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sexta-feira, 11 de outubro de 2024

UMA CARTA DE AMOR



Enviar cartas, no tempo em que se enviavam, era um manifesto íntimo de alto valor, e recebê-las era algo como ganhar um presente. Cartas descreviam momentos; eram autênticas, ainda que alguns sofismas morressem nas entrelinhas. Por vezes dourar bolitas era importante, de forma que ao serem lidas parecessem pérolas.

Já cartas engarrafadas, apócrifas e sem destino, jogadas ao mar atravessam os tempos e, fora as que foram lançadas como mero experimento, sempre rendem uma boa história quando achadas, e em especial se achadas por pessoas inconformadas pelo simples destino da garrafa.
Theresa Osborne (Robin Wright) era uma jornalista divorciada que certo dia, passeando na praia, encontrou uma garrafa com uma carta de amor dentro. Um texto arebatado, apaixonado, arrependido e respingado de dor, assinado apenas por "G". Até aqui meio um clichezão.
Ocorre que Theresa era uma das tais pessoas inconformadas com o simples destino da garrafa e se vai à cata do emitente. E por seu faro investigativo e conspiração do cosmo encontra Garret Blake, o "G" (Kevin Costner), um construtor naval, viúvo e solitário, que vive às turras com o pai (Paul Newman).
As barreiras de Garret, cujo arrependimento pelo marido que fora potencializava a dor da perda, eram imensuráveis. Mas Thereza, apaixonou-se. Estava determinada a conquistar o homem, exercendo o que tinha de paciência e carinho, e foi ajudando-o a vencer seus demônios. Estavam prestes a viverem um grande e merecido amor, para a consagração máxima do clichê.
O mar, porém, gosta de quem o desafia. Move-se por seus próprios métodos, por vezes com uma lua para cada onda, e reserva aos corajosos um lugar muito especial. Parece amá-los profundamente, com e sem redundância.
"Uma carta de amor" (o título em Portugal conversa melhor com o roteiro: "As palavras que nunca te direi"), vale a pena assistir. Não espere um grande filme. Espere a mesma atuação morna de Kevin, em uma linda história de amor, onde prefácio e epílogo se confundem, embalada pela voz de travesseiro de Laura Pasini e sua linda "One more time".
"Deve existir algo estranhamente sagrado no sal: está em nossas lágrimas e no mar..." Khalil Gibran.





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