Havia um pé
de limão alquebrado no nosso quintal. Por vezes produzia, por vezes não. Estava
lá, porque estava. Junto dele vivia um pé de acerola, cuja produção eu jamais tinha
visto. Tinha uma copa bonita e bem fechada, mas não frutificava. O pé de limão acabou pegando uma peste. Foi
definhando, definhando e morreu. Deu pena cortá-lo, mas quando decidimos pelo sacrifício,
seu aspecto era lastimável, digno das piores caatingas.
Tempos depois, a outra arvorezinha ficou coberta de vermelho. Vergada pelo peso
das frutas, e o chão já pintado das maduras que despencavam. A acerola
resolvera dar as caras e mostrar ao mundo a que veio. E frutificou uma vez,
duas e vai à terceira produção por temporada. Há anos é assim.
Pois então.
Ambos, acerola e limão são frutas fantásticas. São remédios naturais e dispostas
para múltiplos usos. Mas no caso desse casal, limão e acerola, especificamente,
parece que houve incompatibilidade de gênios. O limão até produzia, mas não era
lá essas coisas, até adoecer e morrer; a acerola jamais produzia, meio que
contrariada, talvez sufocada por vizinhança
tão azeda. Ela, acerola, que também não é santa neste quesito. Quem sabe tenha sido isso: o azedume mútuo talvez tenha estragado a convivência.
Pois foi um
dos cônjuges morrer para a outra mostrar todo seu viço e potencial. Agora vamos
traduzir e eu não falo mais nada, porque afinal, os exemplos andam por ai às
mancheias.
Mas é bom
pensar a respeito. Vá que não necessite de óbito.