Enviar cartas, no tempo em que se enviavam, era um manifesto íntimo de alto valor; e recebê-las era algo como ganhar um presente. Cartas descreviam momentos; eram autênticas, ainda que algumas verdades morressem nas entrelinhas.
Theresa Osborne (Robin Wright) era uma jornalista divorciada que certo dia, passeando na praia, encontrou uma garrafa com uma carta de amor dentro. Um texto entregue, apaixonado, arrependido e respingado de dor, assinado apenas por "G". Até aqui um clichezão.
Ocorre que Theresa era uma das tais pessoas inconformadas com o simples destino da garrafa e se vai à cata do emitente. E encontra Garret Blake (Kevin Costner), um construtor naval, viúvo e solitário, que vive às turras com o pai (Paul Newman).
As barreiras de Garret, cujo arrependimento pelo marido que fora potencializava a dor da perda, eram imensuráveis. Mas Thereza, apaixonada, estava determinada a conquistar o homem. Com paciência e carinho foi ajudando-o a vencer seus demônios. E estavam prestes a viverem um grande e merecido amor, para a consagração máxima do clichê.
O mar, porém, gosta de quem o desafia. Move-se por seus próprios instintos, quando muito cutucado pelas fases da lua, e reserva aos corajosos um lugar muito especial.
"Uma carta de amor" (o título em Portugal "conversa" melhor com o roteiro: "As palavras que nunca te direi"), vale a pena assistir. Não espere um grande filme. Espere a mesma atuação morna de Kevin, em uma linda história de amor, onde prefácio e epílogo se confundem, embalada pela voz de Laura Pasini e sua "One more time".
"Deve existir algo estranhamente sagrado no sal: está em nossas lágrimas e no mar..." Khalil Gibran.
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