"A vida é feita de escolhas". Essa é uma sentença sem crédito e que se esgota em si, mesmo que no metro do tempo, pensadores e murmuradores tenham criado complementos e firulas.
Mas é difícil dimensionar a dor e a pressão de quem tem pela frente uma escolha como a de Sofia Zawistowski. E a incrível sensatez de escolher a morte de um filho, em detrimento a outro, posto que este teria mais chance de sobreviver em meio as feras? É inimaginável. Não há ombros para carregar esse peso, nem cabeça, nem futuro saudáveis. São tatuagens a fogo na alma.
Meryl Streep oscarizou-se em "A escolha de Sofia", fazendo uma polonesa, subproduto da Segunda Guerra que, presa em Auschwitz com seus dois filhos pequenos, é colocada por um salomãozinho ariano de meia pataca sob o dilema de escolher apenas um dos dois para manter vivo, e sem a certeza de contar com isso. Ela sobrevive, vai morar na América e se casa com um judeu americano esquizofrênico, transtornado com o que imaginou do holocausto. Vivem uma relação doentia, de grande entrega, submissão e autodependência, o que leva Sofia a fragilizar-se ainda mais, acolher novos afagos e experimentar mares mais serenos. É onde entra a terceira via, alter ego do criador do romance, William Styron, lançado em 1979.
É um filmaço! Mas não pode ser visto com o cenho franzido. Deixem para franzi-lo depois, quando forem julgar a escolha dela. O filme marca também a estreia do bom Kevin Kline.
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