É difícil dimensionar a dor e a pressão de quem tem pela frente uma escolha como a de Sofia Zawistowski. E a sensatez absurda de escolher a morte de um filho, em detrimento a outro, posto que este teria mais chance de sobreviver em meio as feras! É inimaginável. Não há ombros suficientes para carregar esse peso, nem cabeça, nem futuro saudáveis. Deve ser tatuagem a fogo na alma.
Meryl Streep oscarizou-se em "A escolha de Sofia", fazendo uma polonesa, subproduto da Segunda Guerra que, presa em Auschwitz com seus dois filhos pequenos, é colocada por um salomãozinho ariano de meia pataca sob o dilema de escolher apenas um dos dois para manter vivo, e sem a certeza de contar com isso. Ela sobrevive do jeito que é possível sobreviver alguém que carregue tamanho peso, vai morar na América e se casa com um judeu americano esquizofrênico, transtornado com o que apenas imaginou do holocausto. Vivem uma relação de grande entrega, porém doentia, de submissão e autodependência; que se realimenta em seus medos e carências, o que leva Sofia a fragilizar-se ainda mais. A partir do que, passa a acolher novos afagos e experimentar mares mais serenos. É onde entra a terceira via, Stingo, um neófito na arte da escrita e alter ego do criador do romance, William Styron.
É um filmaço, e tão marcante, que o título transformou-se em expressão popular para definir decisões em situações críticas, e que veio para a prateleira dos imperdíveis; que deve ser visto em momentos bifurcados, quando a vida exige decisões extremas e inapeláveis. Mas não pode ser visto com o cenho franzido. Deixem para franzi-lo depois, quando ousarem julgar a escolha feita por ela. O filme marca também a estreia do bom Kevin Kline na indústria dos sonhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário