Aquele dia talvez não tenha podido
resistir ao chamado do Criador. Talvez não tenha conseguido me segurar na
frágil matéria. Todos sabem que quando Ele quer não tem de bicho, faz e pronto.
Não está nem aí se é cedo, se a festa está boa. Pouco se lhe dá se a família e
os amigos irão se aborrecer caso você se vá. "Ora onde é que já se viu sair de
cena no melhor da festa!". Enfim, ando me
adaptando as decisões tomadas fora da minha alçada sobre as quais
não tenho ingerência. Talvez seja a idade (ou o juízo).
O que está feito está feito. Pronto.
Assim, devo ter morrido e me fui, ainda sem saber quantas paradas haveria de fazer, ou mesmo se iria direto ao meu destino, sem escalas, cujo também desconhecia. Como não decidi a viagem, também não palpitaria sobre as paradas, mesmo porque ninguém me perguntou nada. E não levei nem mate. Vá que não houvesse parada para mijar.
Estava lá meio contrafeito sentado na boléia de uma nuvem, sorumbático e apreensivo. Para onde me levariam? pensava eu quando súbito começaram a passar diante dos meus olhos os múltiplos apelos dos novos mercados para onde me encaminhava. Loiras e morenas de lingerie vermelha de um lado (acho que muitas delas eu já conhecia), versus elementos alados cujo sexo não pude definir de outro, com suas carinhas de boa gente demonstrando quanto é inglória a disputa de novos clientes com apelos inocentes. (Alguém em sã consciência e, por favor, dispam-se do cinismo, se lhes fosse dado o direito de escolha teriam alguma dúvida sobre qual caminho tomar?).
Fiquei procurando na nuvem onde era o botão da opção e me dei conta que também não era eu quem decidia. Gostosuras e travessuras ali, na minha frente expondo suas redondices e reentrâncias. E os anjinhos lá, sem fazer nada, nenhuma contraproposta, nenhuma deusa de vestido azul-claro, com fenda e olhar lascivo (ok, com olhar de mormaço, no mínimo). Nada. O que estarão pensando estas criaturas? Que me levarão assim no mole para ficar lá bocejando e arranhando harpa e o saco, só por que é politicamente correto? Aqui, ó!
Meu Deus, onde estás que não interferes? Estamos em outros tempos, a vida mudou, o mercado está mais agressivo, as pessoas têm outras necessidades. Nada mais é como na época do Mano. Não viajamos mais de burro, nem usamos mais aquele monte de panos demodês e, se é bem verdade que continuamos estraçalhando nossos semelhantes, também é verdade que não temos mais a mania botar pregos nas mãos do pessoal da oposição. Hoje temos o costume de julgar, e até condenamos eventuais culpados, imagine. A despeito dos hábeas isto, hábeas aquilo; de acordos de liderança, pactos pela governabilidade, rodadas de pizzas, etc. Enfim, outros tempos.
Reaja, meu Velho, caso não queira perder suas almas. Eu, que sempre ouvi maravilhas a respeito do paraíso gostaria claro de ser convidado a freqüentar. Ta, mas e daí? Vamos fazer o que depois da seis da tarde? E sexta-feira? Qual é a boa da sexta-feira? Não venha me dizer que todas são santas!
Nenhum pedágio, nenhum pardal, estrada boa sem solavancos nem luz alta no retrovisor, mas não estava satisfeito. Que hora esta para morrer! Pior, nem fiz aquilo que todos deveriam fazer antes de ir embora: despedida de vivo. Uma farra homérica, sem china pobre nem garçom de cara feia. Das dez da noite às dez da manhã, como nos velhos tempos. Nada disso. Lá estava eu a bordo de uma nuvenzinha chinfrim, fora de linha, sem botão de opção. E os apelos me rodeando, como se eu pudesse decidir alguma coisa. Bosta!
Melhor acordar.
O que está feito está feito. Pronto.
Assim, devo ter morrido e me fui, ainda sem saber quantas paradas haveria de fazer, ou mesmo se iria direto ao meu destino, sem escalas, cujo também desconhecia. Como não decidi a viagem, também não palpitaria sobre as paradas, mesmo porque ninguém me perguntou nada. E não levei nem mate. Vá que não houvesse parada para mijar.
Estava lá meio contrafeito sentado na boléia de uma nuvem, sorumbático e apreensivo. Para onde me levariam? pensava eu quando súbito começaram a passar diante dos meus olhos os múltiplos apelos dos novos mercados para onde me encaminhava. Loiras e morenas de lingerie vermelha de um lado (acho que muitas delas eu já conhecia), versus elementos alados cujo sexo não pude definir de outro, com suas carinhas de boa gente demonstrando quanto é inglória a disputa de novos clientes com apelos inocentes. (Alguém em sã consciência e, por favor, dispam-se do cinismo, se lhes fosse dado o direito de escolha teriam alguma dúvida sobre qual caminho tomar?).
Fiquei procurando na nuvem onde era o botão da opção e me dei conta que também não era eu quem decidia. Gostosuras e travessuras ali, na minha frente expondo suas redondices e reentrâncias. E os anjinhos lá, sem fazer nada, nenhuma contraproposta, nenhuma deusa de vestido azul-claro, com fenda e olhar lascivo (ok, com olhar de mormaço, no mínimo). Nada. O que estarão pensando estas criaturas? Que me levarão assim no mole para ficar lá bocejando e arranhando harpa e o saco, só por que é politicamente correto? Aqui, ó!
Meu Deus, onde estás que não interferes? Estamos em outros tempos, a vida mudou, o mercado está mais agressivo, as pessoas têm outras necessidades. Nada mais é como na época do Mano. Não viajamos mais de burro, nem usamos mais aquele monte de panos demodês e, se é bem verdade que continuamos estraçalhando nossos semelhantes, também é verdade que não temos mais a mania botar pregos nas mãos do pessoal da oposição. Hoje temos o costume de julgar, e até condenamos eventuais culpados, imagine. A despeito dos hábeas isto, hábeas aquilo; de acordos de liderança, pactos pela governabilidade, rodadas de pizzas, etc. Enfim, outros tempos.
Reaja, meu Velho, caso não queira perder suas almas. Eu, que sempre ouvi maravilhas a respeito do paraíso gostaria claro de ser convidado a freqüentar. Ta, mas e daí? Vamos fazer o que depois da seis da tarde? E sexta-feira? Qual é a boa da sexta-feira? Não venha me dizer que todas são santas!
Nenhum pedágio, nenhum pardal, estrada boa sem solavancos nem luz alta no retrovisor, mas não estava satisfeito. Que hora esta para morrer! Pior, nem fiz aquilo que todos deveriam fazer antes de ir embora: despedida de vivo. Uma farra homérica, sem china pobre nem garçom de cara feia. Das dez da noite às dez da manhã, como nos velhos tempos. Nada disso. Lá estava eu a bordo de uma nuvenzinha chinfrim, fora de linha, sem botão de opção. E os apelos me rodeando, como se eu pudesse decidir alguma coisa. Bosta!
Melhor acordar.


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