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segunda-feira, 14 de outubro de 2024

BUTCH CASSIDY AND SUNDANCE KID




Um elenco que conta com Robert Redford, Paul Newmann e Katharine Ross do lado da turma da zona norte, fica difícil não torcer para os bandidos.

Quem assistiu "Butch Cassidy and Sundance Kid", com os bonitões citados, e aquela mimosa com olhões pedintes de cachorrinho basset, que protagoniza a cena antológica sentada no guidão da bicicleta, enquanto pingos de chuva caíam na cabeça, não se contenta em apenas torcer. É capaz de criar torcida organizada.
É um filme maravilhoso de 1969, justamente premiado, com atuação monstro dos dois galãs, e uma aula de lealdade entre amigos.
É uma obra baseada em fatos reais. Robert LeRoy Parker, o "Butch" é o nome verdadeiro e apelido do líder da quadrilha "Bando do buraco na parede", que viveu entre 1866 e 1908 e é revivido por Newman. Harry Alonzo Longabaugh é "Sundance", um ano mais novo, revivido por Redford. Etta Place é mulher de Sundance e foi desaparecer um ano depois da dupla..
São personagens da história americana. Bandidos, assaltantes de banco e trens, que fugiram para a América do Sul e acabaram morrendo na Bolivia, sob uma chuva de balas de metralhadoras. Eta morre no Chile. Mas essa é só a versão oficial. Pode não ter sido bem assim. Todo mundo sabe que história é briga de versões.
B. J. Thomas gravou "Raindrops Keep Fallin' on My Head" com laringite, por isso a voz meio rouca na versão oscarizada do filme. Os compositores Hal David e Burt Bacharach também arrebanharam Oscar pela trilha sonora por inteiro. É uma viagem aos inquietos anos 70.


AUDREY KATHLEEN RUSTON

 


Tributo a uma deusa

Do livro "Assim como era no princípio" 
Todos anseiam em ficar ou manterem-se ricos. É um desejo justo, e caso os meios utilizados estejam dentro de parâmetros socialmente aceitos e legais, tanto melhor.
Com Holly não era diferente. Sonhava com uma vida confortável: peles, jóias... Iguais as que não cansava de namorar na vitrine da Tiffany’s. Mas Holly não olhava somente a vitrine. Reparava atentamente em quem entrava e saia, principalmente homens, afinal, era a matéria bruta em que utilizava suas ferramentas e lapidava o status que buscava.
Na falta de outras valências competitivas para o mercado, Holly resolveu usar o que Deus lhe dera em abundância: a beleza, e assim se foi à luta catando novos horizontes, operando a profissão feminina mais antiga do mundo: a difícil vida fácil de ganhar a vida deitada.
Holly era uma prostituta, mas se no seu lugar estivesse uma Eckberg, Brigitte ou Marilyn seria moleza. Haveria de ser “tiro dado e o bugio deitado” ou “a cada enxadada uma minhoca”, por ser mais pertinente.  Mas Holly era uma Audrey; um delicadíssimo biscuit, quando muito parecia ser uma graciosa gueixa cosmopolita, com jeitinho de aluna interna do colégio das Irmãs, recém chegada do Plano Alto.
 No filme Breakfastat Tiffany (o título, muito mais adequado, chegou até nós como Bonequinha de Luxo), Audrey Hepburn adota uma visão celestial, sublimada pelos Givenchy feitos com exclusividade para ela. A trilha “Moon River”, composta por Henry Mancini e rabiscos de Johnny Mercerque leva o Oscar de melhor canção original, também foi feita especialmente para Audrey, que numa cena antológica do filme, ela que não cantava nada, canta para a posteridade sentada na janela, arranhando um violão. É um momento épico, que me ocupava as tardes e me tirava noites de sono. (“Aquilo” era namorada para casar e não ter filhos para não ter jamais de dividi-la).
Audrey era uma atriz apaixonante, e em Bonequinha de luxo potencializou-se de luz pela maternidade recente. Havia se tornado mãe três meses antes do início das filmagens. Fez par com  George Peppard, na trama, ocupando o papel do frustrado escritor e bem sucedido gigolô Paul Varjak. Aliás, este rapaz entra na história apenas para embatucar os sonhos de Holly, cujos objetivos eram: fisgar um homem rico e depois tornar-se atriz.  Mas enfim, a mocinha (ou seria bandida?) acabou descobrindo que “dentro de si também morava um coração”.
 Antes de Audrey, a atriz desejada para o papel foi Marilyn Monroe, que recusou porque a personagem era uma prostituta, imaginem. Depois convidaram a outra platinada e linda Kim Novak, que pelas mesmas razões da Marilyn também recusou o papel. Por fim, Audrey, que não tinha culpa no cartório aceitou, imortalizando a personagem. 
 No início de uma época de grandes transformações nos costumes (1961, ano do lançamento do filme), a Holly, da Audrey, estabeleceu um marco de estilo, charme e elegância, virtudes válidas em qualquer situação. Como a de sua fala na cena final, ao ler o bilhete em que leva um “pé” do noivo, que desmarca o casamento: "Uma moça não pode ler esse tipo de coisa sem seu batom”.  Dizem que o tal noivo seria brasileiro, mas eu não me lembro deste fato, portanto não fui eu.
Acho que vi Bonequinha de luxo pela primeira vez quando tinha treze anos, mais espinhas na cara do que vergonha e pilhas de sonhos inviáveis na cabeça. Tenho costume de rever clássicos, mas este há muito não revejo, porque no momento ando perdendo o sono com a senhorita Maria Violante Placido. (Ah, também não sabe quem é? Melhor).
 Pensei na Audrey porque dia desses um dos seus vestidinhos Givenchy foi arrematado pela bagatela de U$1,7 milhão! E por que quero apostar o meu sonho mais caro como o lance vencedor não foi oferecido por alguém do sexo feminino.  Por certo alguém mais viúvo do que eu, e digamos que com uma renda a prova de absurdos.
Que lhe dê como mortalha uma pinacoteca à altura do seu luxo, e que não lhe ocorra jamais cair em tentação de profanar um dos templos do charme da época de ouro do cinema, vestindo-o em desfile particular para algum “bofe”.
Audrey Kathleen Ruston não foi somente o rosto incrível das telas, muito menos a bonequinha frágil que às vezes parecia ser. Foi uma grande mulher. Quando menina, estudava balé na Inglaterra até iniciar a Segunda Guerra. Com medo dos bombardeios, a família mudou-se para a Holanda, que era neutra, mas o velho Adolf não deixaria por menos e invadiu também aquele país, levando os horrores e as privações temidas.   Mais tarde, Audrey, que chegou a alimentar-se de folhas de tulipa para sobreviver, envolveu-se com a Resistência. Participava de espetáculos clandestinos de balé para arrecadar fundos e levar mensagens secretas em suas sapatilhas. Em função dos traumas, anos depois, recusaria o papel de protagonista no filme sobre Anne Frank
Poliglota (falava fluentemente francês, italiano, inglês, neerlandês e espanhol) a partir de 1987 foi ser Embaixatriz da UNICEF em gratidão pelo auxilio que recebeu nos tempos da guerra.
 Minha querida, delicada, inesquecível e singular estrela mudou de constelação em 20 de janeiro de 93, com apenas 64 anos, deixando um vácuo chamado Singularidade, como ensina a Física, que é o coração do buraco negro.  Lá onde o tempo para e o espaço deixa de existir. Entrou em colapso gravitacional, deformando o espaço-tempo hollywoodiano, partindo cedo demais para o lugar conhecido como ponto de não-retorno.

  “Para ter lábios atraentes, diga palavras doces; para ter olhos belos, procure ver o lado bom das pessoas; para ter um corpo esguio, divida sua comida com os famintos; para ter cabelos bonitos, deixe uma criança passar seus dedos por eles pelo menos uma vez por dia; para ter boa postura, caminhe com a certeza de que nunca andará sozinho. Pessoas, muito mais que coisas, devem ser restauradas, revividas, resgatadas e redimidas. Lembre-se que, se alguma vez precisar de uma mão amiga, você a encontrará no final do seu braço. Ao ficarmos mais velhos, descobrimos porque temos duas mãos, uma para ajudar a nós mesmos, a outra para ajudar o próximo. A beleza de uma mulher não está nas roupas que ela veste, nem no corpo que ela carrega, ou na forma como penteia o cabelo. A beleza de uma mulher deve ser vista nos seus olhos, porque esta é a porta para seu coração, o lugar onde o amor reside”.  Audrey Hepburn


2 CORAÇÕES


Jorge Bacardi morreu em 2020. Era um dos diretores, herdeiro da grande indústria de rum caribenho Bacardi, expulsa de Cuba em 1959 pela revolução castrista.,

Jorge também teve, ao longo da vida, severa doença pulmonar, que recebeu uma sobrevida de 10 anos, graças ao transplante de pulmões. fator fundamental para que, ele e sua esposa Leslie, criassem a 𝐆𝐚𝐛𝐫𝐢𝐞𝐥 𝐇𝐨𝐮𝐬𝐞 𝐂𝐚𝐫𝐞, instituição da Flórida que abriga pessoas e familiares de transplantados.
Compondo o cenário, uma família de classe média, que luta para dar educação aos três filhos, tem em Christopher, o mais novo, um expoente social, sedento por vida e ainda poucas responsabilidades, cuja vida se cruza e se prolonga através de Jorge e mais outras 4 pessoas. Jorge é doente e precisa de Cris, que é doente e não sabe.
O filme. 𝟐 𝐂𝐨𝐫𝐚çõ𝐞𝐬 tinha tudo fazer sucesso. Uma história linda, narrada por um espírito jovem e puro, feita com pessoas e fotografias lindas; que sublima o sufixo 𝐃𝐀𝐃𝐄 em suas formas mais sensíveis (𝐇𝐮𝐦𝐚𝐧𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞, 𝐟𝐫𝐚𝐭𝐞𝐫𝐧𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞, 𝐥𝐞𝐚𝐥𝐝𝐚𝐝𝐞, 𝐟𝐢𝐝𝐞𝐥𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞, 𝐚𝐦𝐢𝐳𝐚𝐝𝐞, 𝐬𝐨𝐥𝐢𝐝𝐚𝐫𝐢𝐞𝐝𝐚𝐝𝐞) peca na execução. Um roteiro confuso, com cortes atrapalhados e uma levada de 60% do filme modorrenta e meio piegas, que deslustram um pouco a grande emoção proposta para o final.
A obra vale pela história intrínseca baseada em fatos reais, pela mensagem linda e solidária concretizada pela instituição criada, e porque, enfim, rende algumas fungadas.

domingo, 13 de outubro de 2024

A FAMÍLIA

 



Roberto De Niro fica bem em qualquer papel, mas como mafioso é insuperável.

Dizem que uma vez membro de alguma 𝒇𝒂𝒎𝒊𝒈𝒍𝒊𝒂, sempre 𝒇𝒂𝒎𝒊𝒈𝒍𝒊𝒂.. Não existe ex-mafioso, a comunidade não deixa, produz um defunto e chora no velório. Fred Blake (De Niro) fez o que fizemos por aqui com a Lava Jato: delação premiada, e ele entrou para o programa de proteção à testemunha. Em função disso, foi abrigar-se nos fundões da França com a mulher e os filhos,

Mesmo rodeado dos inóspitos franceses, eles conseguiram, de início, levar as coisas na boa. Porém, contrariedades trazem gosto de sangue para quem resolve as coisas da forma como resolvem os mafiosos e seus anexos consanguíneos. Concomitantemente, suas antigas relações das trevas sociais os localizam e aí o bicho pega. E passam a dar trabalho também para o agente do FBI Stansfield (Tommy Lee Jones) responsável pela condicional.

Maggie Blake, a matriarca mafiosa é ELA, sobre quem não estou falando nada, porque resolvi dar um descanso aos adjetivos. Porém, cada vez que ela interpreta uma vilã, me faz torcer ardentemente para o mal.

"A Família" é um bom filme para um sábado qualquer. Uma sátira inteligente, humor acidíssimo e cheio de ações e reações

GILDA


Hollywoodianos costumavam definir a senhorita Margarita Carmen Cansino, que atormentava os nossos sonhos sendo Rita Hayworth, como a atriz mais bonita da fase de ouro do cinema. Por mim, ela e outras do mesmo naipe estavam acima dessas medidas triviais. Enfim... Plástica e talento à parte, Rita era também dançarina de flamenco, o que por si só já provoca um tipo selvagem de sedução.

"Gilda", de 1946,dirigido por Charles Vidor, um dos tantos em que a diva tortura Glenn Ford, é icônico. Rita está tão "mortal" nesse filme que teve o nome de sua personagem colocado em uma bomba atômica, dado por cientistas americanos no Atol de Bikini, na famigerada e catastrófica Operação Crossroads. Gilda é um clássico que sempre vale a pena rever, seja pela interpretação da diva, seja para ficar com pena do Glenn. E para render-se à verdade brutal do quanto a beleza pode produzir dor. Dói à proporção de nossa impossibilidade de possuí-la.
Rita tinha um rosto perfeito. Olhos fatais, por vezes fora de eixo, que produziam um olharzinho meio São Leopoldo - Novo Hamburgo. "A maioria dos homens se apaixona por Gilda, mas acorda comigo". Disse ela, cinco casamentos depois!
O vídeo, com "Can't take my eyes of you" (não consigo tirar meus olhos de você - óbvio), uma trilha dançante, mostra momentos em que o Verbo se faz carne e enfeitiça, e a inércia se vulcaniza, Quem nunca abriu ou fechou um baile resmungando "I love you, baby..."?
Até Michelle sabe que "nunca houve uma mulher como Gilda"...

AS BRUXAS DE EASTWICK



Nunca deixe uma mulher entediada. É uma regra que todo homem deve aprender. Quanto a praticar... Caso não queira se incomodar, não só pratique como esteja sempre em constante aprendizado. Ou vai perceber, mais cedo ou mais tarde, que a oficina do diabo é jardim de infância.

Agora imagem três mulheres lindas, ou melhor, lindíssimas, porém solitárias, carentes e entediadas, morando em uma cidade pouco maior que a Barra do Quaraí, cujas alternativas disponíveis eram jogar cartas e conversa fora. A pauta dos assuntos, via de regra, era o sexo masculino.
Às falas tantas de uma noite daquelas, resolveram idealizar o seu próprio Frankenstein, ou seja, imaginaram um homem ideal, que atendesse a todos os seus anseios. Pra quê! Alguém, em algum canto obscuro estava atento e pronto para o delivery. Pediu levou, mas não exatamente o encomendado. Há que se ter muito cuidado com esses pedidos no escuro. A "encomenda", apesar da embalagem perfeita, era o próprio anjo caído que desceu (ou subiu) para atazanar a vida das lindas. O "bagacera" passou o rodo geral, mas entre o prazer e a queixa... "A gente se queixa depois", devem ter pensado elas. E dê-lhe "quatrisal".
"Quem é você?", pergunta Alexandra. "Eu sou quem você quiser que eu seja", responde o lasqueado, que atendia pelo nome de Daryl Von Horne. (Horne? E as gurias nem desconfiaram!).
Em uma cidade pequena, maus comportamentos vão direto para a boca do sapo, e as gurias ficaram muito mal faladas. O prazer, quando custoso, também se esgota, então, resolveram devolver a entidade às trevas. Bora para o vodu, se não resolver, pólvora resolve. Devem ter devolvido, mas aqui ó, que ele iria embora sem deixar as digitais. Ficaram três lindos bebês para resolver as próximas noites de tédio.
"As Bruxas de Eastwick" é um filme maravilhoso, que vale a pena rever, até para nos lembrarmos de ter cuidado com o que desejamos. Um elenco bárbaro: Jack Nicholson, Cher, Suzan Sarandon e ELA. Diálogos inteligentes e roteiraço.

AMARGO REGRESSO



Jon Voight é, ou foi, um grande ator. Mas em determinado momento foi ofuscado pelo bocão-peitão-olhão da filha, e parece ter se contentado em apenas ser rico.

Sempre que penso em falar sobre "O amargo regresso" eu me desencorajo. Dos roteiristas da trama, às atuações de luxo, de Voight e da eterna Jane "Barbarella" Fonda. Jane foi a grande influenciadora, tendo bancado parte do filme, por tratar-se de uma demanda afeita aos seus interesses. "Hanoi" Jane, como foi apelidada pelo americanismo fundamentalista, era uma ativista pela paz, e à época estava casada com Tom Hayden, um político democrata antiguerra e brigador pelos direitos civis.
E também dá para falar só sobre a trilha sonora, mas aí precisaria dois dias de texto. Pela seleção de peso: Beatles, Rolling Stones, Bufallo Springfield, Jeferson Airplane, Bob Dylan, Jimmy Hendryx , Aretha Franklin e outros, a produção deixa clara o seu pensamento sobre a guerra do Vietnam, e o quanto a vida é linda quando se canta "Help" and "Ticket to Ride", "Oh, Lady Jane" and "Yesterday", e, súbito, passa a ouvir a mesma nota Ratá-tá-tá/ tá-tá... Ratá-tá-tá/ tá-tá. Então... Caso você seja veterano da guerra da vida, pode morder os beiços trêmulos por dois motivos: vendo o filme ou apenas ouvindo a majestosa trilha.
Luke (Jon) é um sargento que em 68 volta do Vietnã, paraplégico. No hospital conhece a enfermeira Sally (Jane), por quem se apaixona, é correspondido e passam a viver bons momentos juntos. Porém, Sally é casada com o oficial Bob (Bruce Dern), do exército americano , que permanece no campo de batalha levando um "couro" dos vietcongues.
Quando Bob volta para casa, muito a fim de assumir sua posição civil, vê-se enfiado em outra guerra, tendo Sally na linha de tiro.
É um filme cruel, porque de alguma forma mostra os agrupamentos humanos divididos em quem somos e o que poderíamos ser.
Vale muito a pena ver. Ou apenas ouvir.

ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE



“As pessoas me dizem: 'ela tem tudo!'. Eu respondo: 'eu não tenho o amanhã.” Elizabeth Taylor

"Ter ou não ter, eis a questão", também poderia ter reflexionado Hamlet. Sim, Liz teve tudo. Uma beleza extraordinária, uma carreira invejável, todos os maridos que quis ter, inclusive o mesmo duas vezes. e diamantes, muitos diamantes. E foi feliz e solidária em seus últimos anos. Quanto ao amanhã que dizia não ter, apenas o verbo é outro, é o do Hamlet. Mitos sempre "serão" o amanhã.

"Assim Caminha a Humanidade" é o filme. Liz divide a cena do Texas com Rock Hudson e o meteórico James Dean, em sua última aparição em tela. Morreu antes de ver o filme concluído.

Tudo gira em torno de uma família texana, comandada por Bick (Hudson), de um humilde lindeiro e serviçal Jett (Dean), e da esposa Leslie (Taylor). A história é fantástica, recheada de sentimentos adversos de amor e ódio. Preconceitos tratados de forma real e crua, com fotografia, figurino e uma baita trilha sonora. Jett, além de todos os homens que apreciam cerveja, apaixona-se pela Leslie, mas ao contrario de mim, que me contentava em olhar, partiu para a ignorância. Não levou.

Acabou herdando um pedaço de terra da falecida e venenosa irmã de Bick e enriqueceu explorando petróleo. E em se tornando rico, houve por bem novamente tentar furar os olhos do marido afortunado. De novo não levou. Então, ele que já “bebia todas”, foi domiciliar-se em definitivo na garrafa.

Nesse filme o olhar da Liz estava uma estupidez. Talvez porque o início da produção tenha ocorrido pouco depois dela ter se tornado mãe pela primeira vez e a maternidade tenha conseguido dar ainda mais luminosidade à luz; o céu tenha perdido para sempre as nuvens, e Atlântico e Pacífico tenham se dessalinizado e sublimado nas tonalidades de azul, violeta e verde. E que me perdoe a finada pelas modestíssimas comparações.

Assim caminha a humanidade, com passo de formiga e sem vontade, como diz o outro.

𝑺𝑯𝑨𝑹𝑷𝑬𝑹 - 𝑼𝑴𝑨 𝑽𝑰𝑫𝑨 𝑫𝑬 𝑻𝑹𝑨𝑷𝑨Ç𝑨𝑺


 
Há uma sentença atribuída a Edgar Allan Poe que é a seguinte: 𝙉ã𝙤 𝙖𝙘𝙧𝙚𝙙𝙞𝙩𝙚 𝙚𝙢 𝙣𝙖𝙙𝙖 𝙙𝙤 𝙦𝙪𝙚 𝙫𝙤𝙘ê 𝙤𝙪𝙫𝙚 𝙚 𝙚𝙢 𝙢𝙚𝙩𝙖𝙙𝙚 𝙙𝙤 𝙦𝙪𝙚 𝙫𝙤𝙘ê 𝙫ê. Pois "Sharper..." dá sentido a essa frase. O filme traz a maravilhosa Julianne Moore no comando da matilha, o romeno Sebastian Stan em um papel desenhado para ele, acompanhados por uma periferia competente.

O título meio que sugere uma comédia, mas não é. É um roteiro tenso, muito bem amarrado, que vence as dificuldades de transição de vida dos personagens com quadros biográficos. Há mistérios e viradas do início ao fim. Inicia com um prelúdio fofo/social entre o pobre e a mais pobre, mas não é nada disso, ou não é bem isso, ou, sei lá, talvez seja. Ou não, como diria o Caetano.

As mensagens nada subliminares do filme nos dizem em primeiro lugar, e a mais velha delas, que não há crime perfeito; que segredos que envolvem posses, sejam elas materiais, sejam afetivas, não se sustentam, porque acabando cedendo à ambição pelo controle. E que cachorro comedor de ovelha., só matando, como se diz nas casas.

Enfim, não há como falar muito sobre esse filme sem deixar rastros que acabariam estragando as surpresas que são muitas. Portanto, me reservo a apenas indicá-lo.

O filme é novo e bom. 

sábado, 12 de outubro de 2024

O PODEROSO CHEFÃO

 


Francis Ford Coppola era um novato quando assumiu a bronca de levar à tela o livro de Mario Puzzo. Novato e com algumas convicções que contrariavam os produtores, tipo: não queriam saber do encrenqueiro Marlon Brando (que imortalizou Don Vito Corleone), muito menos do desconhecido Al Pacino, o filho que substituiria o pai no comando da família. Testaram muita gente, mas acabou prevalecendo a vontade do diretor e o resultado foi o que todo mundo viu.

Já Coppola não queria que a trilogia fosse chamada de trilogia, Para ele eram dois filmes lincados, e mais um para encerrar. Mas nessa ele perdeu e "O Poderoso Chefão" tornou-se a maior trilogia da história, para ser guardada na memória eterna de quem gosta de cinema. Arrebanhou prêmios e mais prêmios, inclusive o de melhor ator para Marlon que, por não gostar de Hollywood, esnobou a estatueta.
A coisa se resolveria nos dois primeiros, mas ainda que o terceiro não tenha o apelo mafioso e tenso dos outros é também muito bem feito.
Há muito o que falar sobre a trilogia. Curiosidades, cenas e frases antológicas. São quase nove horas de filme somando tudo, ou seja, três garrafas de vinho e meio quilo de pipoca.
A trilha sonora também premiada, contou com a assinatura do pai do Francis, o maestro Carmine Coppola, junto com Nino Rota. De todas as músicas que enfeitam os filmes, a melhor delas, na minha visão, é essa do Rota: "Speak softly, love". Linda, comovente e um pouco dolorida, na voz inesquecível do Andy Williams. Essa música é a cara do filme




A SOMBRA DE UM GIGANTE


David Daniel “Mickey Marcus” foi o que se pode chamar de herói de duas pátrias. Americano pobre de origem judia, por sua inteligência superior e coragem, foi um dos gênios militares americanos que definiu estratégias fundamentais para a vitória dos aliados na Segunda Guerra. Depois disso, também tornou-se herói judeu, quando voluntariamente, e contra a vontade de seus superiores e de sua família, dedicou-se a libertar o povo de seus pais durante a guerra árabe/israelita. Desafortunadamente, foi morto por engano pelo fogo amigo aos 47 anos. Ben-Gurion assim definiu o "gigante": "Ele era o melhor homem que tínhamos".

Em sua lápide em West Point diz: " David Marcus - um soldado para toda a humanidade".
A biografia do coronel Mickey Marcus é algo de extraordinário, como extraordinário foi o filme realizado em 1966, dirigido por Melville Shavelson, que conta um pouco de sua passagem, e que recebeu o título à altura do seu mote: “A SOMBRA DE UM GIGANTE”.
O filme conta com Kirk Douglas, Frank Sinatra, Yul Brynner, o machão John Wayne (que na vida real tinha o nome de Marion, imaginem!), a charmosa Angie Dickinson e a maravilhosa, divina, dona de uma das bocas mais sensuais de Hollywood, a austríaca Senta Berger. Ao conhecer a ativista Magda (Berger), o coronel percebeu que é mais fácil enfrentar bombas e ogivas, uma vez que isso depende de um cérebro treinado para desenvolver estratégias e táticas militares. Já quando depende do coração...
Imperdível! Vejam e o filme e procurem a biografia de “Michael Stone” (nome camuflado do Marcus quando chegou a Palestina em 1948)

TOP GUN


Em solidariedade à Kelly McGillis pensei em não assistir o revival de "Top gun", mas enfim, não resisti. Paradoxos temporais são sedutores demais.

E é o que o novo filme é: um paradoxo temporal, com direito a ajustes de rota do protagonista, e uma homenagem ao Val Kilmer (Ice), que luta contra o câncer na garganta, referido no filme. E atende ao desejo do então tenente Mitchell (Maverick), que ao final do primeiro filme, por seu feitos podendo escolher o que fazer, disse que queria ser instrutor de voo. E me deu vontade também de ter 30 anos de novo.
"Top gun 2" é, como o primeiro, um filme para ver sábado à tarde, com chimarrão e pipoca. Um enredo levezinho; uma disputa de beleza entre marmanjos, para ver quem é o bambambã, Se no primeiro tínhamos como enfeite o olhão, bocão e cabelão da Kelly e uma trilha sonora fantástica, neste segundo temos o olhar celestial e extremamente sedutor da Jennifer Connelly, mas na trilha sonora, nada igual a "Take my Breath Away".
"Top gun - Maverick", como seu antecessor, é uma espécie de vídeo game daqueles antigos, de caçar aviãozinho inimigo, tipo River Raid, da Atari. Mostra que o tempo não abalou fisicamente o baixinho Cruise, que desta vez deve ter descartado o sapato de salto que usou para ficar à altura da Kelly (ela é 10cm mais alta que ele).
De resto, é um resgate midiático, e para contemplar o desejo de quem lá nos anos 80 se deixou embalar pela música, pelos aviõezinhos ziguezagueando e pelo avião loiro que sumiu, pouco tempo depois. Enfim, mais mídia do que filme.

𝗪𝗜𝗭𝗔𝗥𝗗 𝗢𝗙 .𝗟𝗜𝗘𝗦 (O mago das mentiras)


𝗕𝗲𝗿𝗻𝗮𝗿𝗱 𝗟𝗮𝘄𝗿𝗲𝗻𝗰𝗲 𝗠𝗮𝗱𝗼𝗳𝗳 foi um gênio. Do mal, mas um gênio. Segundo Wall Street Journal é dele a maior fraude imposta ao sistema financeiro americano, com respingos em várias partes do mundo. Algo em torno de U$65bilhóes.

"Bernie", que teve uma infância pobre, agindo praticamente sozinho deu as cartas e jogou de mão na mais poderosa bolsa de valores mundial, sendo por muito tempo diretor das NASD (impulsionadora da NASDAQ). Nem a família conhecia seus métodos.
Da família apenas a esposa Ruth ainda vive. Mark, filho mais velho suicidou-se em 2010 e Andrew faleceu de câncer em 2014. Bernie morreu na cadeia em 2021, aos 82 anos de causas naturais, para onde foi em 2009, condenado a 150 anos de reclusão. Mas mesmo preso, continuou fazendo negociatas. .
O filme "O mago das mentiras", com 𝗥𝗼𝗯𝗲𝗿𝘁 𝗗𝗲 𝗡𝗶𝗿𝗼 dando um show como protagonista é uma sinopse da vida de Bernie. Outro destaque é Hank Azaria, que se notabilizou por ser a voz dos Simpsons. Hank é Frank DiPascali Jr, braço direito e esquerdo de Bernie, e úncio a saber de tudo,. Acima desses, o filme mostra aquela cuja definição não encontro, nem nas entranhas mais profundas e poéticas da última flor do Lácio, inculta e bela para definir:. 𝗠𝗶𝗰𝗵𝗲𝗹𝗹𝗲 𝗣𝗳𝗲𝗶𝗳𝗳𝗲𝗿 , como dona Ruth Madoff é pouco mais que um papel de parede no filme. Porém um ´papel de parede que deveria estar no Louvre, ao lado da Jangada da Medusa e da Mona Lisa. Isso para ser bem modesto e poder encaixá-la entre os mortais.
A trilha sonora também é legal, com um toque de "Sweet Caroline". Coincidentemente, em Carolina do Norte fica a penitenciária onde o mago morreu.
Um filme necessário, que revi e recomendo

A SNIPER RUSSA


𝐋𝐲𝐮𝐝𝐦𝐢𝐥𝐚 𝐌𝐢𝐤𝐡𝐚𝐢𝐥𝐨𝐯𝐧𝐚 𝐏𝐚𝐯𝐥𝐢𝐜𝐡𝐞𝐧𝐤𝐨 foi uma sniper soviética, que durante a segunda grande guerra, conforme estatísticas, teria abatido perto de meio milhão de nazistas. Era de tal forma letal, chamada de "𝐀 𝐝𝐚𝐦𝐚 𝐝𝐚 𝐦𝐨𝐫𝐭𝐞", que o III Reich deu ordens expressas para eliminá-la. Porém, parte do resultado dessas ordens acabaram na estatística citada acima.

Pavlichenko juntou-se ao exército ainda quando estudante, aos 24 anos, conquistando espaço entre o homerio por suas habilidades. Foi tão aclamada entre os Aliados, que se tornou a primeira mulher russa a se hospedar na Casa Branca. Além disso, conquistou a amizade e a admiração de uma das mulheres mais poderosas do ocidente, à época, a primeira dama dos EUA Eleanor Roosevelt.
Pavlachenko era ucraniana, nascida aos arredores de Kiev, mas foi honrada e tornada heroína russa. Descansa desde de 1974, no Cemitério Novodevichy em Moscou. Que Putin e Zelensky não briguem também por esse espólio.
"A sniper russa", ou "A Batalha de Sevastopol" é um filme de 2015, que conta pedaços da vida dessa heroína. É intenso, duro e cruel, mas é a guerra, e vista pelas trincheiras geladas da Rússia. Portanto, não espere a emoção que encontraria em uma versão latina. O desempenho da linda e talentosa protagonista 𝐘𝐮𝐥𝐢𝐚 𝐏𝐞𝐫𝐞𝐬𝐢𝐥𝐝, porém, é magistral, convence e comove.
Para quem gosta de filmes baseados em personagens reais da nossa trágica história, e não for muito exigente quanto aos aspectos técnicos, recomendo.

BLONDE



É uma revisita sobre a vida de Marilyn Monroe. É um obra de ficção, baseada em fatos reais, o que por se tratar da vida de um dos maiores símbolos da era dourada de Hollywood, e tão dramática quanto controvertida, há que se ter extremo cuidado em dividir informações e criações. E o enredo se enreda e o roteiro se perde e a direção vai junto. Há bons momentos no filme, que por vezes são abruptamente atrapalhados por cortes inoportunos, uns para provocar mais tensão, outros para sugerir fatos ou ilações.
Li muitas coisas e assisti outras tantas sobre a sinistra, muito mal explicada, e sobretudo conveniente morte dela. Marilyn nunca se curou dos traumas da pequena Norma Jeane e ao fim de uma carreira curtíssima (morreu aos 36 anos) era pouco mais que um frágil pedaço de carne lindo, com dotes de boneca inflável a serviços da indústria hollywoodiana e do machismo da época.
"Blonde" é baseado no livro de Joyce Carol Oatesno, e eu confesso que não gostei. Entretanto, a atuação de Ana de Armas está impecável. Deve ter sido seu melhor trabalho.
Caso alguém se interesse, de fato, em chegar mais perto da história da platinada, recorra ao majestoso trabalho do jornalista Anthony Summers. feito em 1982, quando o caso foi reaberto. Esse trabalho resultou em um documentário minucioso que a Netflix também mostra, que eu também assisti e gostei, como devo ter dito por aqui tempos atrás.