Hector Savinien de Cyrano de Bergerac (1619-1655) é um personagem fascinante história literária francesa. Tanto pelo que criou, como pelas lendas que o acompanham.
segunda-feira, 14 de outubro de 2024
CYRANO
𝐑𝐎𝐍𝐈𝐍
E DEUS... CRIOU A MULHER
Tributo à deusaExcerto do livro "Assim como era no princípio"
Os mais jovens talvez não saibam quem é Roger Vadim, dito assim: Rogê Vadã. Trata-se de alguém que lá, na idade da acne demonizada por suspeitas, consumiu boa parte do meu desprezo. Fiz dele meu principal desafeto. E, numa época que sobrenomes de marca de vodca eram olhados de viés pelo mundo ocidental, fui descobrir que seu nome verdadeiro era Roger Vladimir Plemiannikov, embora cidadão francês. Taí: comedor de criancinha! Mas este fato pouco se me dava. Era apenas um agravante conveniente em função da Guerra Fria patrocinada pelo macarthismo americano, de quem a macacada terceiro-mundista, inclusive este símio, era fã.
Ocorre que entre as criancinhas circulava também Brigitte Bardot, entre outras. Que ódio! Então eu ficava olhando o cara que aparecia mais nos reclames do Sétimo Céu do que no cinema e o que via? Um veículo desprovido de carroceria para carregar tanta areia, e a menos que fosse parente do Mário Pescoço não me ocorria o porquê do seu sucesso, justamente com as namoradas que eu escolhia a dedo nos álbuns de figurinhas de Hollywood. E para ser sincero e cru, verdade eu não escondo: escolhia a dedo e namorava com as mãos.
Brigitte Bardot era o sonho de consumo de dez, entre dez banheiros adolescentes. Não sei qual a melhor imagem que guardo dela, mas tem uma cena de Et Dieu... Créa la Femme, como diria o professor Cyrillo (E Deus criou a Mulher), de 1956, que é infernal. Para nós mortais de babador, a cena vem caminhando demoradamente até um lençol transparente estendido no varal, com a antevisão do nirvana. Depois, ela, que se deixa ver deitada de bruços, tomando sol assim como veio ao mundo, mostrando o quanto o Criador é criativo, tem bom gosto e é dos nossos. Aliás, a obra é Dele, certo, mas que a cena tem o dedo do anjo caído, ah, isso tem.
O filme foi rodado em Saint Tropez. BB é Juliette, dezoito aninhos, cheia de tesão, órfã, acolhida por um casal sem filhos e, claro, com um bando de pelinchos ao seu redor. Casa com o mais mixuruca deles (Jean-Louis Trintignant), mete umas guampinhas com outro (Georges Poujouly - o famoso “quem?”), e a galera aqui indo a loucura, só no chupa-ganso. O filme não é nada, não fossem as vertigens causadas pela protagonista.
Mas retornando à vaca fria, veio-me à cabeça a criatura que dirigiu o filme – o Rogê, de quem continuo com inveja - em função de um clip onde se juntam duas das coisas mais belas que a terra me deu de presente: a música, C’est ma vie, com o Adammo se derramando em meu lugar, e ela, Brigitte Bardot. Mostra em slides toda beleza exuberante da moça até a fase atual, velha que em nada lembra o que foi, mas com uma energia fantástica no olhar, provando que continua ousada, que continua símbolo, agora na causa que abraçou: os irracionais em crise causada pelos mesmos predadores racionais que a encurralaram . Sabendo que ela defende uma causa tão nobre e desprendida me dá uma vontade enorme de latir. Cachorro não está em extinção, mas é o que está ao meu alcance.
NATALIA NIKOLAEVA ZACHARENKO
Natalie passou o metro de sua vida vivendo de tragédia em tragédia; entre depressões e ansiedades, coquetéis de álcool e barbitúricos e, ainda cedo, finou-se entre tudo isso.
FLASHDANCE
Maureen Marder poderia ter ficado rica com a sua história. Era uma operária na construção civil canadense que sonhava em ser bailarina, e a noite exibia seu talento inovador e exótico em casas noturnas. Maureen inovou a dança da cadeira, usando-a como coadjuvante no palco. meio que um estágio empírico do poledance, e um banho d'água. O sonho dela era institucionalizar o método.
CHOREI POR VOCÊ
Joe E. Lewis foi cantor e comediante americano, segundo Sinatra, um dos melhores artistas do seu tempo.
MARCADO PELA SARJETA
Anna Maria Pierangeli, ou só Pier Angeli para nós íntimos, teve uma vida atribulada. Muito parecida, cheia de coincidências com a outra baixinha contemporânea Natalie Wood. Ambas lutaram a vida inteira contra seus próprios demônios e foram mortas, ainda jovens, por eles. Também tiveram um rolo com Kirk Douglas, que não deu certo, depois um rolo com James Dean, que também não deu certo, e com este, por implicância de suas mães! Dean não agradava as sogras.
BUTCH CASSIDY AND SUNDANCE KID
Um elenco que conta com Robert Redford, Paul Newmann e Katharine Ross do lado da turma da zona norte, fica difícil não torcer para os bandidos.
AUDREY KATHLEEN RUSTON
Tributo a uma deusa
2 CORAÇÕES
Jorge Bacardi morreu em 2020. Era um dos diretores, herdeiro da grande indústria de rum caribenho Bacardi, expulsa de Cuba em 1959 pela revolução castrista.,
domingo, 13 de outubro de 2024
A FAMÍLIA
Mesmo rodeado dos inóspitos franceses, eles conseguiram, de início, levar as coisas na boa. Porém, contrariedades trazem gosto de sangue para quem resolve as coisas da forma como resolvem os mafiosos e seus anexos consanguíneos. Concomitantemente, suas antigas relações das trevas sociais os localizam e aí o bicho pega. E passam a dar trabalho também para o agente do FBI Stansfield (Tommy Lee Jones) responsável pela condicional.
Maggie Blake, a matriarca mafiosa é ELA, sobre quem não estou falando nada, porque resolvi dar um descanso aos adjetivos. Porém, cada vez que ela interpreta uma vilã, me faz torcer ardentemente para o mal.
"A Família" é um bom filme para um sábado qualquer. Uma sátira inteligente, humor acidíssimo e cheio de ações e reações
GILDA
Hollywoodianos costumavam definir a senhorita Margarita Carmen Cansino, que atormentava os nossos sonhos sendo Rita Hayworth, como a atriz mais bonita da fase de ouro do cinema. Por mim, ela e outras do mesmo naipe estavam acima dessas medidas triviais. Enfim... Plástica e talento à parte, Rita era também dançarina de flamenco, o que por si só já provoca um tipo selvagem de sedução.
AS BRUXAS DE EASTWICK
Nunca deixe uma mulher entediada. É uma regra que todo homem deve aprender. Quanto a praticar... Caso não queira se incomodar, não só pratique como esteja sempre em constante aprendizado. Ou vai perceber, mais cedo ou mais tarde, que a oficina do diabo é jardim de infância.
AMARGO REGRESSO
Jon Voight é, ou foi, um grande ator. Mas em determinado momento foi ofuscado pelo bocão-peitão-olhão da filha, e parece ter se contentado em apenas ser rico.
ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE
“As pessoas me dizem: 'ela tem tudo!'. Eu respondo: 'eu não tenho o amanhã.” Elizabeth Taylor
"Ter ou não ter, eis a questão", também poderia ter reflexionado Hamlet. Sim, Liz teve tudo. Uma beleza extraordinária, uma carreira invejável, todos os maridos que quis ter, inclusive o mesmo duas vezes. e diamantes, muitos diamantes. E foi feliz e solidária em seus últimos anos. Quanto ao amanhã que dizia não ter, apenas o verbo é outro, é o do Hamlet. Mitos sempre "serão" o amanhã."Assim Caminha a Humanidade" é o filme. Liz divide a cena do Texas com Rock Hudson e o meteórico James Dean, em sua última aparição em tela. Morreu antes de ver o filme concluído.
Tudo gira em torno de uma família texana, comandada por Bick (Hudson), de um humilde lindeiro e serviçal Jett (Dean), e da esposa Leslie (Taylor). A história é fantástica, recheada de sentimentos adversos de amor e ódio. Preconceitos tratados de forma real e crua, com fotografia, figurino e uma baita trilha sonora. Jett, além de todos os homens que apreciam cerveja, apaixona-se pela Leslie, mas ao contrario de mim, que me contentava em olhar, partiu para a ignorância. Não levou.
Acabou herdando um pedaço de terra da falecida e venenosa irmã de Bick e enriqueceu explorando petróleo. E em se tornando rico, houve por bem novamente tentar furar os olhos do marido afortunado. De novo não levou. Então, ele que já “bebia todas”, foi domiciliar-se em definitivo na garrafa.
Nesse filme o olhar da Liz estava uma estupidez. Talvez porque o início da produção tenha ocorrido pouco depois dela ter se tornado mãe pela primeira vez e a maternidade tenha conseguido dar ainda mais luminosidade à luz; o céu tenha perdido para sempre as nuvens, e Atlântico e Pacífico tenham se dessalinizado e sublimado nas tonalidades de azul, violeta e verde. E que me perdoe a finada pelas modestíssimas comparações.
Assim caminha a humanidade, com passo de formiga e sem vontade, como diz o outro.
𝑺𝑯𝑨𝑹𝑷𝑬𝑹 - 𝑼𝑴𝑨 𝑽𝑰𝑫𝑨 𝑫𝑬 𝑻𝑹𝑨𝑷𝑨Ç𝑨𝑺
Há uma sentença atribuída a Edgar Allan Poe que é a seguinte: 𝙉ã𝙤 𝙖𝙘𝙧𝙚𝙙𝙞𝙩𝙚 𝙚𝙢 𝙣𝙖𝙙𝙖 𝙙𝙤 𝙦𝙪𝙚 𝙫𝙤𝙘ê 𝙤𝙪𝙫𝙚 𝙚 𝙚𝙢 𝙢𝙚𝙩𝙖𝙙𝙚 𝙙𝙤 𝙦𝙪𝙚 𝙫𝙤𝙘ê 𝙫ê. Pois "Sharper..." dá sentido a essa frase. O filme traz a maravilhosa Julianne Moore no comando da matilha, o romeno Sebastian Stan em um papel desenhado para ele, acompanhados por uma periferia competente.
O título meio que sugere uma comédia, mas não é. É um roteiro tenso, muito bem amarrado, que vence as dificuldades de transição de vida dos personagens com quadros biográficos. Há mistérios e viradas do início ao fim. Inicia com um prelúdio fofo/social entre o pobre e a mais pobre, mas não é nada disso, ou não é bem isso, ou, sei lá, talvez seja. Ou não, como diria o Caetano.
As mensagens nada subliminares do filme nos dizem em primeiro lugar, e a mais velha delas, que não há crime perfeito; que segredos que envolvem posses, sejam elas materiais, sejam afetivas, não se sustentam, porque acabando cedendo à ambição pelo controle. E que cachorro comedor de ovelha., só matando, como se diz nas casas.
Enfim, não há como falar muito sobre esse filme sem deixar rastros que acabariam estragando as surpresas que são muitas. Portanto, me reservo a apenas indicá-lo.
O filme é novo e bom.
sábado, 12 de outubro de 2024
O PODEROSO CHEFÃO
Francis Ford Coppola era um novato quando assumiu a bronca de levar à tela o livro de Mario Puzzo. Novato e com algumas convicções que contrariavam os produtores, tipo: não queriam saber do encrenqueiro Marlon Brando (que imortalizou Don Vito Corleone), muito menos do desconhecido Al Pacino, o filho que substituiria o pai no comando da família. Testaram muita gente, mas acabou prevalecendo a vontade do diretor e o resultado foi o que todo mundo viu.
A SOMBRA DE UM GIGANTE
David Daniel “Mickey Marcus” foi o que se pode chamar de herói de duas pátrias. Americano pobre de origem judia, por sua inteligência superior e coragem, foi um dos gênios militares americanos que definiu estratégias fundamentais para a vitória dos aliados na Segunda Guerra. Depois disso, também tornou-se herói judeu, quando voluntariamente, e contra a vontade de seus superiores e de sua família, dedicou-se a libertar o povo de seus pais durante a guerra árabe/israelita. Desafortunadamente, foi morto por engano pelo fogo amigo aos 47 anos. Ben-Gurion assim definiu o "gigante": "Ele era o melhor homem que tínhamos".