Há maneiras de se interpretar, no modo crítico sem ser técnico, o filme "De olhos bem fechados". Pode ser uma fantasia erótica; um compêndio sobre a doença que se instala nos relacionamentos de enjoada perfeição, ou como eu prefiro: uma crítica social. De como são feitas e se multifacetam algumas oligarquias sociais, em nome do contexto em que sobrevivem. E também é bom de ver Nicole Kidman como o diabo gosta: literal e totalmente despida de bens e utensílios materiais.
Bill Harford (Tom Cruise) e Alice (Nicole Kidman) formam um casal bonito, jovem. bem situado financeiramente e com uma filhota fofa. O que poderá faltar? Talvez um pitaco do anjo caído e suas ideias imundas para tisnar a brancura ingênua, e depois dar um pouco de trabalho para limpar a lousa. Lousa que a gente sabe, uma vez suja, jamais voltará a ser imaculada. Alice (certamente um nome não escolhido ao acaso) tem algumas fantasias, Bill choca-se com elas, e sai à procura das suas. O que arranja é sarna para se coçar, num mundo que a sua inocência jamais imaginara. E o pior é que ele vive lá! É o seu mundo no quarto do lado.
Há um pano de fundo bizarro, um tanto apelativo, bastante viajado, mas o que esperar de Kubrick, se não exageros? No meu entendimento, entretanto, é o que se propõe a crítica social do filme: podridão sob tapetes dourados.
"De olhos bem fechados" é longo, de certa forma cansativo, mas muito bom filme, e termina de forma frustrante, porque nem dá tempo de responder à proposta final da Nicole. Cansei de mandar cartas sem retorno.
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