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sexta-feira, 11 de outubro de 2024

A UM PASSO DA ETERNIDADE



É um filme icônico, com um elenco digno das oito estatuetas que arrebanhou. Burt Lancaster , Montgomery Clift, Deborah Kerr, Donna Reed, Frank Sinatra , Ernest Borgnine... Intrigas, rusgas, "guerrilhas íntimas" próprias de um confinamento, a espera de algo ainda não dimensionado, e que viria por ampliar o espectro da II Grande guerra.
Na base de Honolulu estão soldados americanos; homens destemidos, sem noção de limites e perigos. Tanto que sargento Warden (Burt) resolve tirar uma lasquinha da senhora Holden,(Débora) furando o olho do seu comandante. E a demais soldadesca se vendo aos pulos com o sadismo implacável do sargento Fatso (Borgnine). Quem nunca sentiu raiva de Ernest Borgnine? Um gênio.
Enquanto isso, os japiinhas preparavam o terrível ataque a Pearl Harbor de dezembro de 41, na tentativa fracassada de aniquilarem a frota naval americana. A trágica resposta veio tempos depois: os cogumelos genocidas de Hiroshima e Nagasakii. Cogumelos que hoje mal serviriam para enfeitar um estrogonofe, caso as feras mal contidas sobre a neve, ultrapassarem a linha tênue que as separa do juízo. O mundo atual está a um passo da eternidade, e alguns não se dão conta.
Bueno... O filme, é de 1953, ou seja, os corpos ainda nem tinham esfriado, e deixou para a eternidade, além do suposto passo, a cena de Burt e Kerr, deitados com seus corpos sendo roçados pelas rendas do Pacífico, para o estarrecimento das tias. É antológica e trespassa os tempos.
No anos 80 rodou uma mini série sobre a obra, com Natalie Wood e Kim Bassinger, para ficar só no que importa, mas nem elas se salvaram.
Se tu não tens um arquivo que possa chamar de "Clássicos inesquecíveis", vai lá e abre. Coloca esta obra ao lado de "O poderoso chefão", "E o vento levou"; "Casablanca", só para ficar nos do pódio.

HOUVE UMA VEZ UM VERÃO




"Summer of '42" é um filme autobiográfico. Conta uma história de encantamento vivida pelo roteirista Herman Raucher e seu amigo Oscar Seltzer, adolescentes em férias. Jennifer O'Neill é Dorothy, linda, jovem, casada, cujo marido prestava serviço na II Guerra. Morava na praia, solitária, extremamente carente, à espera do companheiro, e passa, involuntariamente, a atormentar a imaginação da gurizada.
O filme é lindo, altamente sedutor, narrado pelo próprio Hermy Raucher. É uma história tão intensa e representativa para o prezado Hermy, que ele dedicou a vida inteira na tarefa de "pegar" todas as garotas possíveis de nome Dorothy, e se comunicava com outras tantas que não conseguia pegar. O mais incrível é que muitos e muitos anos depois, uma dessas moças com quem se comunicava à distância, já senhora e avó, identificou-se como sendo "aquela" Dorothy da praia, e lhe pedia perdão por algum eventual trauma. Ora, Dorothy, trauma é repressão de hormônios.
Jennifer está inesquecível nesse papel. Como Dorothy permanece eterna e sempre me atormenta quando vou a praia. Hoje, infelizmente para a classe adolescente, uma história dessas renderia escândalo e prisão por danos morais. Tsc , tsc, tsc. Essa justiça...
E a trilha sonora... A trilha, assinada por Michel Legrand, o mesmo de "Um homem, uma mulher" e "A piscina", entre outras barbaridades inesquecíveis, é das coisas mais maravilhosas já ouvidas, que quando ouço, tenho o corpo tomada pela maresia e sinto os pés sujos de areia.
Quanto a Jennifer, que é nascida no Brasil, mas foi embora ainda criança, "Summer..." foi seu único papel de relevância. No mais, dedicou-se a casar, e o fez bem mais do que eu (nove vezes, sendo com Richard Alan cometeu reincidência específica: casou duas vezes em períodos de três anos cada. Mas continua linda, linda linda de marré deci, aos 76 anos.


CAMILE CLAUDELL






Assisti as duas leituras hollywoodianas de Camile Claudell, a saber, uma escultora francesa genial; uma mulher muito à frente da época em que viveu (1864 a 1943). Foi pupila e amante de outro "monstro" das artes, Auguste Rodin. A história conta, no entanto, que o moço não foi monstro só das artes.
Camile, lutou várias lutas, todas inglórias, flutuando entre a resiliência e a resignação. Primeiro a rejeição da mãe, que queria um filho homem em seu lugar; depois para se firmar em uma profissão proibitiva para mulheres. Lutou para decantar um pouco de amor, na relação abusiva que sofria com o amante; lutou contra a inveja e as manipulações de seu irmão Paul Claudell que acabou por interna-la arbitrariamente em um hospício, onde viveu por 30 anos, até morrer esquizofrênica, pobre e obscura. Sua obra só foi reconhecida mais tarde.
"Camile Claudell", filme de 1987 teve a linda Isabelle Adjani e sua boca enfeitiçada a la Jeanne Moreau, mas com arco-de-cupido bem desenhado, no papel principal. Ela e Gérard Depardieu (Rodin) levam os Oscares de protagonistas. Estão estupendos! Este é um filme que vale a pena ver. Até para se revoltar um pouco.
A segunda versão, já sem Rodin, Camile é representada por Juliette Binoche, e se passa já com ela internada no hospício, vivendo o inferno de sua esquizofrenia paranoide. Não gostei da proposta. .Essa versão só vale para passar colírio nos olhos com a imagem de Binoche, mesmo posando de louca e desarranjada.

SABRINA


Julia Ormond é linda. Um morenaço, com notas de Julliete Binoche, destinada a fazer filmes em que é disputada por irmãos, parentes ou amigos. Ela é a pupila do olho a ser furado.

No remake de "Sabrina", ela tem uma tarefa difícil: precisa reviver o papel de Audrey Hepburn de 1954. O time de veteranos como um todo era pesado. Além da Audrey, Humphrey Bogart e Willian Holden! Mas nós tínhamos Harrison Ford.
A personagem é um patinho feio, filha de um empregado de uma família poderosa, que ousa apaixonar-se por um dos filhos dos patrões. Um playboyzinho à toa. Para livrá-la do sofrimento e do fiasco, papai manda filhinha embora para Paris respirar outros ares.
Mas ninguém vai morar em Paris à toa. Eis que, alguns anos depois, o que volta é uma Sabrina emplumada como um cisne real, Totalmente repaginada.
O playboyzinho, entretanto, está prometido em um casamento conveniente para salvar a família. Para não falar em "braguetaço", digamos que ele não era um noivo, era um arras. O moleque, porém, não consegue recolher o queixo derrubado aos pés da nova Sabrina e quer desistir do negócio. Então entra em campo o irmão mais velho. E como sempre, Indiana Jones resolve as coisas tomando para si as decisões. Só que a nossa Sabrina é irresistível, e o malandro velho acaba descobrindo que também tem queixo de vidro.
As duas versões são ótimas. Na mais antiga, porém, Audrey canta "La vie en rose".

"𝗟𝗘𝗡𝗗𝗔𝗦 𝗗𝗔 𝗣𝗔𝗜𝗫Ã𝗢"



 

É um filme de época, com uma fotografia de tirar o fôlego justamente premiada e um bom elenco. Para o meu gosto, uma das melhores atuações do Brad Pitt (Tristan), e mais uma aula do mestre Anthony Hopkins.

O filme conta a linda, trágica e romântica saga de três irmãos criados pelo pai na dura vida de Montana, que tem origem no início de 1900. A família do coronel William Ludlow (Hopkins) passa por um trauma causado pela primeira grande guerra, depois pela lei seca, também com trauma, e vai até meados dos anos 60.
O Ludlow são irmãos de comportamentos totalmente antagônicas, mas que ao fim, fazem prevalecer o indesmachável laço de sangue.
Julia Ormond, linda como Pix inesperado, é Susannah, noiva do irmão mais jovem e protegido por todos. Mas este é idealista e arrasta os demais irmãos para a guerra, que se alistam com o objetivo de proteger o caçula. Com a morte do noivo na guerra, a solitária foi encantar-se em definitivo pelas melenas selvagens de Tristan. A pobre! Tristan só tinha olhos para o dia seguinte.
Tristan e Suzannah, aos modes do épico Tristão e Isolda, são lendas da paixão que se bifurca entre vida e morte. O filme perpassa um lapso de 60 anos de vida adulta e é sempre digno de ser revisto. Para quem vê mensagens nos enredos, este propícia ao menos uma reflexão: 𝐡á 𝐝𝐨𝐢𝐬 𝐮𝐫𝐬𝐨𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐧𝐨𝐬 𝐡𝐚𝐛𝐢𝐭𝐚𝐦. 𝐂𝐚𝐛𝐞 𝐚 𝐧ó𝐬 𝐞𝐪𝐮𝐚𝐥𝐢𝐳𝐚r𝐦𝐨𝐬 𝐬𝐮𝐚𝐬 𝐯𝐚𝐥ê𝐧𝐜𝐢𝐚𝐬 𝐞 𝐦𝐢𝐭𝐢𝐠𝐚𝐫 𝐩𝐨𝐝𝐞𝐫𝐞𝐬, 𝐜𝐨𝐢𝐬𝐚 𝐪𝐮𝐞 𝐧𝐞𝐦 𝐬𝐞𝐦𝐩𝐫𝐞 𝐜𝐨𝐧𝐬𝐞𝐠𝐮𝐢𝐦𝐨𝐬. É 𝐪𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐮𝐦 𝐝𝐞𝐥𝐞𝐬 𝐚𝐜𝐚𝐛𝐚 𝐧𝐨𝐬 𝐦𝐚𝐭𝐚𝐧𝐝𝐨.
Assisto a esse filme ao menos uma vez por ano.

𝐍𝐀𝐒 𝐏𝐑𝐎𝐅𝐔𝐍𝐃𝐄𝐙𝐀𝐒 𝐃O 𝐌𝐀𝐑 𝐒𝐄𝐌 𝐅𝐈𝐌



Cada vez que assisto a esse filme, e já o fiz várias vezes, muito por 𝐄𝐋𝐀, mas também pelo tema altamente sensível e até recorrente, paro no tempo com tudo e tenho vontade de beber vinho. Ok, isso tenho vontade sempre, mas eu me refiro a tomar um porre, daqueles de miar em guarani. Choca e nos remete a situações reais; a introjetar o drama.
Perder um filho deve ser horrível. Que o Velho não me negue o privilégio de partir antes. E perdê-lo sem saber como e porquê, simplesmente deixar de vê-lo como num passe de mágica não tem, não deve ter explicação.
Sentimento de mãe é algo que eu respeito. Um filho é um pedaço tirado de dentro de si, que tem o cordão cortado, ganha o mundo, mas o vínculo... esse é indestrutível. Perdê-lo deve ser como uma dor fantasma., a mais sofrida delas. Agora imaginem a mistura de sentimentos quando, dez anos depois de uma suposta perda, esse filho reaparece do nada à sua frente? O vulcão adormecido entra em erupção.
"Nas profundezas de um mar sem fim", de 1999, não é apenas um filme, é um tutorial de dor e esperança, com uma atuação maravilhosa de Michelle e de Ryan Merriman, no personagem do filho no retorno. Michelle é a mãe que perde o filho para o nada e a dor dessa perda se realimenta diária e paradoxalmente pela esperança jamais perdida. Ao reencontrá-lo, esses sentimentos transformam-se na paciente reconquista do filho, na sua ressocialização com a família, enquanto tenta também sepultar os efeitos colaterais do trauma
Se ainda não assistiu vai lá. Não perca.

NOSSO AMOR DE ONTEM



A história vivida por Katie Morosky, uma judia ativista pelos direitos humanos e Hubbell Gardiner, um branco, anglo-saxão, protestante (WASP), boa vida, sedutor e talentoso para a escrita, mas do tipo "nem aí" para nada´, é sublime.

"The way we ware" - Como éramos antes (é como foi traduzido) ou com o título que chegou para nós "Nosso amor de ontem" é um dos mais lindos filmes românticos que vi, e sempre tenho vontade de rever..
Rodado em 1973, com Robert Redford (Gardiner) e Barbra Streisand (Morosky) e dirigido por Sydney Pollack, conta a história de duas criaturas de conceituação social opostas, que se conhecem na adolescência, se reencontram quando adultos, se apaixonam e casam, mas não conseguem vencer as suas diferenças.
Num lapso de vinte anos em que se passa a história, há momentos de muito amor e tristezas, sob a sombra sinistra do Macarthismo. O "Caça às bruxas" americano dos anos que sucederam a II Guerra.
Arthur Laurents escreveu o romance e o roteiro, que é um bom bocado do que vi e vivi naquela juventude aloprada dos anos 70.
A música oscarizada tem a voz de travesseiro da Barbra, que a deixa linda quando canta, e eu sempre acho que é para mim.
É uma voz apaixonante que desperta emoções ocasionais e incertas.


FUNNY GIRL



Certa vez jogávamos papo fora sobre cinema e suas vidas paralelas. A pergunta era "se tivesses que escolher um ator ou atriz para conhecer, quem seria teu escolhido?" Pela minha mente passaram todas as musas, carregando meus pensamentos imundos. "Barbra Streisand", falei para a surpresa dos amigos mais antigos, que conheceram a minha coleção de pôsteres do banheiro.

Barbra é fascinante; tem uma beleza inexplicável, fora dos padrões. O que ela deixa transparecer quando canta, fala ou atua é uma coisa única, magnânima,... Uma sedução angelical, para a desgraça do anjo caído. Tudo o que ela se propõe a fazer nas artes, faz bem. Se não, vejamos:
**𝐄𝐦𝐦𝐲: 𝟔 - **𝐆𝐫𝐚𝐦𝐦𝐲: 𝟏𝟓 - **𝐎𝐬𝐜𝐚𝐫: 𝟐 - *𝐓𝐨𝐧𝐲: 𝟏
Está na lista seleta dos artista com a classificação EGOT, que nada mais é que um acrônimo dos prêmios recebidos, mas não é para qualquer um. O dela é honorário.
Há coisa lindas para ver e ouvir com ela. Uma das versões de "Nasce uma estrela", cuja primeira foi em 1937, depois teve outra em 1954. A de Barbra em 1976, e a última recentemente em 2018, com Lady Gaga. Todas são ótimas. "Príncipe das marés", é mais lindo ainda, entre vários outros. Porém, o que me seduz e sobre o qual já falei por aqui é "Nosso amor de ontem". Esse merece ser revisto sempre, porque além de lindo é atemporal e pedagógico. E que música!
Revi recentemente "Funny Girl - uma garota genial", de 1968, o primeiro Oscar de Barbra. É um drama musical biográfico., com foco na vida da comediante Funny Brice, que fazia muito sucesso na Broadway, no século XIX. Barbra também fez a sequência desse filme, "Funny Lady", em 1975, sem o mesmo resultado..
Para a Billboard, uma revista de mais de 100 anos que é a Bíblia da indústria fonográfica, e para mim, Barbra é top. E recém, há uma semana, fez 80 aninhos!

AS PONTES DE MADISON




No rescaldo do grande e dourado colapso gravitacional hollywoodiano, ainda há estrelas ativas entre nós. Por exemplo: Clint Eastwood (91) e Meryl Strep (72).

Clint colou em si o cowboy durão, solitário e sorumbático, criado por Sergio Leone e só muito tempo depois, quando passou a realizar seus próprios filmes é que mostrou o seu real tamanho e ecletismo. Um cineasta completo, atuando em todas as pontas da obra, tendo sido por isso, premiado em todas. É o ator recordista em tempo de atuação. Está há inoxidáveis 60 anos atuando, e desconfio que será sepultado em cena.
Já Meryl é múltipla. Nasceu múltipla, para ser considerada pela academia como a maior atriz de todos os tempos. Porém, quando há muito o que falar sobre alguém, melhor é não falar. Vá que fique faltando algo, então: obrigado, Meryl. Não quer dizer grande coisa, mas vi todos os seus filmes e não sei qual o melhor.
"As pontes de Madison", que reúne esses dois seres mitológicos, é um filme produzido em 1995, ambientado em 1965, terno e comovente, onde duas pessoas maduras, de vidas totalmente diversas, se encontram por acaso e se apaixonam. São 4 dias de amor que duram uma vida, e que só se revelam após a morte da mulher que registrara tudo em seu diário. Por isso a história é contada em flashbacks .
"Parece que tudo que eu fiz na minha vida foi para chegar até você". Uau! Por que eu nunca disse isso? Duas atuações de luxo, onde Clint Produz, dirige e atua, e Meryl arrebenta como sempre, e é oscarizada.
"Baby, Im Yours", na trilha deste filme catapultou a carreira de sua intérprete Barbara Lewis, alcançando mais de um milhão de cópias. Também apareceu nos filmes "The Midnight Hour", "An American Crime" e "Baby Driver".

AS DUAS FACES DE UM CRIME



A época em que assisti a esse filme, no final dos anos 90, gostei muito porque, ressalvados alguns atropelos de roteiro no início, você não tira o olho da tela aguardando o próximo passo , que certamente haverá. Não por óbvio, mas porque, aí sim graças aos encaixes do roteiro, a sequência sugere.


Richard Gere é um advogado famoso que acha feio o que não é espelho. É onde interage com o álter ego. Pega uma causa pro bono, sabe-se lá porquê e ... Bueno, só vendo o que acontece, mas mexe com a carreira de todo mundo. Está no Netflix, justamente classificado no top 10.

Contracena e se confronta com ele, do lado do ministério público, a linda, charmosa e competentíssima Laura Linney. E dando um show de interpretação, Edward Norton, fazendo a sua estreia na constelação hollywoodiana com um papel camaleônico, que lhe rendeu de cara indicação ao Oscar.

A trama começa com o brutal assassinato de um religioso,. O suspeito é óbvio demais, o que nos faz desconfiar de que nada é o que parece. De fato, o suspeito é e não é culpado, , e no fim acaba sendo., assim como há mais joio do que trigo sob o teto da casa de Deus.

Assisti de novo recentemente e continuei gostando, desconsiderando alguns aspectos críticos.

Bom de ouvir "Canção do mar", da Dulce Pontes, na trilha

BUGSY



O hotel Flamingo Las Vegas é um dos mais antigos da cidade que lhe empresta o nome. Foi fundado em 1946 por Benjamin Siegel, um mafioso sanguinário e impiedoso do time do "capo" Lucky Luciano, de Nova Iorque.

Benjamin ou o "Bugsy", apelido que detestava, além das "virtudes" já descritas era um boa pinta narcisista, megalomaníaco e visionário, que foi mandado para o deserto do Nevada, a fim de sair de cena e/ou desenvolver as coisas por lá. Deslumbrado com Hollywood e suas circunstâncias, foi um pouco além: no meio do nada, na periferia erma, criou um monumento; uma exaltação à jogatina. E foi a partir do Flamingo que, segundo consta, Las Vegas tornou-se o que é hoje. No entanto, a construção do hotel criou desconfortos na "família", muito em função dos custos exorbitantes e da "fuga" pelo ladrão dos recursos destinados pela máfia. Ou pela ladra. Bugsy tinha outra paixão, além dele mesmo: Virginia Hill, aspirante a atriz, mas uma raposa das mais felpudas, e que cuidava das contas.
"Bugsy", que conta uma parte da história do mafioso e consequentemente a história de Las Vegas, é um filme de 1991, fartamente premiado, que vale a pena ver. Warren Beatty é coprodutor, e no papel título tem uma das melhores performances de sua carreira. Contracena com Annette Bening (Virginia Hill), em uma relação que rendeu prorrogação e pênaltis. Warren e Annete são casados desde 1992.
Benjamin Siegel foi morto em casa, com cinco tiros, aos 41 anos, em 1947, cujo crime jamais foi desvendado. Sem cerimônias ou pudores, o hotel ainda mantém uma placa na entrada em homenagem aos seu fundador.
Ótima trilha sonora de época

LOS ANGELES - CIDADE PROIBIDA



Ao afundar, "Titanic" levou quase todos os prêmios aos quais foi indicado, faturou milhões e colocou-se entre as melhores obras do cinema de todos os tempos. Deixou, no entanto, à deriva "Los Angeles - Cidade proibida", que passou para a história como um bom filme de 1997, indicado a nove óscares.

"LA...", na verdade é um filmaço que, tivesse sido lançado um ano antes ou uma no depois de Titanic, teria levado para casa boa parte das estatuetas, e não só estaria figurando entre os clássicos de seu gênero.
O enredo conta sobre o submundo glamoroso de Los Angeles, dos anos 50, pós prisão de Mickeiy Cohen, o chefe mafioso do porte de Capone e Luciano, que dava as cartas e jogava de mão por lá. Um submundo que ia da camada pré-sal às Três Marias, conspirando, democraticamente, com todos os gêneros, classes e profissões, temperando com bebidas mal havidas, drogas múltiplas, assassinatos no varejo e no atacado, e prostituição. Neste último quesito, uma forma diabolicamente genial de exploração de mercado: fazer com que as prostitutas de luxo se tornassem parecidas com atrizes de ponta da época, nem que para isso o bisturi fosse chamado. E assim, Kim Bassinger foi ser Verônica Lake para os fetiches de plantão, embora eu concorde com Bud White (Russel): "Ela é muito melhor do que a Verônica". Fetiche é fetiche, mas aposto que até a Verônica queria uma boca igual a da Kim.
As ações são comandadas por três policiais de perfil diferentes. Um com mania de super star (Kevin Spacey), outro brutamontes (Russel Crowe) e um certinho (Guy Pearce), que se enredam, se esbofeteiam, mas só no fim irão descobrir que por mais fora de padrão que sejam, não são o pior da policia.
Cenas memoráveis, enredo excelente, roteiro muito bem encaixado, diálogos ótimos e algumas atuações de luxo. Um filme para sábado, com bebidas bem havidas.

TITANIC



Para entrar nas vidas de Jack Dawson e Rose Bukater, basta que tenhamos assistido a alguma versão de "Romeu e Julieta". Jack (Leonardo Di Caprio) é um Romeu de 1912, sem o respaldo dos seus Montécchio e Rose (Kate Winslet) a sofrida Julieta, acossada pelos seus Capuletto para que se case por conveniência, a fim de garantir o futuro da família.

O mocinho viaja em classe suburbana do magnífico navio, fazendo o que faz de melhor: carpeteia. Quis o destino, entretanto, que o vagal vire herói, ao salvar a mocinha infeliz do suicídio. Óbvio, acabam se apaixonando, mas ao invés de viverem felizes para sempre, a história adaptada, dirigida, co-produzida e co-editada pelo genial James Cameron, dá ao casal o destino shakespeariano: acabam lutando pela própria vida, com amargo fim. Amargo, frio e salgado. "“Nem Deus pode afundar o Titanic”, disse o capitão. Ãrrã!
O filme colocou Kate Winslet à altura de Barbara Stanwyck, a mocinha da outra versão filmada em 1953, quase tão premiada quanto esta. Ambas as versões estão entre os melhores filmes de todos os tempos. A atual é recordista entre indicações e ganhadora de estatuetas. Ganhou 11, das 14, e faturou milhões em bilheteria! O filme mostrou também que Leozinho é um pouco mais do que o gatinho amado pela minha filha. O cara tem sustança.
Rose aparece já idosa em algumas tomadas, mas ao contrário do que muitos pensam, não é a verdadeira Rose. Esta é apenas uma inspiração do autor, ao ler sobre a vida de Beatrice Wood, que esteve no navio e se salvou. É uma história que vale a pena pesquisar. Cameron fez isso e veja no que deu.
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E a trilha sonora... Céline faz um lindo canto de cisne branco. Maravilhosa, e gela as minhas veias cada vez que ouço. Ave, Céline!

MONSTER



Charlize Theron é uma das atrizes mais lindas dos últimos 50 anos de Hollywood. É de uma beleza tão autoafirmada, que deixar os maquiadores esculhambarem a obra divina que o Velho demorou seis longos dias para construir e retocar, não mexe em nada com sua autoestima. Com Charlize fizeram uma barbaridade semelhante a de Virna Lisi, quando conseguiram transforma-la em Catarina de Medici, no premiado " A rainha Margot".
Em "Monster", além da caracterização facial, fizeram-na engordar 14 quilos e colocar dentes postiços, para uma personagem que ganhava a vida como prostituta.
"Monster" conta a história real de Aileen Wuornos, uma prostituta, condenada pelo assassinato de sete clientes nos anos 80. Aileen, antes de ser o monstro forjado pelo destino, fora vítima de abuso na infância, o que deve ter dado origem ao seu desejo de vingança. Prostituiu-se na adolescência e mudou-se para a Flórida. Ao ser novamente brutalizada, matou o primeiro cliente, roubando seus pertences.
Com o tempo, ela que vivia em uma relação homossexual com Tyria Moore (no filme é nominada como Selby Wall, interpretada por Christina Ricci), foi percebendo que era muito mais fácil matar e roubar, sem precisar sacrificar o corpo. Eram, no entanto, crimes rudimentares, sem planejamento e com prazo de validade.
Aileen Wuornos foi condenada com a ajuda do testemunho de sua própria companheira, amargou 12 anos no corredor da morte, sendo executada por injeção letal em 09/10/2002, aos 46 anos.

O filme é muito bom, tem uma trilha sonora de respeito, com muito rock, como "don't stop believin', e a atuação de Charlize lhe rendeu um Oscar.  

"PIAFF - HINO AO AMOR"



Edith Piaff foi criada em um bordel, dormiu na rua, trabalhou em circo; adoeceu quando criança e perdeu temporariamente a visão. Lutou a vida inteira contra doenças, vício em álcool e drogas, e mais uma série interminável de tragédias que pôde armazenar em seus 1,47m de altura.

O filme trata da biografia dolorida, e vem a ser também a trilha sonora da vida dessa mulher que, segundo a pesquisa da BBC Le Plus Grand Français, é a 10.ª maior personalidade francesa de todos os tempos.
Piaff é revivida pela encantadora Marion Cotillard, o que vem a ser uma homenagem ao mito. Não só por linda , o que Edith não era, Marion é uma das melhores atrizes francesas dos últimos tempos, premiadíssima por isso, que dá à eterna diva um sepulcro digno do que foi e que representou à arte.
A propósito, hoje é dia de reunião com as famílias francesas Sauvignon, Malbec, Bordeaux, ou seus próximos. E Piaff para desengasgar.
Imperdível.