmo, como Moulin Rouge, Cabaret e outros menos votados.

Mas Hair tem muitos significados. Uma época de sonhos, saldo de uma juventude transformadora; uma causa humana chancelada pelo lema de Woodstock "make love not war", e um hino. Um hino lúdico de paz e amor, bicho: "Aquarius/Let the Sunshine In".
Quem assiste a esse filme, pouco vai se preocupar com detalhes técnicos da obra. As manobras juvenis e a levada quase artesanal da obra. A temática é sensível demais, tocada pelo clima tenso da guerra. Eram garotos que viviam sob o véu sinistro do Vietnam. O filme toma de assalto o coração do espectador.
Um dos protagonistas, a liderança do grupo, o carismático Treat Williams, aos 71 anos nos deixou faz pouco, há dois anos, e de uma forma sugestiva: acidente de moto.
Recentemente revi Hair. Como o futuro é bem mais curto, resolvi dar uma voltinha no largo tempo dos cabelos longos e calças boca-de-sino.



quinta-feira, 6 de março de 2025

ARGYLLE, O SUPER ESPIÃO

 


Alguém o convida para jantar e você arrisca perguntar "qual o cardápio?", e a pessoa responde prontamente: "lagosta". Aí começa a expectativa de um inesquecível regabofes, certo? Ãrrã! Quando todos sentam à mesa, o anfitrião oferece pastel de lagosta. Bueno, deve ficar bom, mas bem abaixo da expectativa, disso não temos dúvidas.
Você se prepara para ver um filme que tem a linda Bryce Dallas como figura central, tendo como guarnição Henry Cavill, Dua Lipa e Samuel Jackson, entre outros menos votados, mas de naipe para truco. Nem lê a crítica anteriormente aliás, não leio quase nunca, a fim de não me contaminar.
E o filme começa com uma trilha de arrepiar. Barry White e o melhor dele: You Are The First,the Last,my Everything. E lá pelas tantas sampam um Beatles com a baladinha Now and Then, fora o aipo. Mas até chegar aos Quatro cavaleiros do Apocalipse pop você já está se decepcionando com o desperdício.
"Argylle, o super espião" tinha tudo para estourar a banca. Um elenco de respeito, um tema de gosto popular, já que é apresentado como filme de espionagem, no entanto, se perde na sátira, descamba para a comédia e acaba sendo apenas isso. Você só está proibido de sair frustrado, em função da trilha sonora bárbara e da Dua Lipa dançando com Henry Cavill, fazendo uma performance com o impensado passinho helicóptero.
É um filme divertido, mas... poderia ser bem melhor. No entanto, quem escreve e vive de criar personagens em mundos particulares sabe muito bem o que acontece entre o cérebro e os dedos. As vezes, de tanto entrarmos no clima, confundimos as dimensões. A escritora
Elly Conway
(Bryce) mostra muito disso.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

A INCRIVEL HISTÓRIA DE ADALINE





O link com Benjamin Button (O curioso caso) é fatal, porém, com a inversão temporal. Para quem não lembra ou não assistiu, Benjamin (Brad Pitt) é acometido de uma anomalia estranha: nasce velho e vai rejuvenescendo.

Já Adaline (Blake Lively), após um acidente de carro durante uma tempestade nos anos 20 do século passado, fica entre a vida e a morte e é reanimada por um raio. Esse fenômeno transforma a vida de Adaline, faz com que pare no tempo. Ou seja, ela que tem 29 anos, é fadada a viver eternamente com essa idade. Sonho de consumo? Vai vendo. O peso dos anos funcionando na contra mão tornou-se insuportável. À época da realização do filme, 2015, teria perto de 100 anos, mas com carinha e corpinho de 29. Sem filtros ou apps.

Na seleta de carmas, ela, que tem uma filha pequena, é obrigada a acompanhar seu desenvolvimento à distância e a vê-la envelhecer. Seus entes queridos, um por um, vão morrendo, sem que ela não possa sequer se despedir, somente chorar escondida. De tempos em tempos é obrigada a trocar de identidade, a fim de manter-se no anonimato. Até 2035 que, segundo alertado pela própria produção, o enigma haverá de ser desvendado.

O filme é uma ficção inteligente, que nos põe a pensar sobre o mistério que nos atormenta desde que nos demos por gente: a finitude da vida. E talvez uma reflexão contábil sobre a longevidade. Creditamo-nos de tempo, mas assistimos partir nossos afetos. Enfim, diferentemente de Benjamin Button, que me deixou desconfortável, vi em Adaline um romance sensível, emotivo e muito bom de assistir. Demora um pouco a esvaziar o disco.